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Lucro do Burger King despenca, sob comando de donos da Ambev

Resultado foi afetado pela estratégia de franquear unidades próprias e pelo impacto do câmbio


	Sanduíche BK Picanha, criado pelo Burger King especialmente para o Brasil: iniciativa para incrementar menu premium
 (Burger King/Divulgação)

Sanduíche BK Picanha, criado pelo Burger King especialmente para o Brasil: iniciativa para incrementar menu premium (Burger King/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 29 de outubro de 2012 às 10h22.

São Paulo - A rede de fast food Burger King até tentou enxugar ao máximo seus despesas. Mas o corte de 42,7% nos gastos com pessoal, equipamentos e operações não foi suficiente para estancar a vertiginosa queda no lucro líquido da companhia. De julho a setembro, a rede embolsou 6,6 milhões de dólares, contra 38,8 milhões apresentados em igual período do ano anterior - um encolhimento de 83%.

No balanço divulgado hoje, o Burger King atribuiu o resultado ao impacto do câmbio e à sua estratégia de franquear lojas próprias. A receita total da empresa caiu 25,8%, chegando a 451,1 milhões de dólares.

Hoje, os restaurantes que pertencem aos controladores somam 595 estabelecimentos pelo mundo. No mesmo trimestre de 2011, eram 1.295 unidades. O número de franquias, por outro lado, aumentou 8,7%, chegando a 12.072 lanchonetes.

Aposta no longo prazo

Embora soubesse de antemão que iria sangrar por essa frente, o Burger King quer ganhar no médio prazo com o plano, diminuindo sua exposição ao custo das matérias-primas, por exemplo. Em contrapartida, a companhia espera melhorar sua margem operacional, tornando a receita obtida com royalties também mais estável.

Em divulgações anteriores, o Burger King já havia deixado clara a expectativa de franquear mais de 90% da marca até 2015. Caminhando na contramão, o arquirrival McDonald's deve dois terços da sua receita às lojas próprias.

"Nossos funcionários e franquias estão se esforçando para entregar um resultado final forte neste ano crítico", afirmou o presidente-executivo da empresa, o brasileiro Bernardo Hees, em trecho do balanço.


Em setembro de 2010, o fundo 3G Capital, dos empresários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, comprou o Burger King e tirou a empresa da bolsa de valores. Desde então, um agressivo corte de custos vem sendo observado nos números da empresa, nos moldes do que a trinca de executivos já havia feito em gigantes como a cervejaria AB Inbev, controladora da Ambev. 

No meio deste ano, a número 2 em fast food no mundo voltou a ter suas ações negociadas na bolsa depois do fundo britânico Justice Holdings adquirir uma participação na rede.

Realidade

Na América Latina e Caribe, o cenário foi um pouco melhor para o Burger King: as vendas comparáveis subiram 2,7% no trimestre, contra 1,4% na média global. A empresa ligou o percentual às suas iniciativas para equilibrar as opções de menu e complementar a oferta premium, citando a criação do hambúrguer de picanha criado especificamente para o Brasil.

Mas a representatividade da região ainda é baixa para a rede, não chegando a 5% da receita total. Estados Unidos e Canadá, por outro lado, respondem por mais de 60% desse bolo. E foi justamente nesses países que o Burger King mais viu a receita cair: foram 283,4 milhões de dólares registrados neste trimestre, contra 406 milhões indicados no ano passado.

Ainda assim, o Burger King se disse satisfeito com os resultados de suas ofertas de tempo limitado na região e com o "progresso em atrair uma base de clientes mais diversificada", embora tenha reconhecido o desaceleração no crescimento das vendas comparáveis devido a "comparações anuais mais desafiadoras" e à "perda de tráfego baseada em valor".

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