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Leia o discurso de Roberto Civita na cerimônia de Melhores e Maiores

Para o presidente do conselho de administração do grupo Abril, o país tem a chance de sair fortalecido da crise

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 19 de junho de 2012 às 16h41.

O presidente do conselho de administração do grupo Abril, Roberto Civita, afirmou que a crise financeira mundial mostrou que o Brasil mudou. "Eis que nos encontramos no grupo dos países que sentiram menos e por último as conseqüências da turbulência global", afirmou ele. "Estamos em uma posição singular. Temos a chance de encorpar nossas defesas e sair mais fortes." Leia abaixo a íntegra do discurso:

"Excelentíssimos Senhores:
Guido Mantega, Ministro da Fazenda
Demais autoridades aqui presentes
Senhores Empresários, Senhoras e Senhores

Boa noite e bem-vindos.

É uma honra e uma enorme satisfação recebê-los aqui para a celebração da 36ª edição de Melhores e Maiores, de EXAME.

Ao longo das últimas três décadas e meia, Melhores e Maiores consolidou-se como a mais completa e respeitada publicação sobre o desempenho das principais corporações do país. Suas edições são um registro de parte significativa da história econômica desse período e um retrato fiel das extraordinárias transformações pelas quais o Brasil passou, espelhando uma trajetória que, a despeito das dificuldades internas e de outras tantas impostas pela conjuntura mundial, merece ser comemorada como uma conquista de todos nós.

Um rápido olhar retrospectivo para esses trinta e seis anos nos apresenta três países diferentes. Nos sisudos e sofridos anos 70, vivíamos numa economia isolada, que olhava apenas para si própria.

A partir da década de 90, após sobreviver à hiperinflação
e múltiplos fracassados planos econômicos, o Brasil passou a olhar para o mundo, despertando para as inúmeras oportunidades a serem aproveitadas. Hoje, para espanto de muitos, o mundo olha para o Brasil. E o melhor: é um olhar carregado de admiração por um país e por um mercado que - apesar de tantos e inegáveis problemas que conhecemos tão bem - não param de avançar.

Esse interesse renovado pelo país se torna ainda mais admirável quando se considera que o planeta vive a mais dura crise desde a Grande Depressão. Até bem pouco tempo atrás, em situações de crise, o Brasil costumava sofrer mais do que os países desenvolvidos. Mas eis que nos encontramos no grupo dos países que sentiram menos e por último as conseqüências da turbulência global - e dos que primeiro devem sair dela.

Costumava-se falar do Brasil como o país do futuro. Agora, juntamente com algumas outras nações emergentes, somos vistos como o mercado do presente. Estamos numa posição singular. Não se trata mais de buscar sobreviver ao atoleiro. Sinais do futuro já podem ser vistos e, desta vez, temos a chance ímpar de encorpar nossas defesas e sair mais fortes da crise do que entramos.

É evidente que o governo tem um papel decisivo a cumprir na formulação das diretrizes básicas da economia e no desenvolvimento do país. As grandes reformas estruturais continuam imprescindíveis, mas já sabemos que elas não ocorrerão – se é que um dia serão feitas - até o início do próximo governo, em 2011. Isso, porém, não quer dizer que podemos nos dar ao luxo de ficar parados. Independentemente do governo, as empresas têm oportunidades que não podem ser desperdiçadas. Posso listar algumas.

Está em nossas mãos – ou mais especificamente nas mãos de nosso vigoroso mercado financeiro - a tarefa de reduzir os spreads. Apesar da recente e histórica queda da taxa básica de juros, o custo geral do capital no Brasil continua a ser um poderoso obstáculo ao empreendedorismo, à inovação e ao crescimento do conjunto da nossa economia.
É preciso continuar a investir. Com responsabilidade, é claro. Mas não podemos abafar o “espírito animal” que há em cada empresário e esquecer que essa é uma boa hora para fazer aquisições, ampliar a capacidade produtiva e lançar novas iniciativas.

Este é também o momento de avançarmos em novos mercados, reforçarmos nossas marcas e nossos vínculos com nossos consumidores. Mais do que nunca precisamos conhecer mais e melhor nossos mercados e clientes para poder desenvolver os novos produtos e serviços que precisam.

Temos à frente a oportunidade de participarmos da reconstrução da infra-estrutura do país, que todos sabemos ser crucial para continuarmos a crescer. Sem isso, não será possível ganhar tempo e reduzir custos de maneira a nos tornarmos realmente competitivos em escala mundial.

Sem nenhuma dúvida, é essencial concentrar esforços na tão necessária melhoria na formação de nossa mão-de-obra. É urgente a melhoraria dos níveis de educação e a qualificação dos nossos profissionais. O setor privado pode, deve e precisa participar energicamente desta cruzada.

Devemos, enfim, homens e mulheres à frente das maiores empresas brasileiras, envidar todos os esforços para sairmos mais eficientes e preparados das dificuldades que a crise nos coloca.

Quanto ao governo, há mudanças que podem ser feitas num período relativamente curto e que melhorariam consideravelmente o ambiente de negócios. É fundamental que as obras do PAC, apenas para ficar em um exemplo, se transformem em realidade. A burocracia que continua a infernizar a vida de empresários, executivos e de todos os cidadãos deste país pode - e deve - ser combatida inteligente e energicamente e há um bom punhado de exemplos na gestão pública que provam que isso é possível.

Vivemos um momento especial, que os mais céticos acreditavam que jamais veriam. Mas nosso mercado é grande, nossos recursos são fartos, nossa capacidade empreendedora e de gestão já se provou mundialmente. A nossa vocação para sermos um grande país, uma economia forte, competitiva e cada vez menos desigual, está em vias de se tornar realidade. Os brasileiros sentem isso e o mundo já descobriu também. Não devemos decepcioná-los e não podemos perder essa oportunidade ímpar.

Mãos à obra!

Muito obrigado"

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