Negócios

Milionário se diz arrependido por esquema de propinas

Alejandro Burzaco escolheu pagar subornos e propinas a “várias” autoridades do futebol e, agora, diz que estava errado


	Futebol: Burzaco, que se tornou CEO da Torneos em outubro de 2006, disse que seus pagamentos ilícitos continuaram até 2015. Ele concordou em devolver US$ 21,6 milhões
 (Melinda Nagy/Dreamstime.com)

Futebol: Burzaco, que se tornou CEO da Torneos em outubro de 2006, disse que seus pagamentos ilícitos continuaram até 2015. Ele concordou em devolver US$ 21,6 milhões (Melinda Nagy/Dreamstime.com)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de abril de 2016 às 20h19.

Quando o ex-funcionário do Citigroup, Alejandro Burzaco, comprou uma participação minoritária em uma empresa de marketing esportivo argentina, em 2005, ele soube que sua nova firma vinha subornando autoridades do futebol por anos, segundo registros judiciais divulgados na segunda-feira.

Em vez de deixar a Torneos y Competencias, Burzaco escolheu pagar subornos e propinas a “várias” autoridades do futebol pelos direitos de marketing aos torneios, disse ele a um juiz dos EUA em Nova York, em novembro passado.

A transcrição da confissão de culpa de Burzaco, feita em um tribunal fechado ao público, foi divulgada na segunda-feira a pedido da Bloomberg News.

“Eu fui informado de que o acordo estava em vigor havia algum tempo”, disse Burzaco. “Eu sei que deveria ter ido embora naquele momento, mas em vez disso eu concordei em trabalhar para a Torneos e concordei em ter um papel ativo nos esquemas de propinas. Eu me arrependo da decisão. Eu estava errado”.

Burzaco, que se tornou CEO da Torneos em outubro de 2006, disse que seus pagamentos ilícitos continuaram até 2015. Ele concordou em devolver US$ 21,6 milhões.

Em sua confissão Burzaco disse que havia trabalhado durante 15 anos no Citigroup. O porta-voz do banco, Mark Costiglio, preferiu não comentar sobre Burzaco.

Transcrições reveladas

O juiz também revelou as transcrições das confissões de culpa de José Margulies, um intermediário brasileiro que admitiu o pagamento de propinas, e de Jeffrey Webb, ex-presidente da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe, ou Concacaf, que disse que aceitou pagamentos ilícitos. Ele é natural das Ilhas Cayman.

Burzaco disse que se uniu a integrantes de outras duas empresas de marketing esportivo ao concordar em pagar dezenas de milhões de dólares em subornos a autoridades do futebol pelos direitos da Copa América Centenário, um torneio de 32 jogos programado para 10 cidades dos EUA em junho. O torneio foi organizado por autoridades da Concacaf e da Confederação Sul-americana de Futebol, a Conmebol, que aceitaram subornos.

“No fim das contas, eu decidi não pagar suborno ou propina a autoridades da Conmebol e da Concacaf em conexão com o torneio de 2016 por medo da lei”, disse Burzaco. “No entanto, eu sei que foi errado concordar com o pagamento de subornos em si”.

Burzaco declarou-se culpado por conspiração para lavagem de dinheiro, conspiração para extorsão e conspiração para fraude eletrônica. Ele foi libertado sob a fiança de US$ 20 milhões.

No total, 15 pessoas se declararam culpadas por suas atuações ao longo de uma operação americana de repressão à corrupção no futebol nas Américas. Os promotores dizem que as autoridades do futebol e executivos pagaram mais de US$ 200 milhões em subornos pelos direitos de mídia e de marketing dos torneios, em nome de países que esperavam sediar a Copa do Mundo, e pelas eleições da Fifa, o órgão que administra o esporte.

Os promotores podem pedir aos juízes a vedação das transcrições dos réus que se declaram culpados e cooperam com as investigações. O Departamento de Justiça dos EUA está investigando a atuação dos bancos na facilitação de pagamentos para lavagem de dinheiro.

Direitos comerciais

Webb, que se declarou culpado uma semana depois, admitiu que aceitou subornos pelos direitos comerciais de uma série de torneios antes e depois de sua eleição como presidente da Concacaf, em maio de 2012. Ele concordou em devolver US$ 6,7 milhões.

Margulies, que tinha 76 anos quando se declarou culpado, dois dias após Webb, admitiu que em 1986 começou a ajudar seu amigo José Hawilla, dono da Traffic, com sede no Brasil, a conseguir direitos comerciais de torneios. Essa ajuda se transformou em subornos em 1991, quando ele começou a repassar propinas da Traffic a autoridades da Conmebol, disse ele. Hawilla declarou-se culpado antes e concordou em devolver US$ 151 milhões.

“Embora eu não tenha recebido minha comissão por esses pagamentos, eu os fiz para manter minha relação com a Traffic”, disse Margulies. “Eu fiz esses pagamentos de forma regular em nome da Traffic até cerca de 2007”.

Margulies disse que também efetuou pagamentos de subornos de 2000 a 2015 em nome de uma empresa que era, originalmente, uma joint venture da Traffic com a Torneos. Posteriormente, a empresa se tornou uma joint venture da Torneos com outros investidores, disse ele. Ele recebeu comissões de 1 por cento por essas transferências de dinheiro posteriores, que passaram por bancos americanos, disse ele.

“Estou arrependido pelos problemas que causei à minha família, ao mundo do futebol e aos Estados Unidos”, disse Margulies, que foi libertado sob fiança de US$ 10 milhões. Ele concordou em devolver US$ 9,2 milhões.

Acompanhe tudo sobre:bancos-de-investimentoCitigroupCorrupçãoEmpresasEscândalosestrategias-de-marketingFraudes

Mais de Negócios

10 franquias baratas para empreender de qualquer lugar a partir de R$ 7.500

Franquias no RJ faturam R$ 11 bilhões. Conheça redes a partir de R$ 7.500 na feira da ABF-Rio

Mappin: o que aconteceu com uma das maiores lojas do Brasil no século 20

Saiba os efeitos da remoção de barragens