Empreendedorismo se torna uma via de empoderamento e independência financeira para muitas mulheres. (Getty Images/Getty Images for National Geographic Magazine)
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Publicado em 19 de novembro de 2024 às 19h28.
A maternidade e as responsabilidades relacionadas à economia do cuidado desempenham um papel central na trajetória das mulheres empreendedoras. Para muitas, o empreendedorismo surge como uma alternativa para equilibrar as tarefas profissionais e familiares, além de obviamente ser uma fonte de renda extra para aliviar as pressões financeiras.
Neste 19 de novembro, Dia do Empreendedorismo Feminino, um levantamento do Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME) destaca que 68,4% das empresárias brasileiras iniciaram seus negócios após a maternidade. O estudo, que ouviu 1.810 mulheres em todas as regiões do país, também revela que 73,1% desse total de empreendedoras têm filhos, e a maioria foi motivada pela maternidade a buscar uma fonte de renda independente.
Esse movimento reflete como o empreendedorismo se torna uma via de empoderamento e independência financeira para muitas mulheres. No entanto, a jornada não é simples: 43% das mulheres relatam dificuldade em equilibrar a vida pessoal e a profissional, especialmente porque metade delas não recebe qualquer ajuda na rotina diária.
Essa sobrecarga impacta diretamente o desempenho dos negócios. “O Brasil tem avançado em iniciativas para apoiar empreendedoras, mas ainda há muito a ser feito”, afirma Ana Fontes, fundadora do IRME. Ela destaca que políticas públicas que facilitem o acesso a crédito, programas de capacitação e redes de apoio são fundamentais para que essas mulheres atinjam a maturidade em seus negócios, fortalecendo não apenas a economia local, mas toda a sociedade.
Segundo dados do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2022, as mulheres representam 34% dos proprietários de pequenos negócios no Brasil, posicionando o país na 7ª colocação global em empreendedorismo feminino.
Complementando esse dado, a pesquisa da Rede Mulher Empreendedora traçou o perfil dessas mulheres: 66,1% são financeiramente independentes, enquanto 88% não possuem carteira assinada, demonstrando a busca por novas formas de renda e o crescimento do trabalho informal.
A maioria fatura dessas empreendedoras fatura até R$ 2.000 mensais, e apenas 33,4% recebem algum tipo de auxílio financeiro.
A formalização ainda é um obstáculo significativo, especialmente para mulheres pretas e pardas, cuja taxa de formalização é de 48,9%, em contraste com 64,1% entre mulheres brancas.
A pesquisa do IRME também aponta que 52,9% das mulheres empreendedoras no Brasil consideram a falta de crédito o maior obstáculo para desenvolver os seus negócios. A ausência de capital, aliada ao acúmulo de funções, dificulta o crescimento, embora o empreendedorismo traga mudanças positivas, como maior confiança e independência.
“Nosso trabalho é ajudar essas mulheres a recuperarem a autoconfiança e liderarem seus negócios. Quando elas conseguem, sentem-se pertencentes à sociedade”, conclui Fontes.