Modelo de 'smart glass' do Grupo Rota Oeste: nas grandes propriedades do Mato Grosso, a transmissão de dados atende a necessidade de conexão rápida para o funcionamento dos óculos de realidade aumentada (Divulgação/Divulgação)
Leo Branco
Publicado em 15 de junho de 2022 às 12h34.
A pujança do agronegócio brasileiro está por trás de negócios bilionários muito longe do eixo Rio-São Paulo — e num patamar de investimento em tecnologia de fazer inveja a quem está nas metrópoles.
Com sede em Cuiabá, no Mato Grosso, o Grupo Rota Oeste gerencia uma rede de dez concessionárias de veículos e é mais um exemplo de negócio de ponta pouco ou quase nada conhecido para além do Centro-Oeste, mas capaz de fazer inovação de ponta — e de servir de exemplo de transformação digital para empresas de outros setores.
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Fundado nos anos 50, como uma concessionária de caminhões e picapes da marca DeSoto (uma divisão extinta da montadora americana Chrysler para veículos pesados), o negócio cresceu a partir dos anos 80 ao incorporar o portfólio de Scania, Wirtgen e John Deere, marcas populares entre agricultores locais.
Atualmente, com filiais nos três estados da região, além de Rondônia, o Grupo Rota Oeste faturou 1 bilhão de reais no ano passado.
Em meio ao nervosismo atual no mercado de ações, e à tensão pré-eleitoral, o Grupo prevê expandir em 28% a receita em 2022 — mais que o dobro da inflação prevista para o ano.
Para além de ter aproveitado a forte demanda forte por maquinário para escoar a produção de grãos, a companhia investiu em ferramentas de pós-venda na tentativa de fidelizar o cliente.
No começo do ano, as concessionárias da Rota Oeste passaram a ter à disposição um smart glass, termo para os óculos de realidade aumentada para reduzir, nos mínimos detalhes, as engrenagens de um veículo.
A serventia da tecnologia, chamada por ali de Rota Eyes é a de ajudar os mecânicos contratados pela Rota Oeste em visitas para manutenção do maquinário nos clientes — não raro viagens de horas e mais horas por estradas de chão ou em mau estado de conservação.
Com o óculos a tiracolo, os mecânicos conseguem checar, pela realidade aumentada, como é o funcionamento correto do veículo e entender o que pode estar errado num veículo enguiçado ou com outro tipo de defeito.
Feita dentro de casa com a colaboração de fornecedores de tecnologia, a inovação é parte de um investimento de 2 milhões de reais no On Innovation, um hub de inovação da empresa.
“Queremos proporcionar que o controle de uma transportadora ou máquina esteja na palma da mão. Isso nos levou a pensar na área de inovação disruptiva para ter acesso a dados que geram economia. E esse é o primeiro óculos que auxilia na manutenção em qualquer região do Estado, com a mesma qualidade do atendimento presencial e com o melhor técnico”, diz Gilmar Meneghini, presidente executivo do Grupo desde o ano passado.
Antes, Meneghini foi executivo de finanças, vendas e operações em nomes conhecidos no mercado de autopeças como DPaschoal, Fortbras e DPK.
A dificuldade de mão de obra técnica foi o motivo para o investimento. “O acessório permite um diagnóstico rápido e traz eficiência e agilidade no atendimento de um mecânico que poderá estar a mais de 1000 quilômetros de distância dos técnicos na matriz e se sentir seguro como se estivesse acompanhando de perto”, diz.
Como forma de garantir o maior alcance do equipamento aos usuários, a empresa realizou um levantamento local para testar o acesso às redes de WiFi. O diagnóstico constatou que 90% das propriedades rurais têm conectividade digital.
Nas grandes propriedades do Mato Grosso, a transmissão de dados atende a necessidade de conexão rápida para o funcionamento dos óculos de realidade aumentada.
Boa parte das cidades da região está conectada à tecnologia 4G. Em pólos regionais como Rondonópolis, antenas 5G já estão em fase de testes.
Em outra frente, o hub de inovação criou um aplicativo para celular para o cliente da concessionária falar diretamente com um técnico da Rota Oeste sediado em Cuiabá.
O app facilita o agendamento de serviços preventivos nas máquinas, a montagem de orçamentos e, em alguns casos, ajuda o produtor a fazer ele mesmo um diagnóstico dos problemas com os veículos.
“O campo e o comportamento mudaram, por isso criamos um aplicativo para otimizar os processos e fazer com que os usuários atuem mais e controlem sua frota na palma da mão”, diz.
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