Yunes, agora no Mercado Livre: executivo estava no Sem Parar desde 2018 (Sem Parar/Divulgação)
Carolina Riveira
Publicado em 12 de maio de 2020 às 09h22.
Última atualização em 12 de maio de 2020 às 18h14.
O Mercado Livre anunciou nesta terça-feira, 12, o nome de Fernando Yunes como novo responsável pela operação da empresa no Brasil. Yunes estava desde o começo de 2018 como presidente do Sem Parar, empresa de tecnologia brasileira que têm equipamentos de radiofrequência em veículos para compras como pedágio e drive-thru.
O executivo ficará no cargo de vice-presidente sênior do Mercado Livre, comandando a operação e a integração entre as outras frentes de negócios da empresa, como o marketplace e a fintech Mercado Pago. As negociações corriam de forma confidencial antes da pandemia do novo coronavírus, que chegou ao Brasil no fim de março.
"Estou muito entusiasmado com a oportunidade de integrar uma das empresas de tecnologia mais importantes da América Latina", disse Yunes em comunicado divulgado pelo Mercado Livre. "Será uma honra liderar a operação brasileira, tão relevante para a economia do nosso país e que deve seguir crescendo com obsessão por melhorar a experiência do consumidor e o ecossistema comercial para empreendedores e varejistas de todos os tamanhos."
Formado em administração e engenharia, Yunes, antes do Sem Parar, trabalhou por dez anos na fabricante de eletrodomésticos Whirpool e foi consultor na Bain & Company.
Os demais cargos de liderança do Mercado Livre no Brasil permanecem inalterados. Stelleo Tolda, co-fundador da empresa argentina, segue como diretor de operações (COO) e vice-presidente executivo para a América Latina. Os outros executivos baseados no Brasil são Túlio Oliveira, vice-presidente do Mercado Pago no Brasil, e Leandro Bassoi, vice-presidente de Operações para Envios para a América Latina.
O Mercado Livre vive um momento de otimismo na esteira do crescimento do comércio eletrônico latino-americano em meio à quarentena forçada que fechou parte do comércio físico da região e alterou o comportamento dos consumidores. O Brasil é o principal mercado da empresa, fundada em 1999 com operações voltadas à América Latina.
Outrora focada somente em intermediar negociações em seu marketplace, o Mercado Livre vem reforçando em meio à pandemia seu braço de logística, com estoque próprio, e a entrada em segmentos de bens de consumo, como itens de supermercado -- os que mais tiveram alta em vendas na empresa durante as últimas semanas, segundo entrevista anterior de Tolda à EXAME. A empresa contratou 200 funcionários próprios e mais de 2.500 terceiros para reforçar sua frente de logística.
O Mercado Livre também reforçou nos últimos anos suas outras frentes, como a fintech Mercado Pago -- que no ano passado chegou à marca de mais volume fora do ecossistema de marketplace próprio do que nas transações internas.
De acordo com o resultado da companhia, seu faturamento líquido, desconsiderando os efeitos cambiais, cresceu 70,5% em relação ao mesmo período do ano passado, para 652,1 milhões de dólares, no primeiro trimestre. No período, o volume de vendas da plataforma foi de 3,4 bilhões de dólares, alta de 34,2%. No Mercado Pago, o volume de pagamentos subiu 82% se descontado o câmbio, para 8,1 bilhões de dólares. A empresa atingiu 43 milhões de usuários únicos.
Os resultados do primeiro trimestre do Mercado Livre animaram os investidores. No dia da divulgação do balanço, em 6 de maio, a ação do Meli chegou a subir mais de 25%, o que fez a empresa superar o banco Itaú em valor de mercado, puxado também pela alta do dólar. O Mercado Livre, que tem capital aberto na Nasdaq, vale 38,8 bilhões de dólares. A ação acumula alta de mais de 30% em 2020.