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Mars, dona do M&M's, compra Kellanova, da batata Pringles

A aquisição coloca a empresa em uma posição ainda mais dominante no mercado de snacks

Kellanova, dona da Pringles, separou da WK Kellogg no final de 2023 (Flickr)

Kellanova, dona da Pringles, separou da WK Kellogg no final de 2023 (Flickr)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 14 de agosto de 2024 às 08h54.

Última atualização em 14 de agosto de 2024 às 15h43.

Mars, uma das maiores empresas de alimentos embalados do mundo (dona de marcas como M&M’s, Snickers e Skittles), fechou a compra da Kellanova, fabricante de produtos como Cheez-It e Pringles, em uma transação avaliada em US$ 36 bilhões, no maior negócio já feito nesse setor. A notícia foi antecipada pela agência Reuters.

Sob os termos do acordo, a Mars adquirirá todas as ações em circulação da Kellanova por US$ 83,50 por ação em dinheiro. Todas as marcas, ativos e operações da Kellanova, incluindo suas marcas de snacks, portfólio internacional de cereais e macarrão, alimentos à base de plantas na América do Norte e café da manhã congelado estão incluídos na transação.

As ações da Kellanova, que se separou da WK Kellogg no final de 2023, valorizaram-se em 7,85% no pré-mercado. 

 A aquisição coloca Mars em uma posição ainda mais dominante no mercado de snacks, mas também deve enfrentar o escrutínio dos reguladores antitruste.

Poul Weihrauch CEO da Mars, disse em comunicado: "Ao dar as boas-vindas ao portfólio de marcas globais em crescimento da Kellanova, temos uma oportunidade substancial para que a Mars desenvolva ainda mais um negócio de snacks sustentáveis que seja adequado para o futuro. Honraremos a herança e a inovação por trás das incríveis marcas de salgadinhos e alimentos da Kellanova, ao mesmo tempo em que combinaremos nossos respectivos pontos fortes para oferecer mais opções e inovação aos consumidores e clientes. Temos um enorme respeito pelo legado histórico que a Kellanova construiu e estamos ansiosos para dar as boas-vindas à equipe da Kellanova." 

Steve Cahillane, presidente e CEO da Kellanova, acrescentou à imprensa: "Esta é uma combinação verdadeiramente histórica com um alinhamento cultural e estratégico convincente. A Kellanova está em uma jornada de transformação para se tornar a melhor empresa de snacks do mundo, e esta oportunidade de se juntar à Mars nos permite acelerar a execução de todo o nosso potencial e nossa visão. O negócio maximiza o valor para os acionistas por meio de uma transação totalmente em dinheiro a um preço de compra atraente e cria novas e animadoras oportunidades para nossos colaboradores, clientes e fornecedores. Estamos entusiasmados com o próximo capítulo da Kellanova como parte da Mars, que reunirá os talentos e as habilidades de excelência de ambas as empresas e nosso compromisso compartilhado de ajudar nossas comunidades a prosperar. Com um histórico comprovado de sucesso e sustentabilidade na criação e crescimento de negócios adquiridos, estamos confiantes de que a Mars é o lar ideal para as marcas e colaboradores da Kellanova".

Como está o setor?

O setor de alimentos embalados tem visto uma série de fusões e aquisições nos últimos anos, com empresas buscando crescer para enfrentar desafios como a inflação e as mudanças nas preferências dos consumidores. Em 2023, por exemplo, a J.M. Smucker adquiriu a Hostess Brands por US$ 5,6 bilhões, consolidando ainda mais o setor.

No entanto, grandes fusões têm sido menos comuns desde a união entre Heinz e Kraft, ocorrida há quase uma década. Os reguladores dos EUA têm demonstrado crescente preocupação com acordos que possam levar ao aumento dos preços e à redução das opções para os consumidores. Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA, os preços dos alimentos subiram 25% entre 2019 e 2023, uma alta maior do que a de outros bens e serviços. E por isso o negócio entre Mars e Kellanova pode demorar a sair.

Para se ter uma ideia, a Comissão Federal de Comércio dos EUA e o estado do Colorado já manifestaram oposição à fusão entre a Kroger e a Albertsons, no valor de US$ 25 bilhões , argumentando que a consolidação prejudicaria os consumidores ao aumentar os preços

A compra da Kellanova, por sua vez, seria a maior aquisição já realizada pela Mars, superando a compra da VCA, uma rede de hospitais veterinários, por US$ 9,1 bilhões em 2017. A Mars, com sede em McLean, Virgínia, é controlada pela família fundadora e tem buscado diversificar suas operações por meio de aquisições estratégicas. A empresa gera cerca de US$ 47 bilhões em vendas anuais e opera em três divisões principais: Mars Petcare, Mars Snacking e Mars Food & Nutrition.

Mas o preço é justo?

O preço da transação representa um prêmio de aproximadamente 44% em relação médio ponderado do volume de 30 dias de negociação da Kellanova e um prêmio de aproximadamente 33% em relação à máxima de 52 semanas da Kellanova até 2 de agosto de 2024. O valor total representa um múltiplo de aquisição de 16,4x de EBITDA ajustado dos últimos 12 meses até 29 de junho de 2024.

O preço que a Mars pagou pela Kellanova foi considerado por especialistas ouvidos pela Reuters como "incomum"  para o setor de consumo, especialmente para uma empresa que fabrica produtos que caíram em desuso entre clientes preocupados com a saúde.

Consumidores reduziram seus gastos após vários anos de inflação, o que elevou os preços de muitos produtos básicos acima dos níveis pré-pandêmicos.

No entanto, a Kellanova conseguiu até agora navegar pela desaceleração nos gastos do consumidor nos EUA e recentemente aumentou suas previsões de vendas para o ano inteiro após exceder as expectativas com seus últimos lucros.

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