Negócios

Quer começar um CVC? Estas são as lições da Eurofarma, que criou fundo de R$ 50 milhões para isso

Em painel durante o Bossa Summit, a head de CVC da farmacêutica trouxe recomendações para empresas que desejam começar a investir em startups

Eurofarma: lições sobre Corporate Venture Capital (CVC) (foto/Divulgação)

Eurofarma: lições sobre Corporate Venture Capital (CVC) (foto/Divulgação)

Maria Clara Dias
Maria Clara Dias

Repórter de Negócios e PME

Publicado em 23 de março de 2023 às 13h33.

Última atualização em 23 de março de 2023 às 14h43.

A transformação digital em curso no Brasil tem colocado à prova a capacidade de grandes corporações em inovar e explorar novos caminhos para ampliar as receitas e manter a competitividade. 

Nesse cenário, destacam-se empresas que lançam mão de estratégias de  inovação, entre elas a associação e investimentos em startups, o chamado Corporate Venture Capital (CVC). Segundo a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCap), cerca de 83% das grandes empresas brasileiras já possuem alguma iniciativa de corporate venture capital.

A urgência por inovação é ainda mais gritante em indústrias tradicionais e que foram duramente impactadas pela pandemia, como a farmacêutica. A multinacional Eurofarma não foge à regra. Para driblar desafios ligados ao time to market e para ser capaz de explorar tecnologias em ascensão no mercado, a companhia criou, em 2018, o Neuron Ventures, veículo proprietário para investimento em startups.

De lá para cá, foram pelo menos dez investidas. O foco está em startups de saúde e bem-estar que possam trazer novo fôlego inovativo e ampliar a estratégia de negócios da companhia. “O grande objetivo do nosso fundo é agregar valor estratégico. Assim mantemos um diferencial no mercado e, em paralelo, nossa sobrevivência”, disse Erica Menezes, head de CVC da Eurofarma.

Menezes falou sobre o tema e sobre os aprendizados da Eurofarma ao investir em startups nos últimos anos em um painel durante o Bossa Summit, evento de empreendedorismo do fundo Bossanova Investimentos que acontece nesta quinta e sexta-feira, em São Paulo.

Para ela, o propósito central da Eurofarma com o fundo — que tem algo como R$ 50 milhões para direcionar a empresas emergentes — é promover benefícios mútuos para a corporação e também para os empreendedores. “Quando falamos em valor, a percepção de que podemos crescer também deve ser replicada às startups. Elas também podem se beneficiar dessa relação”, disse. Entre as investidas da Eurofarma, estão a marca de cosméticos Just for You e a plataforma de atendimento psicológico Psicologia Viva.

Em ascensão, o Corporate Venture Capital tem despertado o interesse de corporações que ainda não possuem iniciativas do tipo. Para companhias que desejam estruturar, pela primeira vez, seus próprios veículos para investir em startups, Menezes listou algumas dicas.

O que empresas precisam saber ao entrar para o CVC

1. Todos precisam estar engajados

Para a especialista, o envolvimento de todos os times da empresa investidora é tão importante quanto o de empreendedores por trás das startups investidas. 

Por isso, é essencial que todos os times tenham clareza sobre a importância da estratégia de CVC para a companhia. “CVC não é algo trivial.Todos precisam entender a relevância daquilo”, disse.

2. Comunique os impactos no curto prazo

Sem muitas ambições em relação ao retorno financeiro imediato, empresas passam a investir em startups para se preparar para disrupções futuras e criar novos negócios, segundo pesquisa da ABVCAP. Com isso, Corporate Venture Capital, segundo Menezes, é sobre o longo prazo.

O longo período sem retornos financeiros, contudo, deve ser comunicado à empresa desde o início. “É preciso mostrar que mesmo que os impactos financeiros venham apenas no futuro, há muitas vantagens relacionadas à estratégia, inovação e posicionamento no presente”, disse. Do lado financeiro, acompanhar anualmente algumas métricas como rentabilidade e valor de mercado das startups pode ajudar a companhia a ter mais visibilidade sobre os retornos como CVC.

3. Transparência é tudo

Em operações de CVC, é vital que empresas e empreendedores definam, com clareza, seus objetivos. Para as grandes empresas, é essencial priorizar o envolvimento dos empreendedores em tomadas de decisão estratégicas. Para isso, é necessário evidenciar os desafios atuais da companhia e buscar extrair ideias e projetos dessa parceria. 

Já para as startups, Menezes explica, a necessidade de transparência está relacionada ao momento financeiro e velocidade com que a companhia tem atinigido os objetivos estabelecidos antes do investimento. "O momento da startup não deve ser um segredo para os investidores. Afinal, quando precisar ir atrás de mais apoio e follow-ons, ela terá os números e argumentos para justificar isso", disse.

A vez do CVC: para onde vão os investimentos corporativos em startups — e por que são tão populares?

Acompanhe tudo sobre:StartupsEurofarma

Mais de Negócios

Guga e Rafael Kuerten apostam em energia e imóveis nos 30 anos do Grupo GK

Eles acharam uma solução simples para eliminar as taxas na hora da compra

Quem são os bilionários mais amados (e odiados) dos EUA?

Esta empresa já movimentou R$ 100 milhões ao financiar condomínios em crise