Mulheres homossexuais buscam visibilidade (Kosamtu/Getty Images)
Marina Filippe
Publicado em 29 de agosto de 2020 às 08h09.
Neste sábado, 29, é celebrado o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. A data, instituída em 1996 por conta das ações do Coletivo de Lésbicas do Rio de Janeiro, é uma forma de buscar visibilidade para as mulheres lésbicas em diferentes setores da sociedade. Nas empresas, por exemplo, apesar de cada vez mais haver grupos de afinidade para diferentes diversidades, elas relatam que pouco é feito, por exemplo, para garantir o respeito à diversidade sexual das mulheres, e não apenas dos homens gays.
Neste cenário, Débora Gepp, líder de diversidade e inclusão na Braskem, e Letícia Sayuri, consultora de diversidade e inclusão no Santander, criaram há cerca de um ano a Rede Brasileira Mulheres LBTQ+ (sigla para lésbicas, bisexuais, travestis, transexuais e transgêneros). A ideia surgiu após Gepp participar de um evento nos Estados Unidos para executivos LGBTI+ e perceber a presença majoritária de homens. "A falta de equidade de gênero acontece também neste ambiente. As discussões são pautadas por homens enquanto as mulheres continuam em busca de visibilidade", afirma.
Uma pesquisa da consultoria PwC afirma que apenas 30% das lésbicas se sentem confortáveis a assumir a sexualidade no trabalho. Em geral, isso acontece quanto mais sênior for o cargo. Outros estudos, porém, afirmam que esconder a identidade e a sexualidade no ambiente corporativo afeta diretamente na produtividade e, consequentemente, nos resultados da empresa, visto que a pessoa passa parte do seu tempo performando comportamentos heteronormativos.
"A gente universaliza a questão LGBTI+ pelo homem gay -- e branco -- então as mulheres lésbicas sofrem uma dupla pressão social. A data é fundamental para um olhar mais estratégico das ações de diversidade na sociedade em geral e dentro das empresas", afirma Liliane Rocha, consultora de diversidade e fundadora da Gestão Kairós.
Na Rede LBT cerca de 400 mulheres, dentre elas 20 no comitê gestor, se unem para criar conexões e avanços nas empresa, na política e em outros setores. "Há, por exemplo, a participação do movimento de mulheres LBT da Amazônia", diz Gepp.
O desafio atual é mostrar que as mulheres são diferentes entre si, além de lésbicas, elas podem fazer parte de outros grupos socialmente minorizados, como negros e pessoas com deficiência. "As empresas precisam entender que os grupos de diversidade não são separados em caixas definidas. Uma mulher pode fazer parte de um ou de todos eles por meio da interseccionalidade. Como trabalhar para avançar de forma efetiva é o desafio", afirma Sayuri.