Negócios

Os irmãos de Belém do Pará que sonham em organizar as empresas do Brasil

Os irmãos Rodrigo e Daniel Murta são donos do Looqbox, empresa de dados que acaba de anunciar a entrada no segmento de agentes de IA

Rodrigo e Daniel Murta, do Looqbox: empresa começou com pilotos na rede St. Marche em 2013

Rodrigo e Daniel Murta, do Looqbox: empresa começou com pilotos na rede St. Marche em 2013

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 25 de agosto de 2025 às 06h00.

Tudo sobreStartups
Saiba mais

Quando você pensa em inteligência artificial, o que vem à mente? Talvez o ChatGPT, aquele que conversa e entende as perguntas de forma simples e rápida. Agora, imagine uma versão corporativa dessa tecnologia, capaz de acessar diretamente os dados de vendas, estoque e desempenho da empresa, tudo em tempo real.

Essa é a proposta do Looqbox, que acaba de anunciar o lançamento do produto Agente de Dados.

Criado por Rodrigo e Daniel Murta, o Looqbox surgiu em 2013 para resolver um problema simples, mas crucial no mercado: a dificuldade das empresas em acessar dados estratégicos de forma rápida e prática.

Cerca de doze anos atrás, os irmãos de Belém do Pará, com formações complementares em física e administração, decidiram se juntar para empreender. “Os dados existiam, mas não chegavam à linha de frente no ritmo do varejo”, conta Rodrigo, CEO da empresa.

Antes, as equipes dependiam de relatórios, planilhas e análises demoradas. A plataforma da Looqbox permitiu que qualquer colaborador consulte dados em linguagem natural e tome decisões mais rápidas.

"Começamos com pilotos na rede St. Marche, focando em casos de uso de frente de loja com impacto claro em venda", diz Rodrigo. Em 2017, vieram projetos com grandes empresas, como o Grupo Casas Bahia — validação que consolidou a tração do Looqbox.

De lá para cá, a startup atingiu uma base de 40 mil usuários e acompanha mais de R$ 68 bilhões em vendas anuais. Hoje, o Looqbox fatura R$ 10,8 milhões por ano e espera alcançar R$ 18 milhões até 2026 com o lançamento de um novo produto.

A novidade do Looqbox

Chamada de Agente de Dados, a ferramenta usa inteligência artificial generativa para acessar e interpretar dados internos de empresas, transformando-os em respostas rápidas.

O produto também analisa padrões e gera recomendações em tempo real. Por exemplo, pode identificar rapidamente os produtos mais vendidos no último mês e sugerir ajustes em estratégias de estoque ou marketing, sem depender de uma equipe de analistas.

Mais de 50 empresas estão na fila para usar a plataforma. Por enquanto, a Renner é o primeiro cliente.

“Nosso objetivo é transformar o acesso a dados internos em uma experiência simples e intuitiva para todos os níveis da empresa”, explica Daniel, CTO do Looqbox.


Competição acirrada

O que não vai faltar para a Looqbox é competição. Os agentes de IA são o assunto do momento no setor de inteligência artificial, um passo mais perto de alcançar uma tecnologia que trabalha sem qualquer auxílio humano.

As gigantes americanas Microsoft, IBM, Google, Salesforce e Amazon, por exemplo, já têm versões corporativas de chatbots ou agentes de IA para empresas. A OpenAI, dona do ChatGPT, e a startup francesa Mistral também estão criando ferramentas parecidas.

Por aqui, startups de todos os portes têm lançado agentes de IA. Alguns criaram uma ferramenta nichada: a brasileira Voll criou uma ferramenta para ajudar empresas a sempre economizarem em viagens corporativas, por exemplo.

A fintech Cloudwalk lançou o JIM, assistente de IA capaz de otimizar campanhas de venda, gerenciar fluxo de caixa e até gerar conteúdo para as redes sociais. Mais recentemente, a curitibana Olist anunciou a Lis, uma assistente conversacional capaz de emitir notas fiscais, atualizar preços e mais.

O que são agentes de IA?

Agentes de IA são como funcionários digitais superinteligentes, capazes de realizar tarefas do começo ao fim, sozinhos.

Enquanto um chatbot apenas responde a perguntas, um agente de IA vai além. Imagine que ele não só cria uma receita, mas também compra os ingredientes, agenda a entrega e ainda avisa quando a refeição está pronta.

Por que são importantes para as empresas?

O principal objetivo dos agentes de IA é liberar os humanos das tarefas repetitivas. Isso significa mais agilidade, mais inovação e uma operação mais eficiente para as empresas. É como um time invisível trabalhando 24 horas por dia.

Entusiastas acreditam que esta é a primeira etapa para a Inteligência Artificial Geral (AGI), sistemas que serão capazes de superar os humanos nas tarefas mais complexas e valiosas. Alguns, como o CEO da OpenAI, Sam Altman, apontam que o momento que a AGI tomará conta está próximo (mas ele dizer isso está mais atrelado ao sonho do IPO e o contrato da empresa com a Microsoft do que qualquer outra coisa).

Os críticos da IA dizem que a ideia de uma AGI aparecer 'logo ali na esquina' é uma promessa falsa e enganosa. Um estudo publicado na Computational Brain & Behavior indica que as IAs de hoje são apenas boas em imitar a inteligência humana de verdade. Em suma, acreditar que a AGI vai surgir rapidamente seria uma contradição lógica diante das limitações computacionais que existem.

Por enquanto, temos os agentes de IA — que já funcionam e impactam milhares de empresas pelo mundo. Hoje, esse setor é avaliado em US$ 5 bilhões e a previsão é que atinja US$ 47,1 bilhões até 2030, um crescimento impressionante de 44,8% ao ano.

Acompanhe tudo sobre:StartupsInteligência artificial

Mais de Negócios

25 franquias baratas a partir de R$ 4.990 para fazer renda extra

Ele morou no Japão e nos EUA, mas escolheu o Brasil para ter uma startup de IA

Electrolux investe R$ 700 mi em nova fábrica no Brasil. E não teme tarifaço: 'Não vão nos impactar'

A fintech de R$ 1 bilhão que ajuda qualquer pessoa com R$ 500 a investir