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Loft adquire CrediHome e acelera expansão em crédito e fora do eixo Rio-SP

Loft assume a liderança em originação de crédito para a compra de imóveis, começa a operar em BH e ampliará a presença nas regiões metropolitanas de SP e Rio

Os sócios-fundadores da Loft, Florian Hagenbuch (à esquerda) e Mate Pencz | Foto: Leandro Fonseca/EXAME (Leandro Fonseca/Exame)

Os sócios-fundadores da Loft, Florian Hagenbuch (à esquerda) e Mate Pencz | Foto: Leandro Fonseca/EXAME (Leandro Fonseca/Exame)

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Marcelo Sakate

Publicado em 24 de agosto de 2021 às 12h50.

A Loft, uma das maiores startups do país dedicadas ao mercado imobiliário e uma das líderes em compra e venda de imóveis, está acelerando o seu plano de crescimento: anunciou ao mercado nesta terça-feira, 24 de agosto, a aquisição da CrediHome, startup especializada na intermediação na originação de crédito imobiliário.

Com o negócio, antecipado pela EXAME na última quinta-feira, dia 19, a Loft se torna o principal player do país nessa operação, que é a intermediação do pedido do cliente via imobiliárias, assessorias e portais especializados com os bancos que concedem efetivamente o financiamento.

Serão mais de 600 milhões de reais por mês, o que dá um volume anualizado de mais de 7,2 bilhões de reais por ano.

Os próximos passos da startup também incluem a expansão geográfica para além das cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, segundo revelaram os sócios-fundadores Mate Pencz e Florian Hagenbuch à EXAME. A própria aquisição da CrediHome reforça essa frente, dado que mais de 50% da operação está fora do Sudeste.

Foi lançada também uma nova campanha de marketing, com foco em branding, para fortalecer a marca.

As novas ações estratégicas fazem parte do plano de expansão definido por ocasião da rodada Series D em maio, que captou 525 milhões de dólares. A Loft foi avaliada em 2,9 bilhões de dólares (cerca de 15 bilhões de reais).

"Queremos ser a plataforma que oferece soluções de ponta-a-ponta relacionadas à compra e à venda do imóvel, no ciclo completo de moradia", disse Hagenbuch.

“A penetração do crédito imobiliário ainda é muito baixa no país, em torno do equivalente a 10% do PIB. Em outros países, chega a 50% ou mais. Com essa aquisição, aumentamos a nossa taxa de conversão de compra de imóveis na plataforma, o que significa mais pessoas conseguem trocar de casa”, afirmou.

Fundada em 2018 por Pencz e Hagenbuch e hoje estabelecida nos principais bairros de renda média-alta das cidades de São Paulo e no Rio de Janeiro, a Loft está ampliando o número de áreas atendidas nas duas cidades e começou a operar em “soft launch” (uma fase preliminar de lançamento) em Belo Horizonte.

Até o fim do ano, vai entrar em cidades da região metropolitana da capital paulista, como Guarulhos, Osasco e cidades do ABC. O número de imóveis na plataforma deve mais do que dobrar de tamanho, das atuais 25.000 unidades para mais de 50.000. Nas projeções mais otimistas, a base pode chegar a 75.000 imóveis nos próximos meses.

“Vamos aproveitar a capilaridade que imobiliárias e corretores possuem para integrá-las na cadeia para prestar um atendimento personalizado com uso de tecnologia”, diz Pencz. É um modelo em que o conhecimento do corretor do bairro ou da cidade é considerado um ativo fundamental para que a operação seja concretizada e proporcione satisfação para as partes.

Na mesma direção, a Loft lançou há três meses um programa de incentivo a cem corretores com melhor desempenho, com benefícios que vão de ajuda de custo de até 5.100 reais mensais a plano de saúde. 

Segundo Pencz, produtos em desenvolvimento e aquisições vão nessa direção, em um modelo que, segundo ele, se assemelha ao relacionamento de corretoras com escritórios de agentes autônomos.

“Queremos criar um sistema transacional integrado para ajudar as pessoas a encontrar o lar ideal e também o seguro residencial e o financiamento mais adequados”, afirma o empreendedor. São serviços financeiros, ao menos neste momento, relacionados à jornada da moradia. Um exemplo que tem ganhado escala é o empréstimo com o imóvel como garantia, o home equity, que tem juros mais baixos justamente por causa da proteção para o credor.

Há dois meses, a Loft anunciou a aquisição da CredPago, considerada a maior fintech do país especializada em oferecer garantias para quem quer alugar um apartamento ou casa. Com a operação, ampliou a sua capacidade de oferecer produtos financeiros e a sua rede de distribuição, uma vez que a startup tem mais de 16.000 imobiliárias como clientes em mais de 500 cidades.

A Loft passou a contar com o BTG Pactual (BPAC11, do mesmo grupo que controla a EXAME), que tinha 49% da CredPago, como acionista minoritário com 5% do seu capital. O plano é aproveitar a expertise do banco para estruturar novos produtos e provê-los com liquidez.

A visão estratégica da Loft é atrair para a sua plataforma um número crescente de imobiliárias, corretores e, por tabela, de proprietários de imóveis. Para tanto, a startup decidiu adotar uma ação agressiva e passou a oferecer cashback (devolução parcial) equivalente a 3% do valor de venda de imóveis que sejam cadastrados por seus proprietários na plataforma. Os recursos que deixam de entrar são compensados pela venda de outros produtos para o cliente.

“Queremos acelerar o crescimento para dar um salto no número de usuários porque entendemos que o momento é muito propício e podemos estar diante de um ponto de inflexão do mercado. Vemos uma aceitação maior do nosso serviço tanto do lado da demanda como da oferta”, resume Pencz em referência ao número crescente de brasileiros que decidem migrar a jornada de compra e aluguel  para plataformas digitais.

“O brasileiro já está pronto para a mudança do mercado. Ele já está sem paciência para as dores transacionais e a falta de transparência”, afirma Pencz. Segundo ele, o desafio é a execução da estratégia e o ganho de escala.

O objetivo de ampliar o acesso do brasileiro à casa própria deve inspirar novos modelos de negócios, como o chamado “do aluguel para a propriedade” (rent to own, em inglês). Como o nome já sugere, parte do dinheiro pago no aluguel é depois descontado quando o cliente decide comprar o imóvel em que já mora.

O modelo não chegou ao Brasil, mas já existe nos Estados Unidos com startups como a Divyy Homes.

“Há muita inovação no setor imobiliário em produtos financeiros que vão além do home equity. Estamos trabalhando para facilitar a troca da casa, para que isso possa funcionar de forma semelhante ao da mudança de carro”, afirma Pencz.

Segundo ele, é uma operação que exige engenharia financeira para fazer a precificação assertiva do imóvel que se vende e se adquire e do financiamento necessário para bancar a diferença. Além disso, leva em conta o fato de que dar saída para quem quer vender ajuda a girar o mercado.

No fim, o objetivo é a experiência fique mais próxima da hoje existente nos principais players de e-commerce, como Mercado Livre, Magazine Luiza ou Amazon: tenha transparência nos preços, praticidade e segurança para quem decide fazer uma compra.

A questão da transparência é uma das prioridades. A Loft desenvolveu um modelo de precificação do valor de compra em cima de uma base crescente de dados com informações de transação. A ferramenta considera mais de 250.000 imóveis de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte que registraram alguma transação nos últimos dez anos.

Em parceria com a EXAME, a startup lançou o Índice Especulômetro EXAME-Loft, que revela a diferença média de valores entre os imóveis anunciados na plataforma e o efetivamente acertado e registrado em cartório na cidade de São Paulo.

O racional comprovado de maneira empírica é que os imóveis anunciados nas respectivas plataformas com valores mais realistas são negociados mais rapidamente, o que economiza tempo e dinheiro para todas as partes.

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