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Menos montadoras e mais carros verdes

Michele Loureiro Nem mesmo o Salão do Automóvel de Paris, um dos principais do mundo, escapou ileso da crise econômica que acertou em cheio a indústria automotiva nos últimos anos. Com os portões abertos no último final de semana, marcas como Volvo, Ford, Aston Martin, Bentley, Rolls-Royce, Mazda e Lamborghini serão ausências importantes no evento […]

SALÃO DE PARIS: conceito elétrico DS E-Tense  é exibido no evento, que privilegia neste ano os carros verdes / Benoit Tessier/ Reuters

SALÃO DE PARIS: conceito elétrico DS E-Tense é exibido no evento, que privilegia neste ano os carros verdes / Benoit Tessier/ Reuters

DR

Da Redação

Publicado em 3 de outubro de 2016 às 18h11.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h23.

Michele Loureiro

Nem mesmo o Salão do Automóvel de Paris, um dos principais do mundo, escapou ileso da crise econômica que acertou em cheio a indústria automotiva nos últimos anos. Com os portões abertos no último final de semana, marcas como Volvo, Ford, Aston Martin, Bentley, Rolls-Royce, Mazda e Lamborghini serão ausências importantes no evento que segue até dia 16 de outubro na capital francesa.

Mesmo assim, ainda há centenas de veículos espalhados pelos oito pavilhões do evento, que este ano tem segurança reforçada por conta dos recentes atentados terroristas. Mais uma vez os carros elétricos ditam o tom do evento e mostram-se essenciais nas estratégias das montadoras.

Para a Volkswagen, os elétricos podem ser uma chance de melhorar a imagem da empresa, que recentemente viveu um escândalo por ter burlado os dados de emissões de seus motores a diesel – fato que causou o primeiro prejuízo da montadora em 20 anos. Durante o Salão, a companhia alemã anunciou que lançará uma família completa de veículos elétricos até 2020. Segundo Herbert Diess, presidente da divisão de carros da marca, a Volkswagen espera comercializar cerca de 1 milhão de unidades elétricas até 2025. Os modelos terão como base o carro-conceito I.D., um elétrico totalmente autônomo, com 170 cavalos de potência e capaz de rodar 600 quilômetros com uma carga nas baterias, que são recarregadas via wireless.

A Opel, subsidiária da General Motors na Europa, também entrou na dança e apresentou o Opel Ampera-e, versão alemã do Chevrolet Bolt, já lançado nos Estados Unidos. De acordo com Karl-Thomas Neumann, presidente da Opel, o modelo tem autonomia para rodar 400 quilômetros em modo elétrico, com 204 cavalos de potência. A promessa salta aos olhos, uma vez que os modelos disponíveis no mercado atualmente rodam até 200 quilômetros com uma recarga.

A Mercedes-Benz também apostou no discurso ambiental ao apresentar um novo plano de negócios baseado em carros não poluentes, autônomos e de uso compartilhado. No Salão, a montadora exibe o utilitário EQ, conceito elétrico que segundo a marca se tornará realidade em meados de 2020. Até 2025, os veículos com emissões zero corresponderão de 15% a 25% das vendas totais da Mercedes, segundo previsão da empresa.

Até mesmo os tradicionais carrões e aguardados lançamentos partiram para a tendência sustentável. A italiana Ferrari aproveitou o evento para apresentar a La Ferrari, modelo que combina motor a combustão com um elétrico. Com apenas 209 unidades, a versão exclusiva custará cerca de 7,4 milhões de reais e será feita sob encomenda. A marca italiana também apresentou o modelo GTC4Lusso, que adota motor menor, sinalizando que até os hipercarros têm a missão de poluir menos.

Cooperação – Além disso, as cooperações entre as montadoras também ganharam destaque no Salão. A tendência ganhou força nos últimos anos e foi motivada pela tentativa constante de redução de custos no setor, que tem um faturamento altíssimo, mas trabalha com uma margem de lucro reduzida.

Em uma das coletivas de imprensa do salão francês, representantes do Grupo Daimler e da Aliança Renault-Nissan comemoraram os quase sete anos de cooperação estratégica. “Nossa parceria é compelida pelas melhores ideias, sejam elas originadas em Paris, Stuttgart ou Yokohama”, afirmou em nota Dieter Zetsche, presidente do Conselho de Administração da Daimler.

A cooperação entre as empresas já significou a economia de centenas de milhões de dólares e resultou em produtos com a mesma plataforma, como os modelos smart forfour e smart cabrio que compartilham a base com Renault Twingo e são produzidos na fábrica da Renault em Novo Mesto, Eslovênia. Além disso, Nissan e Daimler também investem 1 bilhão de dólares na construção de uma fábrica em Aguascalientes, no México, para produzir a próxima geração de modelos compactos de luxo para a marca Infiniti, a partir de 2017, e para a Mercedes-Benz, no ano seguinte. O plano é fabricar 230 mil veículos até 2020.

Acompanhando a tendência verde do Salão de Paris, as marcas anunciaram que os três modelos do compacto smart terão versões elétricas. Tudo na base da parceria. Os novos motores são produzidos pela Renault em Cléon, na França, e as baterias fornecidas por subsidiária da Daimler, a Deutsche ACCUmotive, localizada em Kamenz, na Alemanha. Com isso, a smart é a primeira marca do mundo a oferecer todo seu portfólio com motores a combustão e elétricos.

Salão do Automóvel de São Paulo – Enquanto os turistas europeus contemplam modelos cada vez mais sustentáveis, o Salão do Automóvel de São Paulo, que terá as portas abertas ao público no dia 10 de novembro, terá um teor diferente. As novidades europeias levarão alguns anos para percorrer as distâncias até o Brasil e por aqui o foco ainda estará nos carrões que bebem muita gasolina.

Modelos como o superesportivo japonês Nissan GT-R devem dar as caras no salão. Segundo a organização do evento, o veículo não custará menos de 1 milhão de reais. Ainda na lista dos carrões, devem dar o ar da graça o 718 Cayman, da Porsche, com motor turbo e preço a partir de 450 mil reais. Já a Jaguar mostrará o F-Pace, primeiro utilitário da marca, com preços a partir de 310 mil reais. Ao que parece, a onda verde ainda demorará para atravessar o oceano.

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