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Minerva assume unidades de bovinos da BRF

Informação confirmada em Fato Relevante foi antecipada pelo blog Primeiro Lugar, de EXAME.com


	Gado da Minerva em uma fazenda em Barretos: operação incluirá a transferência de 15,2 por cento das ações da empresa
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Gado da Minerva em uma fazenda em Barretos: operação incluirá a transferência de 15,2 por cento das ações da empresa (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 1 de novembro de 2013 às 20h32.

SÃO PAULO - A Minerva Foods assumirá duas unidades de abate de bovinos da BRF em Mato Grosso, em operação que incluirá a transferência de 15,2 por cento das ações da empresa para a BRF, cujo foco é alimento processado, carne de frango e suínos.

Com o negócio, a Minerva --terceira em produção de carne bovina no Brasil e segunda na exportação do produto do país-- deverá agregar um faturamento líquido anual de pelo menos 1,2 bilhão de reais (total faturado pela unidade de bovinos da BRF em 2012).

"Vai crescer pelo menos isso no faturamento, acreditamos que sim", disse o presidente da companhia, Fernando Galletti Queiroz, em entrevista a jornalistas.

O faturamento da unidade de bovinos da BRF em 2012 representou o equivalente a 27,4 por cento das receitas totais da Minerva no ano passado.

A Reuters obteve informação sobre o negócio mais cedo, por meio de uma fonte a par do acordo. Com a notícia, publicada também em outros meios de comunicação, as ações da Minerva fecharam em alta de 4,2 por cento, enquanto os papéis da BRF terminaram em queda de 0,9 por cento.

O acordo também encerra um ciclo de fusões e aquisições da Minerva no Brasil, acrescentou o executivo. Mas abre as portas para novos acordos da companhia com a BRF, a maior exportadora de carne de frango do mundo, e uma das maiores do setor de alimentos do país.

"Vamos poder nos conhecer cada vez melhor, não temos nenhum projeto, mas dentro do espírito desse 'deal' (negócio), ele vai abrir portas, e vamos ver todas as áreas que possamos ter sinergias para atuar juntos", declarou.

Pelo acordo, a Minerva vai fornecer carne bovina para as operações de processados da BRF.

Já a BRF ressaltou ainda que, com a transação, faz um ajuste em seu modelo de atuação no mercado de bovinos. "Sem sair do negócio, desverticaliza a cadeia, deixando a gestão do abate aos cuidados de uma empresa especialista --a Minerva--, ao mesmo tempo em que reforça sua presença nos segmentos de food service e alimentos processados de carne bovina."


Em conferência nesta semana para comentar os resultados trimestrais da companhia, o presidente do Conselho de Administração da BRF, Abilio Diniz, havia dito que a estratégia da companhia é deixar o foco em commodities e voltar-se para clientes e consumidores.

"Este negócio permite liberar o capital empregado tanto fixo como de giro dentro da estratégia de concentrar recursos e esforços em atividades ligadas à marca, distribuição e desenvolvimento de mercados", afirmou o vice-presidente de Finanças, Administração e Relações com Investidores da BRF Leopoldo Saboya, em nota.

Segundo ele, o acordo permitirá à BRF a redução de aproximadamente 170 milhões de reais em ativos biológicos (boi vivo) em até 10 meses. "Tais ativos não fazem parte desta operação e serão vendidos a mercado", destacou.

A Minerva, por sua vez, passará a operar em um Estado que tem o maior rebanho bovino do país.

O Acordo

As duas plantas da BRF, de Várzea Grande e Mirassol, com capacidade para abater 2.600 cabeças de gado por dia, integrarão a divisão de bovinos Newco, subsidiária integral da Minerva.

Em troca, a BRF passará a deter 29 milhões de ações de nova emissão da Minerva, representando na data do fechamento da operação um percentual equivalente a 16,8 por cento do capital social total e votante, e que chegará a 15,2 por cento quando da conversão integral até 2015 de debêntures mandatoriamente conversíveis emitidas pela companhia de bovinos, segundo o comunicado.

A operação está sujeita à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), mas o executivo da Minerva não acredita que ela possa enfrentar problemas com o órgão antitruste, já que a empresa não tem operações em Mato Grosso.

Com o negócio, a companhia terá capacidade para abater 14 mil cabeças/dia, devendo ficar com cerca de 7 por cento do abate de bovinos do país, segundo o executivo.

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