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Marvin: fintech dos recebíveis levanta US$ 15 mi para revolucionar uso das maquininhas

Fintech brasileira fundada por Bernardo Vale e Henrique Echenique permite que empresas usem saldos a receber em maquininhas de cartão para pagar fornecedores

Henrique Echenique e Bernardo Vale, fundadores da Marvin: fintech capta US$ 15 mi para mudra a forma como empresa usam seus recebíveis (Julio Grossi/Divulgação)

Henrique Echenique e Bernardo Vale, fundadores da Marvin: fintech capta US$ 15 mi para mudra a forma como empresa usam seus recebíveis (Julio Grossi/Divulgação)

A fintech Marvin, dos empreendedores Bernardo Vale e Henrique Echenique, tem atraído investidores de peso com a proposta de revolucionar o mercado de recebíveis de cartão de crédito. Fundada há menos de um ano, a Marvin já atraiu alguns milhões para ajudar pequenos negócios a mudarem a forma como recebem pagamentos a prazo. A rodada mais recente, concluída nesta quarta-feira, 25, traz à empresa um novo cheque, desta vez de 15 milhões de dólares.

A rodada série A é liderada pela firma de venture capital americana Caanan, que tem na conta mais de 70 IPOs e 145 fusões e aquisições entre as investidas. Ao lado dela na rodada estão os fundos Canary e Mauá Capital, já investidores da startup.

Mais do que recursos financeiros, a busca da Marvin com a nova captação foi por capital intelectual, explica Vale, fundador da fintech, em entrevista à EXAME. “Conversamos com muitos fundos e o encaixe com a Canaan foi indiscutível. Fora isso, também priorizamos um time de investidores que poderia nos ajudar a crescer”, diz.

Alguns investidores-anjo com alguma experiência no mercado financeiro e com passagens por unicórnios também decidiram apostar na empresa. Entre eles, Carlos Selonke, CIO do Revolut; Juan Ortega, cofundador da Rappi; Israel Salmén, fundador da fintech Méliuz; Lucas Amoroso, fundador da Lupa Capital e Doug Scherrer ex-CFO do Nubank.

A injeção de capital acontece em um mercado um pouco sensível para o mercado, com ações derretendo na bolsa internacional, demissões em massa em startups e investidores questionando os reais riscos ao colocar dinheiro em empresas de crescimento acelerado. Sendo assim, é bom saber que fundos e empresas ainda passam bem, apesar dos percalços.

Crédito que paga as contas

A Marvin foi fundada em março de 2020, e suas operações começaram três meses depois. O pontapé foi a regulamentação da circular 3.952, aprovada pelo Banco Central em junho daquele ano.

Em poucas palavras, a mudança causada pela aprovação da medida estava, basicamente, na maneira como empresas lidam com seus montantes a receber através da contratação de serviços de antecipação de recebíveis. Em um único ambiente, agora centralizado, as transações feitas por cartões nas maquininhas passaram a ser consideradas fortes garantias de crédito para as empresas.  “Já formatamos o nosso modelo de negócio olhando para as oportunidades que teríamos com essa mudança. Foi questão de acompanhar o passo a passo”, conta Vale.

Aproveitando a nova percepção em relação aos recebíveis, a Marvin se propõe a destravar as vendas da grande indústria e do pequeno varejo ao permitir que, na ponta, lojistas utilizem seus valores a receber nas maquininhas de cartão como saldo para manter a roda girando e pagar fornecedores — e, consequentemente, manter seu capital de giro.

“Considerando que um estabelecimento recebe, por exemplo, um pagamento dali a 30 dias, mas precisa do recurso agora para pagar seu fornecedor, ele gasta muito com cada pedido de antecipação de recebível”, explica o fundador.

Sendo assim, segundo Vale, além da agilidade, a principal vantagem para os lojistas está na extinção das taxas de antecipação cobradas pelas operadoras de maquininhas, que hoje estão em torno de 4% por operação. A Marvin não cobra nada do ponto de venda, afinal, os custos ficam a cargo da empresa contratante, e não do distribuidor.

Já para a indústria, o benefício está na redução do risco de crédito graças à troca de titularidade dos recebíveis. “A principal dor que atacamos é tirar o risco de crédito da mesa. Para a indústria, acabar com isso aumenta e muito as vendas”, diz.

O modelo de negócio da fintech hoje consiste na parceria com grandes indústrias, que passam a oferecer a Marvin como método de pagamento para seus franqueados. Na lista de clientes da Marvin estão companhias como O Boticário, Alpargatas, Ale e outras 23 empresas que, juntas, estão em aproximadamente 400 mil PDVs.

Já para a indústria, o benefício está na redução do risco de crédito graças à troca de titularidade dos recebíveis. “A principal dor que atacamos é o risco de crédito da mesa. Para a indústria, acabar com isso aumenta e muito as vendas”, diz.

O futuro da Marvin

A nova bolada servirá para atrair novos talentos, segundo o fundador. “Os objetivos serão basicamente os mesmos que nas últimas captações: queremos crescer nosso time e trazer gente boa e experiente”, diz.

Em outra frente, o foco agora também está em apresentar Marvin como um bom método para os comerciantes que estão na ponta. “Queremos chegar a 100% da base dos franqueados de nossos clientes. Eles precisam entender o que é pagar com Marvin e os benefícios disso”, diz.

Para isso, investidos pesados em marketing estão previstos para os próximos meses, especialmente em eventos ou comunicações internas dentro do próprio ecossistema da Marvin. “Para nós, não basta estar em outdoors ou banners. A nossa venda endossada é o que traz confiança”, diz.

Alcançar toda a base de clientes parece ser um esforço de longo prazo. De acordo com Vale, a fintech pretende alcançar 1 milhão de pontos de venda, mas ainda não sabe se isso acontecerá em 2023 ou em 2024.

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