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Marca de luxo é responsabilizada por trabalho escravo em SP

Brooksfield Donna, da Via Veneto, pagava cerca de R$ 6 por peça produzida a um grupo de bolivianos, segundo relatório do Ministério do Trabalho


	Números alarmantes: quase 50.000 pessoas foram resgatadas de trabalho escravo no Brasil nos últimos 20 anos
 (Thinkstock/JaysonPhotography)

Números alarmantes: quase 50.000 pessoas foram resgatadas de trabalho escravo no Brasil nos últimos 20 anos (Thinkstock/JaysonPhotography)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 20 de junho de 2016 às 20h18.

São Paulo – Enquanto consumidores chegam a pagar mais de R$ 500 por uma peça de roupa da Brooksfield Donna em shoppings de São Paulo, a marca paga R$ 6, em média, por cada peça produzida por um grupo de bolivianos, na zona leste da cidade.

Foi esse motivo que levou o Ministério do Trabalho e Previdência Social a responsabilizar a empresa por trabalho análogo ao de escravo na manhã de hoje. 

A BBC e a ong Repórter Brasil tiveram acesso com exclusividade ao relatório da denúncia que deixa clara a relação entre a companhia e os fornecedores, apesar da empresa negar qualquer vínculo.

As peças encontradas já continham as etiquetas da marca Brooksfield Donna e o responsável pela oficina era contratado por meio de uma empresa intermediária, a MDS Confecções.

De acordo com a BBC, cinco bolivianos trabalhavam mais de 12 horas por dia, sete dias por semana, e viviam em condições degradantes na oficina, mesmo local onde moravam.

Entre os funcionários, foi resgatada uma menina de 14 anos que trabalhava como os adultos na máquina de costura, uma atividade apontada como uma das “piores de trabalho infantil”, por se tratar de um perigoso equipamento perfurante.

Mais duas crianças estavam no local enquanto as mães costuravam sem parar, outro fator de risco de acidentes graves, segundo o relatório.

Sem condições

A casa, conta o repórter da Repórter Brasil, não contava com extintores, apesar de haver em seu chão um grande acúmulo de tecidos e instalações elétricas precárias. O forte odor evidenciava a falta de higiene do local e, na cozinha, uma pequena panela de arroz e macarrão seria o alimento de todos eles.

Segundo os auditores, “as condições de segurança e saúde eram inexistentes, tanto nos locais de trabalho, como nos locais de moradia”.

Ainda de acordo com o Ministério do Trabalho, a empresa se recusou a pagar os direitos dos resgatados, estimado pelas autoridades em R$ 17.800.

À BBC Brasil, em nota, o departamento de marketing da Via Veneto afirmou que "a empresa não terceiriza a prestação de serviços e seus fornecedores são empresas certificadas. A empresa cumpre regularmente todas as normas do ordenamento jurídico que lhe são aplicáveis".

EXAME.com não conseguiu contato com a rede de vestuário até a publicação desta nota. 

Números alarmantes 

Cerca de 45,8 milhões de pessoas em todo o mundo estão sujeitas a alguma forma de escravidão moderna, quando uma pessoa retira a liberdade individual da outra com a intenção de explorá-la.

A estimativa é do relatório Índice de Escravidão Global 2016, da Fundação Walk Free.

No Brasil, quase 50 mil pessoas foram resgatadas de situações análogas ao trabalho escravo nos últimos 20 anos, a maior parte em Minas Gerais, de acordo com balanço MT, divulgado em 2015.

Entre as empresas do setor de vestuário já autuadas no país nos últimos anos, estão Zara e Riachuelo

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