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'Made in Brazil': como funciona a produção local da Shein — que já conta com 330 fábricas

Desde o anúncio da operação local, em abril, a Shein já produziu quatro mil modelos de roupas no Brasil

Shein: marca quer transformar o Brasil em um hub de exportação para a América Latina  (Pavlo Gonchar/SOPA/Getty Images)

Shein: marca quer transformar o Brasil em um hub de exportação para a América Latina (Pavlo Gonchar/SOPA/Getty Images)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 19 de outubro de 2023 às 09h02.

Última atualização em 6 de novembro de 2023 às 08h08.

A varejista de moda Shein segue expandindo sua produção no Brasil. Desde o anúncio da operação local, em abril, a marca conta com 330 fábricas parceiras em 12 estados, das quais 213 já estão produzindo. Ao todo, quatro mil modelos de roupas já foram feitos no Brasil. Agora, a marca anuncia o lançamento de novas linhas de roupas 'made in brazil': plus size, fitness, moda praia e moda intima.

Os planos da Shein para o Brasil são ambiciosos e não dependem da regulação da importação de compras no exterior. A marca estima que, em três anos, 85% das vendas serão de produtos feitos no Brasil. Para isso, a companhia fez um investimento inicial de R$ 750 milhões e quer chegar a 2.000 fábricas parceiras até 2026.

A produção local da Shein é liderada pela executiva Fabiana Magalhães, que tem passagens pela AliExpress, Dafiti, Marisa e Riachuelo. Ela lidera uma equipe de 80 funcionários responsável pela gestão do mercado local, criação das marcas próprias e desenvolvimento de parceira com a indústria da moda local.

"Queremos desenvolver a indústria local com a transferência de tecnologia e metodologia própria da Shein. A expectativa é transformar o Brasil em um hub de exportação para a América Latina", diz a diretora.

Como funciona a produção da Shein no Brasil

Diferente do varejo tradicional, a Shein tem um modelo de negócios baseado em produção de pequena escala e não trabalha com grandes estoques. A marca produz pequenos lotes de roupas, com 100 a 200 peças, que são anunciados no e-commerce. Caso as peças tenham demanda, novas encomendas são realizadas aos fornecedores.

No Brasil, não é diferente. O processo de pesquisa, confecção, testes até a divulgação das peças no site varia entre 30 a 40 dias. O processo de reposição acontece, em média, a cada duas semanas. Para garantir ainda mais agilidade dos fornecedores parceiros, a Shein disponibiliza todos os dados de vendas em todo real.

“Temos uma equipe de planejamento e tendências que se dedica a analisar as passarelas, as tendências da moda e as necessidades dos consumidores. Cada tendência é confirmada com tecnologia, por meio da análise de dados”, explica Magalhães.

Para atender a Shein, os fornecedores têm que se adaptar ao modelo de produção mais rápido e dinâmico da marca. A diretora acredita que a companhia tem um case de sucesso que atrai muitos parceiros interessados em participar do momento de inovação do mercado.

"Nós produzimos o que os clientes querem consumir com base em dados. O fabricante está no centro da operação, ele tem acesso aos dados de venda em tempo real. A Shein atrai muitas fábricas que entenderam que o mercado está mudando e que o antigo modelo talvez não os leve ao futuro", diz.

Os parceiros estão localizados em estados como Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte.

Os preços da Shein vão aumentar?

É consenso que os preços praticados pela Shein são menores do que de outras varejistas de moda que atuam no Brasil. Porém, de acordo com relatório do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), a vantagem de preço da empresa asiática diminuiu nos últimos seis meses.

O relatório atribui o aumento dos preços ao novo sistema de importação para compras no exterior, que tornou a Shein e outras plataformas asiáticas menos competitivas. Mesmo assim, o e-commerce ainda consegue oferecer preços bem menores que Renner, C&A e Riachuelo. A diferença de preço varia de 17% a 26%.

A marca nega que tenha aumentado o preço de seus produtos, tanto os importados quanto os produzidos no Brasil. No mês passado, a Shein anunciou o subsidio do ICMS das compras até US$ 50, na tentativa de manter o mesmo preço final para os consumidores. 

Sobre a produção local, Magalhães garante que é possível produzir algumas peças até mais baratas do que as importadas.

"Com a produção local não temos os custos logísticos de importação e contamos com matéria prima nacional de boa qualidade, o que fortalece a nossa competividade e missão de entregar moda de qualidade com preços acessíveis ", diz.

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