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Mercedes negocia no ABC redução de salário e de pessoal

Além do lay-off, que vai até o fim de novembro, mantém um programa de demissão voluntária


	Produção da Mercedes em São Bernardo (SP): a intenção do grupo é reduzir a diferença dos salários pagos na fábrica do ABC em relação à de Juiz de Fora (MG)
 (Claudio Gatti / EXAME)

Produção da Mercedes em São Bernardo (SP): a intenção do grupo é reduzir a diferença dos salários pagos na fábrica do ABC em relação à de Juiz de Fora (MG) (Claudio Gatti / EXAME)

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Da Redação

Publicado em 26 de agosto de 2014 às 08h42.

São Paulo - Com 1,2 mil trabalhadores em lay-off (suspensão de contratos de trabalho) desde julho e operando com 60% a 65% de sua capacidade produtiva, a Mercedes-Benz negocia com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC medidas para reduzir tabela de salários e quadro de pessoal e tornar a fábrica de São Bernardo do Campo mais competitiva. Medidas semelhantes podem ser adotadas pela Volkswagen.

A fabricante de caminhões e ônibus emprega atualmente 10,5 mil funcionários na unidade de São Bernardo do Campo (SP). Além do lay-off, que vai até o fim de novembro, mantém um programa de demissão voluntária (PDV), que já obteve 1,1 mil adesões, e tem dado folgas coletivas aos trabalhadores quando necessário.

A intenção do grupo é reduzir a diferença dos salários pagos na fábrica do ABC em relação à de Juiz de Fora (MG) que, segundo o presidente da Mercedes-Benz do Brasil, Philipp Schiemer, chega a 50%. "O objetivo é que a diferença não aumente ou, melhor, que seja reduzida."

Outra medida, disse o executivo, é rever a forma de pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e os reajustes salariais da data-base. "Em nenhum outro país, numa situação como esta (de crise no mercado) se falaria em reajuste salarial", afirmou Schiemer. "Isto está matando as empresas."

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC informou que "não vai comentar negociações que estão em andamento". A Mercedes também quer estabelecer uma idade limite para os funcionários se aposentarem.

O clima entre os metalúrgicos do ABC é de insegurança. Há boatos de que a Volkswagen também estuda corte de cerca de 2 mil postos na fábrica Anchieta, onde trabalham cerca de 13 mil pessoas, assim como congelamento de salários e redução da PLR. O sindicato não comentou a informação.

Já a Volkswagen informou que "tem feito uso de ferramentas de flexibilização, previstas nos acordos estabelecidos com os sindicatos, para adequar o volume de produção à demanda do mercado. Nesse contexto, conta com um acordo de PDV para a fábrica Anchieta negociado com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC em março de 2012, para ajustes de efetivo.

" Na segunda-feira, 25, 4,5 mil funcionários da VW de Taubaté (SP) entraram em férias coletivas por dez dias. Hoje, os funcionários da General Motors em São José dos Campos (SP) realizam assembleia para decidir se aceitam ou não a proposta da empresa de colocar 968 pessoas em lay-off.

No momento, também adotam a medida a Volkswagen - nas fábricas de São Bernardo e São José dos Pinhais (PR) -, Ford (em Taubaté) e MAN em Resende (RJ). A Mercedes tem ainda 158 funcionários da unidade de Juiz de Fora em lay-off. Apesar de todas as medidas, o grupo tem ainda cerca de 500 funcionários excedentes nas duas fábricas.

Ajuste

Schiemer afirmou que a intenção do grupo não é fechar nenhuma das duas fábricas, mas torná-las mais competitivas. "A tarefa é fazer um ajuste para sobrevivermos até o mercado melhorar". De janeiro a julho, o mercado total de caminhões caiu 13,6% em relação ao mesmo período de 2013.

Ele aposta em um mercado de 130 mil caminhões neste ano, ante 149 mil no ano passado. O recorde foi em 2010, com 162 mil caminhões. Schiemer só espera uma recuperação das vendas a partir de 2016.

Para o presidente da Mercedes, o mercado brasileiro tem potencial para consumir 200 mil caminhões ao ano, desde que medidas sejam adotadas, como forte ajuste na economia para que o País cresça entre 3% e 4% ao ano, e criação de um programa de renovação da frota.

Schiemer reclamou da burocracia do programa de financiamento de caminhões pelo Finame. Segundo ele, pequenos e médios frotistas não têm acesso ao crédito.

Hoje, na opinião do executivo, não há segurança entre os investidores, em razão do baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e, mais pontualmente, por causa das eleições. A Mercedes, disse ele, mantém o plano de aportes de R$ 2,5 bilhões entre 2010 e 2015.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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