Oi: relação de credores tem quase 400 páginas e mostra que dívidas atingem até pessoas físicas (Nacho Doce/Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2016 às 10h09.
Rio e São Paulo - Os credores sem garantia real (quirografários) são os que têm a maior quantia a receber da Oi, um total de R$ 61,2 bilhões. Há nessa relação, por exemplo, bancos e detentores de títulos.
A dívida total que consta no plano é de R$ 65,4 bilhões. O Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, obteve a lista de credores da operadora apresentada na Justiça.
A relação, com quase 400 páginas, traz ainda o detalhamento de quanto dessa parcela está em moeda estrangeira. Dentro dos R$ 61,2 bilhões, são 9,56 bilhões de euros.
Somente os detentores de títulos somam quase R$ 34 bilhões. Desse total, são representados pelo Citicorp Trustee Company, que são credores com valores que somam R$ 15,7 bilhões, e pelo The Bank of New York Mellon, outros R$ 18,16 bilhões. Fontes afirmam que eles detêm debêntures.
Os demais credores são microempresas e empresas de pequeno porte (R$ 158,2 milhões), trabalhadores (R$ 668 milhões) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), único da lista que possui garantia real. O banco de fomento possui crédito de R$ 3,34 bilhões.
Há um grande número de pessoas físicas listadas no documento dentro da parte de credores sem garantia real, sendo que parte delas são pessoas que entraram com ações na Justiça contra a operadora, apurou o Broadcast.
Na lista, aparecem ainda grandes empresas e fornecedores, como a Alcatel Lucent Brasil (R$ 30,9 milhões), Nokia Siemens (R$ 26,8 milhões), a Nokia Solutions (R$ 102,2 milhões) e IBM Brasil (R$ 31,2 milhões). Há ainda comércios, como as Lojas Americanas (R$ 181,4 mil).
Com o poder público, a Oi deve, por exemplo, para o governo do Rio de Janeiro R$ 5.772. A KPMG Auditores Independentes tem crédito de R$ 145.257.
Os valores a receber também variam significativamente. Há quem tenha crédito de centavos, enquanto outros de bilhões.
Caso o plano de recuperação judicial seja aceito pela Justiça, os credores poderão questionar os valores fornecidos pela Oi. A companhia é assessora pelos escritórios BMA - Barbosa, Müssnich, Aragão, Penalva Santos e Basilio Advogados.
O órgão regulador do mercado de capitais de Portugal decidiu suspender nesta terça-feira, 21, a negociação de ações da maior acionista da Oi, a Pharol, e da subsidiária da companhia, a Portugal Telecom Internacional Finance.
A ação ocorre após pedido de recuperação judicial da tele anteontem.
O Conselho de Administração da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) informou que a suspensão ocorrerá até a divulgação de informação relevante relativa ao pedido de recuperação das empresas Oi.
A Pharol (antiga PT SGPS) e reúne os sócios portugueses e são os maiores acionistas em bloco da Oi.
Os problemas financeiros da Oi representam uma ameaça para a cadeia do setor, formada por empresas de pequeno, médio e grande portes cujos negócios estão concentrados nas maiores operadoras nacionais.
Do total da dívida de R$ 65,4 bilhões, R$ 1,5 bilhão são pagamentos relativos a fornecedores, segundo fontes. A situação da Oi não é de atrasos generalizados nos pagamentos, mas já há casos pontuais que despertam preocupação.
Entre os principais fornecedores das grandes operadoras estão as empresas de manutenção de torres, antenas e cabos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.