Fábrica de caminhões da Mercedes-Benz (Mercedes-Benz/Divulgação)
Mariana Desidério
Publicado em 4 de dezembro de 2018 às 14h57.
São Paulo - O mercado de caminhões parece ter retomado a confiança. Depois de três anos com vendas em queda, ajuste da produção e demissões as montadoras aqui começam a contratar e voltar aos níveis aceitáveis de operação. A Mercedes-Benz, por exemplo, vai abrir o segundo turno de produção na unidade de montagem de caminhões e o terceiro intervalo de trabalho na fábrica de motores, isso a partir de 2019.
Desde 2014, a linha de montagem de caminhões trabalha em um turno de produção e na unidade de motores a última vez que operava em três turnos foi no final de 2013. Para isso a montadora alemã vai contratar 600 pessoas em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Dessas, 400 vagas já estão em fase de contratação e o restante será incorporado à folha em abril. O presidente da empresa para a América Latina, Phillip Schiemer, disse que a melhora da confiança nos negócios no Brasil permitiram o aumento da produção.
"A confiança do empresário está voltando e aqueles que adiaram a renovação da sua frota estão voltando. Mas, isso vai permanecer se as reformas necessárias, como a da Previdência e tributárias saírem do papel o quanto antes. O momento atual é favorável estamos com juros relativamente baixos e a inflação controlada", disse o executivo.
Segundo ele, a ociosidade média nas fábricas de veículos comerciais, no ABC e em Juiz de Fora (MG) gira em torno de 40%. No auge da crise, em 2015 e 2016, a Mercedes tinha 60% da linha de produção ociosa. A empresa pode produzir no Brasil 80 mil veículos por ano. "Este ano, o mercado brasileiro deve chegar a mais de 70 mil caminhões vendidos, aumento de 50% no comparativo com 2017. Em 2019, o crescimento deverá ser em torno de 20%. Em breve alcançaremos 100 mil caminhões comercializados por aqui. Mas, tudo depende da consolidação da confiança na economia".
A volta do terceiro turno na fábrica de motores será sustentada, além do mercado interno, pelas exportações do componente para unidades da Daimler na Alemanha e no México. Neste ano, a empresa deverá embarcar 7,1 mil motores. Em 2016, as exportações alcançaram 3,1 mil unidades.
"Vencemos uma concorrência interna para o fornecimento dos motores em 2016 e agora comecaremos as entregas. A expectativa é que em 2019 os embarques superem 10 mil unidades".
Para a Alemanha, a subsidiária brasileira exporta motores para caminhões maiores e para o México vão os componentes que equipam os veículos leves da montadora.