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Lucro da Minerva cai 4,3% no 1º trimestre com desafios no Brasil

A disparada nas cotações da arroba bovina aliada ao enfraquecimento do mercado interno em meio à pandemia afetaram todo o setor e limitaram as margens da companhia

Linha de produção de carnes processadas da Minerva em Barretos, no estado de São Paulo (Ricardo Benichio/Exame)

Linha de produção de carnes processadas da Minerva em Barretos, no estado de São Paulo (Ricardo Benichio/Exame)

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Reuters

Publicado em 4 de maio de 2021 às 19h34.

A Minerva Foods, maior exportadora de carne bovina da América do Sul, reportou nesta terça-feira lucro líquido de 259,5 milhões de reais para o primeiro trimestre deste ano, queda de 4,3% em relação ao mesmo período de 2020, pressionada por um cenário adverso nas operações do Brasil.

Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) avançou 27,1% no período, para 484,9 milhões de reais, informou a companhia em balanço financeiro.

A disparada nas cotações da arroba bovina, acima de 300 reais, aliada ao enfraquecimento do mercado interno em meio à pandemia da Covid-19 e exportações que ganharam ritmo mais firme somente a partir de março afetaram todo o setor e limitaram as margens da companhia.

No entanto, o desempenho da subsidiária Athena Foods compensou uma parcela significativa dos resultados, puxada pelo desempenho em países como Paraguai, Colômbia e Uruguai, disse o CEO da Minerva, Fernando Galletti de Queiroz, em videoconferência com jornalistas.

"É a primeira vez em que Athena passa em um trimestre inteiro a operação brasileira, em receita", afirmou o executivo.

A receita bruta da Minerva foi de 6,1 bilhões de reais no primeiro trimestre, alta de 37,7% no comparativo anual. Deste montante, 3,06 bilhões correspondem a Athena (+60,8%) e 2,68 bilhões são provenientes da unidade do Brasil (+26,4%).

A receita líquida alcançou 5,8 bilhões de reais entre janeiro e março, avanço de 39,3% ante igual período do ano anterior.

O diretor financeiro e de Relações com Investidores da Minerva, Edison Ticle, acrescentou que mesmo com a restrição na oferta de gado terminado para abate no Brasil, a diversificação geográfica da empresa conseguiu compensar o "desbalanceamento de oferta e demanda".

Segundo dados da companhia, o volume total de abates do primeiro trimestre cresceu 15,1% no comparativo anual, para 862 mil cabeças. Isso porque os abates da Athena subiram 39,3%, para 552,2 mil cabeças, enquanto no Brasil esse percentual caiu 12,2%, para 309,8 mil.

Na mesma linha, o volume de vendas de carne da empresa aumentou 14,1% de janeiro a março, ante igual período de 2020, para 290,4 mil toneladas, puxada pelas vendas da Athena, que tiveram incremento de 38%, compensando a queda de 9,5% na comercialização vinda da unidade brasileira.

"Como no Brasil passamos por um ciclo mais negativo no curto prazo, as margens no Brasil não tendem a se ampliar (tanto) como em outras regiões da América do Sul", estimou Ticle sobre o cenário de mercado para os próximos meses.

Sobre as exportações, o CEO da Minerva disse que o quadro é positivo, com preços em alta impulsionados pelo sudeste asiático e América do Norte.

"Temos também a situação estrutural que vem da febre suína, menos letal mas continua se espalhando e somada com isso a situação de Austrália, que continua bastante complicada, com o menor número de abate em 36 anos", citou Queiroz sobre questões que pressionam a oferta global de carne vermelha.

"O mercado asiático segue apresentando forte demanda (por carne), com destaque para a China que, com 35% da receita de exportação, permanece como nosso principal destino, além do crescimento em outros mercados relevantes como Filipinas, Indonésia e Tailândia."

Além disso, Queiroz afirmou que há expectativa de novas aberturas de mercado para exportação a países como Coreia do Sul e Canadá.

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