Santander: Brasil representa 26% do lucro do banco no mundo (Pedro Armestre/AFP)
Tatiana Vaz
Publicado em 26 de julho de 2012 às 12h24.
São Paulo – Os maus pagadores foram os que levaram o Santander Brasil a apresentar um lucro líquido de 3,2 bilhões de reais, 4,3% menor em relação aos seis primeiros meses do ano anterior. Para frear a inadimplência nos próximos trimestres, o banco está adotando medidas mais rígidas de concessão de crédito, em especial, para pessoas físicas.
“Esse resultado está em linha com o que esperávamos e acreditamos que a inadimplência chegou ao seu pico. De agora em diante, a tendência é ela se manter estável e cair”, disse Marcial Portela, presidente do Santander no Brasil. A estimativa é que 51% dessa inadimplência seja de pessoas que usariam o crédito para compra de carros.
De acordo com ele, trata-se de um crédito concedido, em grande parte no final de 2010 e início de 2011, para famílias que tomaram uma dívida muito maior que sua capacidade de pagamento. “Os bancos acompanham o desenvolvimento do banco com a concessão de crédito, mas há uma defasagem até que a mudança de ciclo de consumo apareça em nossos balanços, como está acontecendo agora”, afirmou Portella.
No segundo trimestre, o resultado de crédito de liquidação duvidosa ficou em 3,8 bilhões de reais, valor 5,4% maior que o trimestre anterior. Esse total é composto das perdas provisionadas no segundo trimestre, de 4,3 bilhões de reais, um crescimento de 46,7% nos últimos meses, menos o valor previsto como crédito recuperado no período, de 551 milhões de reais de abril a junho.
“Hoje trabalharemos muito com crédito, mas deveremos trabalhar muito com o spread e outra diversificação de receitas que gerem comissões e com níveis de inadimplência e custos inferiores”, disse Portela.
Em termos de captações, o resultado de 333,1 milhões de reais representou um aumento de 11% em relação aos últimos doze meses. O destaque ficou para as captações por meio de letras financeira, que cresceu 83% no período e totalizou 27,2 milhões de reais. “Esse tipo de captação contribuiu para estabilizar e alongar os recursos captados pelo banco”, disse o presidente do Santander.
Por outro lado, a captação por meio de poupança teve uma queda no período de 17% e representou 36,7 milhões de reais em captações. Na parte de abertura de novas contas, o banco teve uma queda de 1% nos últimos três meses e fechou o segundo trimestre com 186,5 milhões de reais.
A receita da instituição no Brasil ficou em 8,4 bilhões de reais no segundo trimestre, uma margem financeira de 3,7% em relação ao trimestre anterior e 23,9% em doze meses. Desse montante, 6,3 bilhões de reais foram provenientes de crédito.
As receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias atingiram 2,3 bilhões de reais no segundo trimestre, uma queda de 4,2% em relação ao trimestre anterior, com destaque para a área de cartões que teve crescimento de 35,1% no semestre, com captação de 1,3 bilhões de reais no período. Em seguros, o banco teve receita de 791 milhões de reais no segundo semestre, queda de 6,2% nos últimos doze meses e de 28% em relação aos últimos três meses.
Desempenho no mundo
“O Brasil sofre hoje uma desaceleração da atividade econômica, vindos dos últimos dois trimestres, mas esperamos uma melhoria a partir dos próximos trimestres deste ano – com uma expectativa de melhora do PIB no último trimestre”, afirmou Portella.
No mundo, o Santander teve 3 bilhões de euros de lucro líquido, uma diminuição de 14%. O Brasil continua sendo a principal fatia desse montante – representa hoje 26% do lucro do banco, seguido dos outros países latinos, com 24%, Reino Unido, com 14%, Estados Unidos, com 10%, e o restante proveniente dos demais países europeus onde o banco atua.
Ao final do primeiro semestre, 70% de cobertura no final do primeiro semestre – faltam ainda 2 bilhões de euros para completar 100% das previsões exigidas pelo governo espanhol.
“Quero deixar claro que o grupo está muito bem na Espanha, já que o sistema bancário do país não está passando por uma fuga de depósitos. O que está saindo são investimentos feitos em grande parte por estrangeiros, em bolsa e dívida pública”, disse Portela.
O banco no mundo teve um incremento de depósitos de 10 bilhões de euros, crescimento de cerca de 10%, neste primeiro semestre. “Nossa preocupação é manter a liquidez do banco no mesmo patamar do início da crise”, afirmou o executivo.