A Lufthansa teve lucro líquido de 1,1 bilhão de euros em 2010, mais que o dobro da estimativa média de analistas de 485 milhões (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 8 de setembro de 2011 às 17h20.
Rio de Janeiro - A companhia aérea alemã Lufthansa está mirando o mercado latino-americano, em especial o Brasil, para ampliar suas operações em um momento de crise nas economias dos Estados Unidos e da Europa, afirmou o diretora da companhia para as Américas, Martin Riecken, nesta quinta-feira.
A empresa aérea espera chegar até o início do ano que vem com 50 frequências semanais na América Latina, um crescimento de mais de 50 por cento sobre as 33 frequências de 2010.
"O mercado latino-americano é muito promissor. Dentro da companhia ainda é pequeno, mas com um potencial de crescimento muito grande", disse ele a jornalistas. "A Índia sozinha já conta com 40 frequencias semanais", ponderou.
Em 30 de outubro, o grupo alemão vai inaugurar uma nova rota ligando o Rio de Janeiro a Frankfurt. A empresa anunciou recentemente um aumento de 5 para 7 nos vôos semanais de São Paulo, principal base da empresa no Brasil, para Munique.
Dessa forma, as freqüências semanais da empresa no Brasil subiram de 19 para 26, mais da metade das rotas para a América Latina.
"Nós operamos na Venezuela, Argentina, Colômbia, México e queremos crescer ainda mais. O objetivo é ampliar o números de países e pessoas", disse Riecken. "O Brasil é um país estratégico para nós. Não só pelos eventos que vem por aí --Copa do Mundo e Olimpíadas--, mas pelo grande número de negócios, principalmente nos setores de infra-estrutura, óleo e gás", acrescentou.
Apesar da ameaça de uma nova crise global, a empresa mantém a perspectiva de um lucro operacional esse ano na casa de 1 bilhão de euros, mesmo montante auferido em 2010. A demanda na América do Norte e na Europa deve cair, segundo o executivo, diante da perspectiva de um crescimento econômico menor, bem como no Japão e no norte da África, em razão do tsunami de março e dos conflitos políticos, respectivamente.
Por outro lado, a demanda interna da Alemanha e nos novos mercados, como América Latina, deve se manter forte. "Por enquanto mantemos nossos números, podemos até rever se a crise vier mais forte. Qualquer empresa faria isso, mas a Alemanha continua com demanda forte e outros mercados com demanda crescendo. Estamos crescendo e investindo, apesar da crise", disse ele.
TAP
O grupo alemão possui 710 aviões em operação sendo 317 da Lufthansa. Os demais aviões pertencem a outras empresas do conglomerado como Swiss, BMI e Austrian Airlines, adquiridas nos últimos 5 anos
Segundo o executivo, a consolidação desse processo ainda está em curso e o grupo precisará de um pouco mais de tempo para arrumar a casa. Por isso, Riecken descarta interesse da Lufthansa na compra da estatal portuguesa TAP, que será privatizada.
"Ainda estamos num processo de consolidar as aquisições. Também não teríamos cacife para comprar mais uma empresa sem prejudicar nossas contas", destacou ele.
Mesmo apostando na expansão do mercado brasileiro, o executivo disse que a empresa também não pretende participar dos leilões de concessão à iniciativa privada dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília, que devem ocorrer até o fim do ano.
"Definitivamente, não queremos caminhar nessa direção. Queremos manter nosso foco em carga, manutenção e transporte de pessoas. Não queremos ampliar o leque", finalizou Riecken ao lembrar que a Lufthansa tem participações estratégicas na administração dos aeroportos de Frankfurt e Munique.