O gasto médio em arte por colecionadores ricos permanece estável em cerca de US$ 50.000 por ano (Simon Maina/AFP)
Repórter colaborador
Publicado em 25 de outubro de 2024 às 11h33.
Última atualização em 25 de outubro de 2024 às 11h43.
O mercado global de arte está prestes ter seu segundo ano consecutivo de declínio à medida que a demanda pelas principais obras diminui e uma nova geração de compradores prefere peças de menor preço.
O número de colecionadores ricos pesquisados que planejam comprar arte no próximo ano caiu para 43%, era mais de 50% em 2023. Ao mesmo tempo, o número que planeja vender aumentou para 55% — o que significa que há mais vendedores do que compradores no mercado. Enquanto o mundo da arte se prepara para os grandes leilões em Nova York em novembro e na Art Basel Miami Beach em dezembro, negociantes, galerias e leiloeiros esperam uma recuperação pós-eleição nos EUA.
Nem tudo é desesperança no setor. A imensa maioria (91%) dos colecionadores ricos estava "otimista" sobre o desempenho do mercado global de arte nos próximos seis meses, acima dos 77% no final de 2023, disse a pesquisa. Essa é uma parcela maior do que o otimismo sobre o mercado de ações — 88%. Apenas 3% dos colecionadores de alto patrimônio estão pessimistas sobre o futuro de curto prazo do mercado de arte.
O gasto médio em arte por colecionadores ricos permanece estável em cerca de US$ 50 mil por ano, de acordo com a pesquisa. Mais de 75% dos colecionadores ricos pesquisados compraram uma pintura em 2023 e no primeiro semestre de 2024[/grifar]. No entanto, uma ampla gama de medidas — do interesse do comprador às vendas online — apontam para mais um ano de declínios ou, na melhor das hipóteses, vendas estáveis.
Negociantes e especialistas em leilões dizem que as preocupações geopolíticas (especialmente no Oriente Médio e na Ucrânia), juntamente com a fraqueza econômica na Europa e na China, estão drenando a confiança do comprador. Taxas de juro mais altas também aumentaram o custo de oportunidade de comprar arte, já que colecionadores ricos poderiam ganhar facilmente 5% ou mais com dinheiro e títulos do Tesouro. Assim como no mercado de carros clássicos, o mercado de arte está passando por uma mudança geracional que criou um de compasso entre oferta e demanda.
Colecionadores mais velhos estão reduzindo suas coleções vendendo obras caras, mas não obras-primas. Colecionadores mais jovens, principalmente da geração X e da geração Y, estão chegando ao mercado para substituí-los, mas estão comprando obras mais acessíveis e modernas de galerias e exposições de arte. “Este ano sugere que, em vez de criar um boom de valor impulsionado pela oferta, como podem ter feito em outros anos, colecionadores tendem a vender algumas obras de suas coleções, desfazendo-se daquelas de menor valor”, disse o relatório do UBS.