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MaxMilhas venderá viagens a destinos inusitados a preços acessíveis

Além de marketplace para milhas, a empresa aposta na retomada do turismo com roteiros que fujam do convencional

Max Oliveira, CEO e fundador da MaxMilhas: "O mercado será ainda maior do que antes" (MaxMilhas/Divulgação)

Max Oliveira, CEO e fundador da MaxMilhas: "O mercado será ainda maior do que antes" (MaxMilhas/Divulgação)

GA

Gabriel Aguiar

Publicado em 9 de julho de 2021 às 08h00.

Última atualização em 9 de julho de 2021 às 12h23.

Talvez você já tenha acessado o site MaxMilhas à procura de passagens baratas – e se não fez isso, é um marketplace que oferece milhas de terceiros às pessoas interessadas. Mas, agora, a plataforma apostará também pelo nicho dos pacotes de viagens, com destinos inusitados e experiências incluídas. Nada mais justo, considerando a previsão de que o setor deve melhorar ainda neste ano.

“Acho que teremos um boom do turismo e o mercado será ainda maior do que antes. Principalmente no caso de viagens domésticas e visitas a amigos e familiares, como é o foco da empresa. E esse nicho deve crescer muito. Nossa expectativa é de que esse novo serviço fique em torno de 1 a 2 milhões de reais de faturamento por mês em até dois anos”, afirma Max Oliveira, CEO e fundador.

De acordo com a MaxMilhas, estudos com clientes indicam que os destinos mais procurados são aqueles isolados, como Fernando de Noronha (PE) e Jericoacoara (CE) – que estão no topo de lista de locais mais desejados. No levantamento divulgado pela companhia, cerca de 86% das pessoas já pensam em viajar e 74% buscam destinos nacionais. E o avanço da vacinação impulsiona o cenário.

“Esse projeto é interessante porque impulsiona a economia de cidades menores, porque não incluímos grandes redes de hotéis, por exemplo. Em vez disso, a gente incentiva pequenos comércios que ficariam de fora dos roteiros habituais. E não dá para esquecer que esses locais sofrem mais dificuldades durante a pandemia, então é interessante para o ecossistema do turismo no Brasil”, diz.

Curiosamente, o negócio que, atualmente, movimenta milhões de reais todos os meses – os valores não foram revelados –, começou com apenas três sócios e investimento previsto de 35 mil reais. Mas o valor acabou ficando abaixo disso, já que um dos fundadores não conseguiu o dinheiro necessário. Quanto ao nome, tudo começou como uma brincadeira os amigos que viviam em república.

“Eu digo que a MaxMilhas surgiu porque sou pão-duro. Tentei comprar uma passagem anunciada a 100 reais, só que, depois de cair o site, o preço subiu para 500 reais. Mas, no programa de fidelidade, seguia igual antes. Aí comecei a procurar amigos que tivessem milhas e isso aconteceu em 2012, quando ainda nem existia WhatsApp. Contei essa ideia no bar e os amigos gostaram”, afirma.

No começo, nem o próprio fundador acreditava na plataforma. Tanto que demorou um ano até deixar o emprego que tinha na Vale e apostar totalmente no empreendimento. Foram seis meses na incubadora, com início das operações em janeiro de 2013. E, em agosto, quando aproveitou as férias para se dedicar totalmente ao negócio, a empresa atingiu o break even (retorno de investimento).

“Fomos umas das empresas com bootstrap (apenas com recursos próprios e sem investidores externos) que mais cresceram no país. No fim de 2014, nosso sócio de tecnologia saiu e foi uma fase muito difícil, mas compramos a parte dele. Já o outro sócio operacional saiu em 2017, só que continua com parte na sociedade da empresa. No fim das contas, de fundador, só fiquei eu mesmo”, diz.

E foi assim que a MaxMilhas enfrentou a pandemia, quando surgiu a pior crise desde que foi criada: as vendas caíram para 10% do volume anterior; os cancelamentos aumentaram; e os bancos congelaram os adiantamentos. Como resultado, foram demitidas 167 pessoas – o que representava 42% do efetivo – e o próprio Max ficou quatro meses sem receber salários para equilibrar as contas.

“Foi uma fase muito difícil. No mês que veio, foi tudo muito rápido, como uma avalanche. E se alguém disser que previu, é mentira. Em 15 dias, todo nosso dinheiro sumiu. Mas tínhamos bom histórico, boa relação com os fornecedores e comprovamos a capacidade de pagar. Como não tinha mais nada a fazer, estruturamos projetos. Foi quando surgiu a ideia do pacote de experiências”, afirma.

Se o mercado do turismo parecia preparado para a retomada em julho do ano passado, com quase 70% da movimentação na plataforma que existia antes da pandemia, os números caíram entre o último mês de dezembro e janeiro deste ano, com a segunda onda da doença. De acordo com o executivo, o último mês de março foi o período mais difícil de 2021. Mas o cenário começou a melhorar.

“Neste ano, já refizemos os planejamentos pelo menos cinco vezes e estamos muito focados. Não acho que haverá uma terceira onda de infecções. Tanto que sequer terminamos as projeções para 2022. E eu acho que, no ano que vem, o principal problema será a falta de hotéis e voos para suprir toda demanda. Nossa expectativa é de que o mercado fique ainda melhor do que era em 2019”, diz.

Inicialmente, os pacotes de experiências serviram como sugestões de destinos para clientes que buscam viagens pouco prováveis. Também há uma opção personalizada, mas a ideia é aprender com o gosto dos clientes para oferecer pacotes cada vez mais atrativos e padronizados – para isso, conta com a curadoria de influenciadores, operadores e até turistas que já conheceram as regiões indicadas.

“Não é como viajar para um resort. Então, existe um trabalho de pesquisa para oferecer algo que fuja do convencional. Porque os interessados poderão entrar e escolher opções que não lembrariam ou que não pensariam em visitar. Serve para quem já tem curiosidade ou para quem simplesmente não sabe onde ir e prefere ser convencido. Nossa ideia é oferecer mais que hotel e passagens”, afirma.

 

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