Gilles Coccoli, da Edenred Brasil: aquisições estão na nossa pauta (Edenred/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 25 de maio de 2023 às 17h13.
Última atualização em 25 de maio de 2023 às 17h49.
Enquanto novos competidores avançam sobre o mercado de benefícios aos trabalhadores, a operação Edenred no Brasil tem ampliado o leque de negócios e a forma de conectar as diferentes frentes. Com crescimento de 16,7% no faturamento por aqui, a empresa adota um posicionamento como ecossistema para abocanhar participação em outros setores e mercados.
A companhia está no Brasil desde os anos 1970 quando chegou com a oferta os vouchers de benefícios, a partir da Ticket. Avançou com a gestão de frota com as marcas Ticket Log e Repom e, desde a última década, também marca presença em pagamentos, com Edenred Pay e a gestão dos gastos dos colaboradores.
O último passo foi a entrada no mercado de maquininhas, com a Punto, uma startup que chegou ao mercado em meados do ano passado. “É uma grande oportunidade de fazer alguma coisa especial para os estabelecimentos afiliados em relação a prover serviços mais ricos do que simplesmente uma transação dos nossos negócios”, afirma Gilles Coccoli, presidente da Edenred Brasil desde 2013.
A unidade de negócios começou com um piloto de 6 mil estabelecimentos como postos de combustível, oficinas mecânicas, restaurantes e supermercados, número que subiu para 20 mil nos últimos meses.
O novo serviço integra o portfólio de ações que o Grupo Edenred enxerga como novas janelas de crescimento globais. No balanço da holding, aparecem como “soluções complementares” e representam 13% do faturamento de mais de € 2 bilhões em 2022. A liderança continua com a operação de benefícios aos trabalhadores, a origem do negócio, com 59%.
Os outros 28% ficam com frota e mobilidade, o segmento que mais cresceu em 2022. No ano passado, a área registrou, globalmente, expansão de 23,5% em relação a 2021 e, nos primeiros meses deste ano, avançou 15,6%, na comparação trimestral.
No Brasil, essa linha de negócio, concentrada pela Ticket Log e Repom, foi reforçada no ano passado com a aquisição do controle acionário da Greenpass, startup que oferece tags de pedágio, área em que a companhia já atuava. A Edenred desembolsou R$ 80 milhões por 51% das ações da empresa, operação vista como uma forma de ampliar as conexões com o público B2B e o B2C.
“É um mercado que tende a aumentar de maneira significativa”, afirma o executivo. “As estradas pavimentadas, asfaltadas ou pedagiadas são ainda uma parte pequena. Com o Brasil crescendo e se modernizando, o mercado de pedágio tende a ser um setor em expansão”.
As movimentações no setor passam também por uma integração cada vez maior entre os serviços que fazem parte do negócio de mobilidade.
Nos últimos três anos, a Edenred lançou dez soluções para facilitar a vida dos clientes com tecnologias que usam inteligência artificial e outros recursos para:
“Aquele cartão de abastecimento ‘já ficou velho’, a nossa proposta de valor hoje vai muito além disso”, diz Coccoli. O discurso do executivo está alinhado também ao seu novo escopo.
Desde o ano passado, além de dirigir a operação brasileira, ele é o encarregado por liderar a companhia globalmente em busca de novas receitas, provenientes de novos mercados e de soluções de pagamentos.
A nova fronteira do negócio da Edenred passa pela integração entre as diversas unidades, introduzindo mais tecnologia no sistema e capturando sinergias que ajudem no cross selling dos produtos.
Até por isso, a empresa tem reforçado os investimentos em inovação. Desde 2016, a holding desembolsou € 1,7 bilhão, sendo € 385 milhões em 2022. Para este ano, a Edenred não abriu o tamanho do cheque, só a meta de contratar globalmente cerca de 700 profissionais de tecnologia — a área atende os 45 países onde a empresa atua e reúne 3 mil funcionários atualmente.
No Brasil, outro caminho que o executivo não descarta para fortalecer a estratégia são as aquisições. “Podem ser aquisições que trazem carteira de clientes ou que trazem complementaridade de soluções mais técnicas, ligadas ao negócio. Isso está na pauta agora”.