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Mafra, dona da Cremer, vai ampliar a oferta de materiais hospitalares

Diante do risco de desabastecimento de itens essenciais e da escalada do dólar, o grupo está investindo em distribuição, mas com redução de margem de lucro

Máscaras e luvas estão em risco de desabastecimento (Christian Hartmann/Reuters)

Máscaras e luvas estão em risco de desabastecimento (Christian Hartmann/Reuters)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 30 de março de 2020 às 12h38.

Última atualização em 30 de março de 2020 às 13h42.

Diante do risco de desabastecimento de produtos hospitalares essenciais no combate ao novo coronavírus, o grupo Mafra, maior importador do setor e dono da marca Cremer, vai aumentar sua capacidade de produção e distribuição. A companhia também está negociando o fornecimento a instituições públicas, como o Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo, com redução de margens de lucro.

"Até o final do mês de abril, vamos fazer uma operação de guerra. Tanto no setor público quanto no privado, queremos reforçar as parcerias para que os hospitais fiquem conosco depois que esta crise passar", afirma Leonardo Byrro, presidente do grupo Mafra, em entrevista à EXAME.

Com operações de importação e distribuição nacional de máscaras, luvas, diagnósticos, vacinas, entre outros, o grupo cobre 80% da demanda por remédios no país e 60% dos materiais hospitalares.

Recentemente, a Mafra fechou uma parceria com o HC de São Paulo para abastecimento emergencial de 50.000 máscaras N95, usadas na prevenção da covid-19. A empresa está cobrando somente para cobrir seus custos logísticos neste momento. 

A partir de maio, a ideia é manter um abastecimento semanal, buscando repetir a parceria em todos os itens considerados essenciais no combate ao coronavírus. Além disso, a Mafra vai doar 5.000 máscaras cirúrgicas ao HC.

Risco de desabastecimento

Segundo Byrro, mais de 85% das máscaras e luvas hospitalares usadas no Brasil são importadas da Ásia, em um polo que tem como principais produtores Malásia, China e Coreia do Sul.

Com o aumento da demanda global por estes produtos, em um cenário de escalada significativa do dólar, o setor hospitalar no Brasil acabou sendo fortemente prejudicado, bem no meio do furacão do coronavírus.

Neste contexto, o grupo Mafra está investindo na produção local de máscaras, em um projeto cujo lote piloto está previsto para abril. Além disso, a empresa também vai investir 5 milhões de reais para ampliar a frota de caminhões próprios, que hoje conta com 200 veículos.

"Nossas operações estão rodando com força total", diz Byrro. As fábricas estão operando 24 horas, todos os dias da semana, em uma força-tarefa de 3.000 funcionários.

O esforço será primordial para atender ao aumento substancial da demanda. De acordo com Antonio José Rodrigues Pereira, superintendente do HC de São Paulo, a instituição consumia diariamente 5.000 máscaras brancas e, no pico do coronavírus, deverá chegar a 30.000 unidades por dia.

"Notamos um grande engajamento de diversos setores no combate à covid-19, inclusive da iniciativa privada. Neste momento, vejo que as empresas não estão somente preocupadas com o valor comercial", afirma Pereira.

Em Santa Catarina, onde fica a sede da Cremer, o grupo Mafra também fechou parcerias com prefeituras e secretarias de Saúde para o fornecimento de aventais, gorros, máscaras, luvas, álcool em gel, entre outros itens.

"As empresas estão se aproximando do setor público para manter a cadeia abastecida, mesmo com a disparada dos custos", garante Byrro.

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