Segundo a ANS, em 2023 foram autorizados 1,93 bilhão de procedimentos pelos planos, entre consultas, exames, terapias e cirurgias (Morsa Images/Getty Images)
Jornalista colaborador
Publicado em 16 de agosto de 2024 às 10h11.
Última atualização em 5 de setembro de 2024 às 17h19.
As operadoras de planos de saúde apresentaram pior desempenho em relação ao crescimento do lucro líquido no ano passado. De acordo com o levantamento da Exame Melhores e Maiores, os planos de saúde apresentaram margem líquida negativa de R$ 961,3 milhões, equivalente a 191,1% menos que em 2022.
A margem líquida é uma espécie de termômetro que mostra a saúde financeira de uma empresa. Ela indica qual foi o lucro real da corporação depois de pagar todos os custos, como aluguel, folha de pagamentos, impostos, insumos etc. “Em outras palavras, é o dinheiro que sobrou para os donos da empresa depois de todas as contas pagas”, explica Samuel Barros, reitor do Ibmec no Rio de Janeiro.
No caso das empresas de saúde, diz Samuel Barros, o impacto negativo na margem líquida ocorreu por causa dos reajustes aplicados pelas operadoras junto aos beneficiários dos planos, que foi inferior à necessidade de equilíbrio das contas das operadoras. “No geral é uma área que hoje encontra dificuldades para repassar ao cliente final os custos e a inflação médica, que tem um comportamento mais agressivo do que a inflação econômica geral”, afirma Barros.
Dados mais recentes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mostram que, em junho deste ano, havia no país 51 milhões de usuários de planos de assistência médica. A maior parte dos beneficiários é atendida por planos coletivos, geralmente oferecidos por empresas ou sindicatos.
Segundo a ANS, em 2023 foi autorizado 1,93 bilhão de procedimentos pelos planos, entre consultas, exames, terapias e cirurgias. O número representa um aumento de 7,4% em relação ao total de procedimentos realizados em 2022: 1,8 bilhão.
Outros setores analisados pelo ranking de Melhores e Maiores, como imobiliário e construção civil, farmacêutico e beleza e seguradoras também apresentaram bom desempenho em relação à margem líquida.
Entre os destaques negativos estão transporte e logística, com redução da margem líquida em 390% entre 2022 e 2023 ( - 390%). Os preços dos combustíveis contribuíram para os resultados negativos. “A alta no custo dos combustíveis provocou efeito direto nos transportes, logística e serviços logísticos, setor que apresentou os piores resultados em diversas análises”, diz Barros.
Com metodologia desenvolvida pela EXAME, em parceria com o Ibmec, a 51ª edição de Melhores e Maiores leva em conta não somente os indicadores financeiros e contábeis das empresas, como também a diversidade na gestão, boas práticas ambientais e de governança. Foram avaliadas um total de 1287 companhias, das quais 1000 estão classificadas no ranking, que será divulgado no dia 17 de setembro.
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