Maior produtor de café do Brasil tem como principais credores bancos como Bradesco e Banco do Brasil (Timothy Fadek/Getty Images)
André Jankavski
Publicado em 10 de abril de 2019 às 14h00.
Última atualização em 10 de abril de 2019 às 18h02.
São Paulo – O momento complicado das companhias brasileiras continua. E a recuperação judicial segue como uma opção. Desta vez, quem optou pelo meio de evitar a falência foi o produtor e exportador de café João Faria, dono do Grupo Terra Forte. O total da dívida do grupo é de 1,05 bilhão de reais.
No auge da companhia, Faria era o responsável por exportar 6,5% de todo o café brasileiro. Em 2008 chegou a alcançar o posto de maior produtor individual do mundo ao plantar 18 milhões de pés de café.
Nos últimos anos, no entanto, Faria enfrentou problemas em série. O aumento do dólar frente ao real e a queda do preço do café no mercado internacional fizeram com que a dívida do empresário subisse de maneira incontrolável.
Segundo os advogados Alexandre Faro e Gabriel Freire, sócios do escritório Freire, Assis, Sakamoto e Violante Advogados, o empresário se alavancou imaginando que o valor da saca do café estaria em 550 reais. Atualmente, o preço não chega nem a 350 reais.
Os principais credores, segundo a petição enviada para a Justiça nesta terça-feira (10), são bancos e instituições financeiras. O Bradesco, com 140 milhões de reais, o Banco do Brasil, com 120 milhões, e o Banco Cargill, com 110 milhões de reais, são os maiores. Procurados, os bancos não comentaram.
As negociações com os credores irão começar agora, segundo Faro. A ideia do Terra Forte com a recuperação judicial é captar investimento ou atrair um sócio. “A produção de café está indo muito bem e o fundamento de longo prazo ainda existe. A questão é que, agora, o mercado virou”, diz Faro. “A empresa não quebrou.” O empresário não quis conceder entrevista.
A Terra Forte também deve vender alguns ativos para auxiliar no pagamento das dívidas. No ano passado, um fundo americano chegou a sondar a companhia, mas sem sucesso. As terras do empresário estão divididas, principalmente, no sul de Minas Gerais e na região Noroeste do Estado de São Paulo.
EXAME apurou que a decisão pela recuperação judicial foi por conta da pressão dos credores pelo recebimento. “O nível de pressão que ele sofreu dos bancos foi alto”, diz uma fonte com conhecimento das negociações. Os advogados não quiseram comentar.