Marly Fagliari, sócia-fundadora e VP de Negócios: “Nosso maior mercado é os Estados Unidos, e o tarifaço não vai mudar isso” (Hydro - Pet Society/Divulgação)
Repórter
Publicado em 13 de agosto de 2025 às 11h50.
Última atualização em 13 de agosto de 2025 às 12h20.
A imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros por parte dos Estados Unidos, anunciada em maio por Donald Trump, chegou como um desafio extra para empresas que têm o mercado norte-americano como destino principal.
Para a Hydra – Pet Society, fabricante brasileira de produtos premium para cuidados com pets, os EUA representam 30% das exportações — e, segundo sua sócia-fundadora e VP de Negócios, Marly Fagliari, a reação foi imediata.
“Conseguimos embarcar três containers antes da implementação da tarifa, garantindo preços antigos para nossos clientes. Depois, criamos uma tabela e renegociamos a margem de lucro com os distribuidores para absorver parte do impacto”, afirma Fagliari.
Com fábrica em Guarulhos (SP) e presença em 70 países, a Hydra – Pet Society faturou US$ 30 milhões em 2024. A companhia já vinha se preparando para cenários externos adversos, adotando medidas que vão da diversificação de portos de embarque ao fortalecimento da rede de distribuidores.
A empresa, dona de marcas como Hydra - considerada a “Kérastase dos animais” - e Softcare, aposta na alta performance dos produtos para manter sua fatia de mercado, mesmo diante do aumento de custos.
“Nosso maior mercado é os Estados Unidos, e o tarifaço não vai mudar isso”, diz a executiva.
Enquanto mantém esforços para preservar a base de clientes nos Estados Unidos, a Hydra – Pet Society acelera sua presença internacional. Em junho, fechou contrato com distribuidores na China e negocia novas parcerias na Ásia e na América Latina. A expectativa para 2025 é de crescimento de 30% no mercado norte-americano e 15% no Brasil.
A empresa também aposta em novos mercados estratégicos.
“A abertura da nossa filial no Japão no ano passado mostra o quanto estamos comprometidos com a internacionalização e o fortalecimento da marca globalmente”, afirma Fagliari.
Fundada em 2004, a Pet Society nasceu da experiência de Fagliari no setor cosmético, adaptando a sofisticação de produtos humanos para o mercado pet. A estreia internacional ocorreu já em 2005, na primeira participação em uma feira nos Estados Unidos.
O crescimento ganhou força na pandemia, com a alta de 30% no número de pets nos lares brasileiros. De 2019 a 2024, a empresa acumulou expansão de 120%, sustentada por inovação e aposta em nichos premium.
Para 2025, o objetivo é manter o ritmo de expansão mesmo em um cenário de protecionismo comercial.
“Além de mercados emergentes, estamos explorando oportunidades na Europa e no Sudeste Asiático. O tarifaço nos desafiou, mas já estávamos preparados para continuar crescendo”, afirma a executiva.
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