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Lucro recorde da Petrobras mostra ciclo positivo, mas dívida preocupa

A companhia deve se manter bem posicionada no curto prazo, embora o avanço do endividamento tenha acendido um alerta no mercado

Empresa teve lucro líquido de 40 bilhões de reais no ano passado (Mario Tama / Equipa/Getty Images)

Empresa teve lucro líquido de 40 bilhões de reais no ano passado (Mario Tama / Equipa/Getty Images)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 24 de fevereiro de 2020 às 10h00.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2020 às 10h00.

Os altos e baixos da indústria petrolífera global não foram obstáculos para a Petrobras registrar o maior lucro de sua história em 2019, de aproximadamente 40 bilhões de reais. Segundo analistas ouvidos pela EXAME, a companhia deve se manter bem posicionada no curto prazo, com expectativa de forte geração de caixa proveniente de suas operações no pré-sal. No entanto, o endividamento da companhia é uma preocupação.

A dívida líquida da Petrobras subiu de 69,3 bilhões de dólares, ao final de 2018, para 78,8 bilhões no encerramento de 2019. A alavancagem medida pela relação dívida líquida sobre o Ebitda permaneceu praticamente estável, em 2,4 vezes, mas ainda distante da meta de 1,5 vez para o fim de 2020. 

“Apesar dos progressos visíveis no exercício de 2019, a dívida líquida da empresa continua alta”, avalia Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos. Ele lembra que os leilões de novembro resultaram em uma diminuição de aproximadamente 25 bilhões de reais no caixa da companhia e, por isso, o mercado aguarda a continuidade da política de venda de ativos.

Em coletiva de imprensa na quinta-feira, 20, Roberto Castello Branco, presidente da estatal, reforçou que a Petrobras manterá o foco na redução do endividamento, "que ainda está alto".

"A companhia sofreu um desmonte por muitos anos, foi assaltada por uma organização criminosa. Estamos fazendo um esforço para desfazer esse desmonte, o que leva muito tempo, mas os resultados no curto prazo são bons."

Ele ressaltou ainda que a empresa pagou 24 bilhões de dólares em dívidas. "É muito dinheiro para qualquer companhia do mundo. Temos que preparar o futuro da empresa."

Luiz Francisco Caetano, analista da Planner Investimentos, alerta ainda para as oscilações de preços do petróleo. "Como qualquer empresa de commodity, a maior preocupação de curto prazo é a cotação do produto. O coronavírus tem perturbado o mercado."

Outra preocupação que se desenha para o resultado do primeiro trimestre é o impacto da greve dos petroleiros, que durou 20 dias, em protesto às demissões em uma unidade de fertilizantes da Petrobras. A companhia vem destacando, entretanto, que a paralisação "não teve impacto significativo na produção."

Longo prazo

Outra preocupação, mais de longo prazo, refere-se à concentração quase que exclusiva dos investimentos em exploração e produção na área do pré-sal, sem grandes menções a outros tipos de energias, como renováveis, por exemplo. Castello Branco disse na coletiva que, por enquanto, não há metas de longo prazo neste sentido. Ele foi questionado sobre o anúncio, no início deste mês, acerca das metas da petroleira britânica BP de zero emissões líquidas até 2050.

"Temos um planejamento estratégico de 2020 a 2024, com metas viáveis e que possamos ser cobrados. Não temos plano para 2050", disse o executivo.

Para Marcelo Fonseca, economista e sócio da consultoria HLB Brasil, a Petrobras ainda não tem uma agenda além do petróleo como a Equinor e a Shell, que estão tentando mudar sua imagem para se tornarem empresas de energia. "Por enquanto, o foco prioritário da estatal brasileira é buscar a recuperação e, neste sentido, ela tem sido bem-sucedida”, avalia.

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