Negócios

Marfrig vende ativos de logística por US$400 milhões

Empresa informou ter fechado negócio com a multinacional Martin-Brower para vender o braço de logística adquirido quando realizou a compra da Keystone Foods

O presidente da Marfrig negou que o negócio tenha relação com os ativos que o Cade mandou a Brasil Foods vender (Claudio Rossi/EXAME.com)

O presidente da Marfrig negou que o negócio tenha relação com os ativos que o Cade mandou a Brasil Foods vender (Claudio Rossi/EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2011 às 08h05.

São Paulo - Depois de realizar cerca de duas dezenas de aquisições nos últimos anos e se tornar uma das mais diversificadas empresas de alimentos do mundo, chegou a vez de o brasileiro Marfrig vender.

A companhia informou neste domingo ter fechado negócio com a multinacional norte-americana Martin-Brower para vender o braço de logística adquirido quando realizou a compra da Keystone Foods, no ano passado.

Pela Keystone, assumida no início de 2011 e que tornou o Marfrig o maior fornecedor do McDonald's, a companhia pagou 1,2 bilhão de dólares. E agora o frigorífico brasileiro vende o braço de logística da Keystone por 400 milhões de dólares, com o objetivo de focar no núcleo do negócio da empresa, a produção e comercialização de carnes.

"Recebemos uma oferta muito boa e vendemos esse braço (do negócio) que não é do 'core' nosso, para focar no segmento nosso", disse o presidente do Marfrig, Marcos Molina, à Reuters.

Como negócio estratégico, Molina considera carnes bovina, suína, de aves, de peixes e produtos elaborados.

A operação vendida, basicamente caminhões e armazéns, envolve os serviços de logística especializada para redes de alimentação nos EUA, Europa, Oriente Médio, Oceania e Ásia, com exceção da joint venture criada recentemente com a COFCO para o desenvolvimento de logística na China.

O montante pago pela Martin-Brower --especializada em logística e soluções para o mercado de food service-- deve entrar no caixa do Marfrig no último trimestre do ano.

"Sem dúvida, 400 milhões de dólares reforça muito o caixa... fica numa situação bem confortável", afirmou o presidente, referindo-se à melhora na relação de dívida/Ebitda.

A companhia terminou o segundo trimestre com uma dívida bruta de 10,3 bilhão de reais, com um indicador de alavancagem de 3,9 vezes, alta contra os 3,59 vezes do primeiro trimestre, após a aquisição da Keystone.

Questionado se os recursos da venda poderiam ser utilizados para novas aquisições, Molina soltou uma gargalhada.


"Não tem nada a ver uma coisa com a outra, primeiro foi estratégico a gente fazer isso, queira ou não queira, melhora o caixa e a relação dívida/Ebitda. Outras aquisições no setor são outra coisa, é outra coisa que a gente tem que estudar, analisar e ver se é viável, não tem nada ver um caso com o outro", declarou.

Ele refutou ideias de que o negócio tenha relação com um suposto interesse do Marfrig nos ativos que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) mandou a Brasil Foods vender. Os ativos à venda da BRF são vistos como complementares aos do Marfrig, segunda maior processadora de carnes do país.

"Não é pra dar a interpretação de que o Marfrig vendeu a empresa para comprar ativos da Brasil Foods, como está todo mundo falando. Não tem nada a ver uma coisa com a outra."

Distribuição

O Marfrig continua tendo o sistema de distribuição de carnes próprio, deixando de realizar o transporte de produtos não relacionados ao principal de seu negócio.

O braço de logística da Keystone vendido distribui uma série de outros produtos, como por exemplo guardanapos personalizados, copinhos, canudinhos, a caixa do sanduíche, tendo também o McDonald's como um importante cliente.

"Era uma logística que não fazia serviços para os nossos negócios. Quando compramos a Keystone, compramos o pacote inteiro, mas analisamos nesse período e, como o foco nosso é buscar sinergias, focar no negócio, decidimos pela venda."

A operação foi anunciada menos de uma semana após a criação da Keystone Foods América Latina, planejada para atuar na produção, comercialização e distribuição de alimentos, também com foco em melhora a eficiência.

"Esse é mais um passo de gestão para melhorar a eficiência, para reduzir custos, para a gente estar cada dia mais competitivo... como fizemos muitas aquisições no passado, este ano e no próximo é ano de sinergia e eficiência."

Acompanhe tudo sobre:AlimentaçãoAlimentos processadosCarnes e derivadosEmpresasEmpresas americanasEmpresas brasileirasInfraestruturaLogísticaMarfrigNegociaçõesTrigoVendas

Mais de Negócios

Até mês passado, iFood tinha 800 restaurantes vendendo morango do amor. Hoje, são 10 mil

Como vai ser maior arena de shows do Brasil em Porto Alegre; veja imagens

O CEO que passeia com os cachorros, faz seu próprio café e fundou rede de US$ 36 bilhões

Lembra dele? O que aconteceu com o Mirabel, o biscoito clássico dos lanches escolares