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Mais de 80% dos franqueados brasileiros consideram abrir novas unidades, diz pesquisa

A pesquisa realizada pelo instituto Hibou, a pedido da consultoria CommUnit, traçou o perfil do franqueado brasileiro (e seu plano de expansão)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 17 de dezembro de 2024 às 16h20.

Última atualização em 17 de dezembro de 2024 às 16h21.

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O mercado de franquias no Brasil está em movimento. Mais de 80% dos franqueados demonstram interesse em abrir novas unidades, segundo a pesquisa "Perfil do Franqueado e Multifranqueado no Brasil", realizada pelo instituto Hibou, a pedido da consultoria CommUnit. Desses, 58% já confirmaram intenção, enquanto 25% ainda avaliam a possibilidade. Apenas 17% descartam novos investimentos.

A expansão é um plano imediato para boa parte dos entrevistados. Um quarto pretende abrir novas unidades em até seis meses, 31% em até um ano, e 33% em até dois anos. Quando se trata de investimento, 20% planejam aportar até R$ 100.000, enquanto 14% miram valores acima de R$ 1 milhão.

A pesquisa também traçou o perfil dos franqueados brasileiros. O cenário é equilibrado em relação ao gênero dos operadores de franquias no Brasil, com 52% do gênero feminino e 48% do masculino. A maioria dos franqueados (58%) possui apenas uma unidade, mas o crescimento do setor está sendo impulsionado pelos operadores multifranqueados: 26% possuem entre 2 e 5 unidades, enquanto 14% têm entre 6 e 10 operações. Grupos maiores, com mais de 11 unidades, correspondem a 42% do total.

Os multifranqueados também se consolidam como força no setor, passando de 9,5% para 21,6% do total em apenas um ano. Esse grupo de operadores tem apetite maior por expansão, com 48% negociando grupos de franquias simultaneamente e avaliando abrir mais de duas unidades ao mesmo tempo. A maioria opta por crescer dentro de marcas que já operam (66%), favorecendo segmentos conhecidos.

O modelo de repasse, quando um franqueado vende sua operação já em funcionamento para outro empreendedor, também se destacou como estratégia de expansão. Mais da metade dos entrevistados (55%) já adquiriu ou considera adquirir franquias em funcionamento. Esse movimento é visto como uma forma de encurtar o tempo de maturação das operações e reduzir riscos no início das atividades.

Os donos da operação

Denis Santini, da CommUnit, mediou o painel com os multifranqueados Fabio Vaz de Lima e Leandra e Leandra Bisi Priante

Denis Santini, da CommUnit, mediou o painel com os multifranqueados Fabio Vaz de Lima e Leandra e Leandra Bisi Priante

No evento de apresentação dos resultados da pesquisa, dois multifranqueados participaram de um painel contando sobre suas experiências a frente de dezenas de operações. Fabio Vaz de Lima, multifranqueado de marcas como Hering, Borelli e Dengo, e Leandra Bisi Priante, que opera unidades da 5àSec e Havanna, destacaram a importância de planejamento estratégico, leitura de mercado e uma visão de longo prazo.

Fabio Vaz de Lima, que lidera o Grupo Tribo com 30 operações, começou com três lojas em 2015 e aposta na diversificação para crescer. Ele combinou franquias de moda com alimentação, mesmo enfrentando desafios operacionais. “Moda exige inteligência na compra. Já o food demanda atenção operacional. O aprendizado foi essencial para equilibrar essas diferenças e expandir com segurança,” diz.

Leandra Bisi Priante, com 14 operações da 5àSec e duas da Havanna, destacou o papel do repasse no crescimento rápido de uma operação. Após adquirir uma unidade da Havanna, ela conseguiu elevar o faturamento em 60% em menos de um ano. A estratégia foi focar na experiência do cliente.

“Transformamos o espaço em um ambiente acolhedor e ajustamos a operação para entregar valor ao consumidor. Não se trata só de abrir lojas, mas de como você faz o gerenciamento”, diz.

Desafio cultural

Uma das questões centrais para franqueados que apostam em repasses é o desafio cultural. Fabio e Leandra concordam que a cultura da empresa pode fazer ou quebrar um negócio. “Uma estratégia não sobrevive sem uma cultura bem alinhada,” diz Leandra, que precisou ajustar processos e capacitar equipes ao assumir lojas já em funcionamento.

Fabio compartilha da visão e reforça que, ao adquirir novas operações, é necessário investir na transição cultural. “Para crescer, você precisa saber onde está entrando e como implementar a sua cultura. Trouxemos pessoas de confiança de outros negócios para integrar equipes novas. Isso foi essencial.”

Expansão

Além de expansão, a pesquisa mostrou que os desafios para os franqueados em 2025 giram em torno da capacitação de equipes e da gestão eficiente de despesas. Fabio acredita que o varejo pode ser uma alavanca de carreiras para quem busca oportunidades, desde que existam planos claros de crescimento interno. “Ninguém entra no varejo sonhando em ser vendedor, mas é nosso papel transformar isso em uma oportunidade de realização,” diz.

Leandra reforça que a capacitação contínua é fundamental para o sucesso. “Esse é o diferencial competitivo. Equipes preparadas e alinhadas com a cultura da empresa fazem toda a diferença na entrega final ao cliente.”

A experiência do cliente também entrou na pauta do painel. Para Leandra, as lojas precisam ir além do básico para fidelizar consumidores. “Ao assumir uma unidade da Havanna, percebi que o ambiente precisava ser repensado. Trocamos as cadeiras por poltronas, decoramos com plantas e tornamos o espaço mais confortável. Isso atraiu clientes que passaram a trabalhar no local e aumentaram o consumo.”

Já Fabio destacou o uso de tecnologia e inovação nas operações para melhorar processos e integrar equipes. “Investimos em plataformas digitais e no engajamento da equipe. A comunicação rápida e direta com o cliente é um diferencial competitivo.”

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