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Mineradoras precisam compensar sociedade, diz CEO da Vale

Eduardo Bartolomeo comentou que rompimentos de barragens que impactaram a companhia e suas comunidades trouxeram lições que ajudaram a definir padrões mais rígidos de governança

Vale: "Nós temos que compensar a sociedade, nós somos uma mineradora, nós extraímos recursos naturais" (Washington Alves/Reuters)

Vale: "Nós temos que compensar a sociedade, nós somos uma mineradora, nós extraímos recursos naturais" (Washington Alves/Reuters)

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Reuters

Publicado em 6 de outubro de 2021 às 11h38.

Como mineradora, que extrai recursos naturais, a Vale precisa compensar e dividir valor com a sociedade para ser aceita, e tem avançado em iniciativas ambientais e sociais nessa direção, disse o CEO Eduardo Bartolomeo.

Ao Reuters Impact, evento que discute ações corporativas para combater mudanças climáticas, o presidente da Vale também comentou que rompimentos de barragens que impactaram a companhia e suas comunidades trouxeram lições que ajudaram a definir padrões mais rígidos de governança.

Para ele, as mudanças climáticas são o grande desafio global de longo prazo, e a mineradora tem colocado "recursos, esforços e mentes" em prol de reduzir suas emissões, até que sejam zeradas em 2050.

"Nós temos que compensar a sociedade, nós somos uma mineradora, nós extraímos recursos naturais", disse Bartolomeo.

"Nós apenas vamos ser aceitos se nós dividirmos valor com a sociedade, desde o ponto em que estamos tocando, o território que ocupamos, até sociedade como um todo."

A mineradora prevê investir de 4 bilhões a 6 bilhões de dólares para reduzir emissões até 2030. Dentre suas metas, está a redução neste prazo de 33% de suas emissões de carbono diretas e indiretas, denominadas escopo 1 e 2, em uma iniciativa que visa fazer frente ao Acordo de Paris.

Já as emissões de escopo 3, relacionadas à cadeia produtiva, a companhia planeja reduzir em 15% até 2035.

"Nós costumamos chamar a mineração de indústria das indústrias. É a base de tudo. Tudo que você toca, sente, tem a mineração por trás. Nós somos responsáveis por 4% a 6% de todas as emissões globais, mas quando você inclui escopo 3, estamos falando de 13% a 15%", ressaltou.

Bartolomeo pontuou que uma das medidas que buscam garantir que as metas sejam atendidas foi a associação da remuneração variável dos administradores com objetivos relacionados com saúde, segurança e sustentabilidade.

"Tenho 20% da minha remuneração de longo prazo associada com metas ESG (sigla em inglês para governança ambiental, social e corporativa)", frisou, destacando que o tema também está associado à remuneração de curto prazo.

APRENDIZADOS E OPORTUNIDADES

O rompimento de barragens da Vale e da Samarco (joint venture da mineradora com o grupo anglo-australiano BHP), nos últimos anos, resultou em uma série de aprimoramentos no campo da segurança e de relacionamento com a sociedade, destacou Bartolomeo.

"Eu acho que todos acordaram. Os incidentes, as tragédias, infelizmente, levaram a gente para abrir nossas mentes. É uma força por trás de tudo que fazemos aqui na Vale e também é um impulsionador na indústria", afirmou.

Após o rompimento da barragem em Brumadinho (MG), em 2019, que deixou 270 mortos, além de atingir rios, florestas e comunidades, a Vale acrescentou dois novos pilares estratégicos: segurança e excelência operacional e novo pacto com a sociedade.

No segundo, a empresa busca impactar positivamente a sociedade, indo além de impostos, projetos sociais e reparação em Brumadinho.

Do lado das questões climáticas, Bartolomeo ressaltou que a agenda de redução de emissões não é uma ameaça aos negócios e sim uma oportunidade. Segundo ele, 80% dos 40 projetos para escopo 1 e 2 têm valor presente líquido (VLP) positivo.

O executivo citou ainda anúncio recente da companhia de um novo produto que poderá reduzir em até 10% a emissão de gases do efeito estufa (GEE) na produção de aço de seus clientes siderúrgicos.

O "briquete verde" da Vale, que estará em produção em 2023, é formado por minério de ferro e uma solução tecnológica de aglomerantes, que inclui em sua composição areia proveniente do tratamento de rejeitos de mineração, e é capaz de resistir à temperatura elevada do alto-forno.

"Isso é a nova pelota, mas uma nova pelota com 80% menos de pegada de carbono", afirmou, destacando que foi uma inovação tecnológica desenvolvida por muitos anos e que irá demandar investimentos importantes com retornos financeiros e ambientais positivos.

A estimativa é de que, no longo prazo, a companhia tenha capacidade para produzir acima de 50 milhões de toneladas por ano de “briquete verde”, com maior geração de valor agregado, além dos ganhos ambientais.

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