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Marfrig aumenta venda de carne aos EUA após fechamentos por covid-19

A rival JBS USA também sofreu com o fechamento de um frigorífico de bovinos; demanda de carnes caiu cerca de 40% em março no Brasil

Marfrig: especialista acredita que "é provável que haja aumento nas vendas para os EUA" no curto prazo (Paulo Whitaker/Reuters)

Marfrig: especialista acredita que "é provável que haja aumento nas vendas para os EUA" no curto prazo (Paulo Whitaker/Reuters)

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Reuters

Publicado em 9 de maio de 2020 às 11h37.

A Marfrig Global Foods retomou vendas de carne bovina in natura do Brasil aos Estados Unidos, após a reabertura do mercado norte-americano ao produto brasileiro, com uma intensificação na demanda em meio aos fechamentos de frigoríficos naquele país por causa do coronavírus, disse o diretor-presidente da companhia à Reuters, Miguel Gularte.

O mercado norte-americano foi reaberto para aquisição da proteína in natura dos brasileiros em fevereiro deste ano, após uma interrupção nas exportações ocorrida em 2017 por questões sanitárias, e os primeiros embarques após longo período devem ocorrer neste mês, afirmou Gularte.

Segundo o executivo, um aumento das compras dos EUA foi identificado primeiramente nas unidades da Marfrig na Argentina e Uruguai.

"Nos últimos 15 dias foi notado isso no Brasil", disse o executivo, sem detalhar volumes.

Com a reabertura do mercado norte-americano à carne bovina in natura do Brasil, maior exportador global da proteína, a empresa já tinha estratégia de retomar embarques aos EUA, mas a demanda pelo produto brasileiro foi intensificada após recentes fechamentos de frigoríficos nos EUA, devido a casos de coronavírus entre os funcionários.

"É a combinação destes dois fatores", ressaltou.

A própria Marfrig viu unidade de sua controlada nos EUA, a National Beef, ter atividade suspensa em função do coronavírus. A rival JBS USA também sofreu com o fechamento de um frigorífico de bovinos, enquanto outras empresas, como a Tyson Foods e a JBS, tiveram fábricas de suínos fechadas devido ao Covid-19.

A planta da National Beef, localizada em Iowa, voltou a funcionar na última semana.

O presidente da Marfrig afirmou que a unidade de Iowa, que ficou fechada desde o início de março, é a menor entre as três unidades mantidas pela companhia no país e, por isso, o impacto para as operações da empresa foi limitado.

A capacidade de abate total das unidades da National Beef é de 13 mil cabeças por dia, e a fábrica que teve a suspensão temporária das operações abate 1.100 cabeças por dia.

Exportações aquecidas

Passada esta paralisação, Gularte afirmou que, até o momento, não há mais nenhuma suspensão de atividades prevista.

Pelo contrário, as operações da Marfrig na América do Norte estão em sinergia com as da América do Sul, o que favorece o comércio de carnes entre as duas regiões.

"Estamos vivendo uma sinergia operacional na prática, onde temos uma operação robusta como a da National... e isso é uma vantagem competitiva muito grande."

Neste contexto, a proteína bovina é importada da América do Sul para complementar a oferta de matéria-prima que será processada para atender a demanda local.

"As carnes brasileira, uruguaia e argentina são usadas para complementar um mix de produtos feitos pelos americanos... como os hambúrgueres."

No Brasil, as exportações representam 72% das vendas da Marfrig, enquanto o mercado interno fica com 28%. Na Argentina, as exportações respondem por 78% das vendas da empresa e, no Uruguai, a 93%.

Vendas acima do mercado

Gularte ressaltou que durante o primeiro trimestre do ano, o Brasil cresceu 5% em exportações da carne, enquanto as unidades da Marfrig no país avançaram 24% nas vendas para o mercado externo, em meio a uma firme demanda chinesa.

Ele disse ainda que os países do Oriente Médio estão "comprando normalmente", enquanto a União Europeia reduziu muito suas importações, uma vez que a carne importada é mais consumida em restaurantes, que fecharam devido à pandemia.

De qualquer forma, ele avalia que "é provável que haja aumento nas vendas para os EUA" no curto prazo, já que em situações de crise o consumidor norte-americano tende a elevar as compras no varejo para estocar alimentos.

A exemplo disso, após o surto do coronavírus, Gularte disse que as vendas da proteína já cresceram cerca de 20% no comércio do país.

Quanto à demanda no Brasil, ele ressaltou que o consumo de carnes caiu cerca de 40% em março, e que 80% desta queda ocorreu no food service por causa das medidas de isolamento contra a disseminação do coronavírus.

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