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Mercado de arte deve ter segundo ano seguido de queda, diz relatório

A geração X (os nascidos entre os anos 1960 e 1970) se tornou a mais importante para o setor

O gasto médio em arte por colecionadores ricos permanece estável em cerca de US$ 50.000 por ano (Simon Maina/AFP)

O gasto médio em arte por colecionadores ricos permanece estável em cerca de US$ 50.000 por ano (Simon Maina/AFP)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter

Publicado em 25 de outubro de 2024 às 11h33.

Última atualização em 25 de outubro de 2024 às 11h43.

O mercado global de arte está prestes ter seu segundo ano consecutivo de declínio à medida que a demanda pelas principais obras diminui e uma nova geração de compradores prefere peças de menor preço.

As vendas de leilões nos primeiros seis meses na Christie's, Sotheby's, Phillips e Bonhams caíram 26% em relação a 2023 e 36% em relação ao pico do mercado em 2021, de acordo com a Pesquisa de Colecionadores Globais da Art Basel e UBS. Os dados foram divulgados pela CNBC.

O número de colecionadores ricos pesquisados ​​que planejam comprar arte no próximo ano caiu para 43%, era mais de 50% em 2023. Ao mesmo tempo, o número que planeja vender aumentou para 55% — o que significa que há mais vendedores do que compradores no mercado. Enquanto o mundo da arte se prepara para os grandes leilões em Nova York em novembro e na Art Basel Miami Beach em dezembro, negociantes, galerias e leiloeiros esperam uma recuperação pós-eleição nos EUA.

Nem tudo é desesperança no setor. A imensa maioria (91%) dos colecionadores ricos estava "otimista" sobre o desempenho do mercado global de arte nos próximos seis meses, acima dos 77% no final de 2023, disse a pesquisa. Essa é uma parcela maior do que o otimismo sobre o mercado de ações — 88%. Apenas 3% dos colecionadores de alto patrimônio estão pessimistas sobre o futuro de curto prazo do mercado de arte.

E os gastos?

O gasto médio em arte por colecionadores ricos permanece estável em cerca de US$ 50 mil por ano, de acordo com a pesquisa. Mais de 75% dos colecionadores ricos pesquisados ​​compraram uma pintura em 2023 e no primeiro semestre de 2024[/grifar]. No entanto, uma ampla gama de medidas — do interesse do comprador às vendas online — apontam para mais um ano de declínios ou, na melhor das hipóteses, vendas estáveis.

Negociantes e especialistas em leilões dizem que as preocupações geopolíticas (especialmente no Oriente Médio e na Ucrânia), juntamente com a fraqueza econômica na Europa e na China, estão drenando a confiança do comprador. Taxas de juro mais altas também aumentaram o custo de oportunidade de comprar arte, já que colecionadores ricos poderiam ganhar facilmente 5% ou mais com dinheiro e títulos do Tesouro. Assim como no mercado de carros clássicos, o mercado de arte está passando por uma mudança geracional que criou um de compasso entre oferta e demanda.

Colecionadores mais velhos estão reduzindo suas coleções vendendo obras caras, mas não obras-primas. Colecionadores mais jovens, principalmente da geração X e da geração Y, estão chegando ao mercado para substituí-los, mas estão comprando obras mais acessíveis e modernas de galerias e exposições de arte. “Este ano sugere que, em vez de criar um boom de valor impulsionado pela oferta, como podem ter feito em outros anos, colecionadores tendem a vender algumas obras de suas coleções, desfazendo-se daquelas de menor valor”, disse o relatório do UBS.

Geração X pela arte

A geração X (os nascidos entre os anos 1960 e 1970) se tornou a mais importante para o mercado da arte. De acordo com a pesquisa do UBS, os entrevistados da geração X tiveram o maior gasto médio em 2023 — cerca de US$ 578 mil — e sua liderança continuou em 2024, mais 30% do que a geração Y e mais do que o dobro dos entrevistados da geração baby boom e da geração Z. No geral, colecionadores ricos estão reduzindo sua exposição à arte. Embora o papel da arte como um "ativo" seja muito debatido, o relatório disse que a alocação média para arte foi de 15% em 2024, abaixo dos 22% de seus portfólios em 2021, segundo o relatório divulgado pela CNBC.
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