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Marfrig foca em custo e dívida menores para melhorar ratings

A Standard & Poor's cortou na semana passada o rating da dívida em moeda estrangeira da empresa de B+ para B e colocou a nota em perspectiva negativa


	A Marfrig encerrou o primeiro trimestre com prejuízo líquido de 81,2 milhões de reais, revertendo resultado positivo no mesmo período do ano passado, de 34,5 milhões de reais
 (Paulo Whitaker/Reuters)

A Marfrig encerrou o primeiro trimestre com prejuízo líquido de 81,2 milhões de reais, revertendo resultado positivo no mesmo período do ano passado, de 34,5 milhões de reais (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 14 de maio de 2013 às 17h12.

São Paulo - A Marfrig Alimentos, segunda maior produtora de carnes bovina e de aves do Brasil, focará no corte de custos e na redução em até 2 bilhões de reais do endividamento bruto, para garantir melhor avaliação e atratividade junto ao mercado, disse um executivo da companhia nesta terça-feira.

A agência de classificação de risco Standard & Poor's cortou na semana passada o rating da dívida em moeda estrangeira da empresa de B+ para B e colocou a nota em perspectiva negativa, argumentando que o capital de giro negativo e os fluxos de caixa ainda fracos impediram a redução esperada da dívida.

"Temos uma meta clara de redução de dívida... Acreditamos que reduzindo a alavancagem do grupo, nós melhoramos o nosso próprio rating e nossa estrutura de capital. Com isso, seremos precificados de uma maneira mais inteligente", disse o presidente da Seara Brasil, Sérgio Rial, em conferência com analistas para comentar os resultados da companhia.

Rial foi nomeado presidente da Seara Brasil, principal divisão da empresa no final de 2012, e está em processo de transição para assumir a presidência executiva da Marfrig no próximo ano.

A Marfrig encerrou o primeiro trimestre com prejuízo líquido de 81,2 milhões de reais, revertendo resultado positivo no mesmo período do ano passado, de 34,5 milhões de reais.

A geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) no período somou 491 milhões de reais, crescimento de 19,6 % na comparação anual. No período, a margem Ebitda caiu de 8,2 para 7,6 %.

Analistas consultados pela Reuters estimavam, em média, Ebitda de 478 milhões de reais para a Marfrig.

A dívida bruta da companhia em 31 de março estava em 12,99 bilhões de reais, contra 11,66 bilhões de reais na mesma data no ano passado, um aumento de 11,5 %. Já a dívida líquida saltou 17,9 % no período de um ano para 9,826 bilhões de reais no primeiro trimestre de 2013.


O aumento da dívida reflete o fluxo de caixa da companhia, que foi insuficiente para cobrir os investimentos e o provisionamento de juros no período, informou a empresa.

O custo médio ponderado da dívida bancária da Marfrig subiu para 7,76 % ao ano no primeiro trimestre, ante 7,62 % no quarto trimestre de 2012.

"É obviamente alto, e a melhor ação para baratear o custo é reduzir a dívida... Reduzindo a alavancagem, vamos melhorar a precificação do grupo e conseguir uma visão melhor do mercado", explicou Rial.

O índice de alavancagem, medido pela relação dívida líquida e Ebitda ficou em 4,4 vezes, contra 4,5 vezes no mesmo período do ano passado.

As ações da companhia iniciaram a sessão em alta e mantinham a trajetória nesta manhã, subindo quase 14 %, enquanto o Ibovespa subia 0,7 %, às 12h56.

Medidas em vista

Entre as medidas previstas para reduzir custos, o grupo está fechando quatro unidades de operação, incluindo no Uruguai e Paraguai, e transferindo equipamentos para otimizar o uso de instalações mais bem posicionadas, reduzindo a necessidade de capital de giro.

Além disso, o escritório central da companhia na capital paulista será transferido para o centro de distribuição da Anhanguera, também em São Paulo.

Com isso, a companhia pretende encerrar o ano com uma economia de 250 milhões de reais na necessidade de capital de giro.

Além do foco na redução dos custos, a empresa trabalha ainda com um reposiconamento das marcas Seara e a Rezende e outras, oriundas do acordo de troca de ativos firmados com a BRF, com foco na melhoria do mix de produtos, ou seja, com maior participação de produtos de maior valor agregado.

Segundo Rial, a meta da companhia é manter cerca de 60 % das vendas no mercado interno, reforçando operações com pequenos e médios varejistas, e o restante para o mercado externo.

A Seara Brasil, divisão de produtos in natura e processados de aves e suínos, registrou um aumento de 30 % da receita líquida no período, para 4,229 bilhões de reais no período.


"O primeiro trimestre já demonstra alguns sinais de melhora no desempenho da Seara Brasil... O desafio da Seara Brasil será em dois grandes pilares, em nossa capacidade de adequar a estrutura de custos e na contínua melhoria na gestão de preços de nossos produtos", disse a companhia na divulgação de resultados.

O executivo também ressaltou o firme crescimento da Moy Park, unidade de processamento de aves no Reino Unido, que teve alta de 11 % em volume comercializado e de 15 % em preço médio, por trabalhar com produtos de maior valor agregado. Segundo ele, "a Moy Park está sendo transformada em plataforma para as operações internacionais da Marfrig".

Sobre a questão operacional, a Marfrig trabalha com um cenário positivo em meio à perspectiva de redução de custos com grãos, que pressionou as margens do setor em 2012, e também da carne in natura de aves e suínos.

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