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Leader pede recuperação extrajudicial para reestruturar dívida

Para o presidente da rede varejista, André Peixoto, o pedido marca a "virada de página da empresa"

Leader: Empresa era um dos investimentos problemáticos do BTG Pactual, foi vendida em abril

Leader: Empresa era um dos investimentos problemáticos do BTG Pactual, foi vendida em abril

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 31 de dezembro de 2016 às 09h40.

Última atualização em 3 de agosto de 2018 às 17h49.

São Paulo - Com apoio da maior parte de seus fornecedores, a rede varejista Leader espera concluir mais um capítulo de sua reestruturação. A companhia carioca pediu ontem a homologação de recuperação extrajudicial na Justiça do Rio de Janeiro.

A decisão foi tomada após extensa negociação com essa classe de credores - em reuniões presenciais e individuais - o que garantiu que a companhia firmasse acordo com cerca de 75% do volume total dos débitos, acima do mínimo exigido para dar entrada ao processo.

Para o presidente da rede varejista, André Peixoto, o pedido marca a "virada de página da empresa". "Tivemos em 2016 um ano turbulento. Desde agosto estamos trabalhando no equacionamento da dívida da empresa", afirma, em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Peixoto é sócio de Fábio Carvalho, conhecido em outros processos de reestruturação de empresas, como o da Casa & Vídeo.

Com dívidas que superariam a marca de R$ 1 bilhão, a Leader, que era um dos investimentos problemáticos do BTG Pactual, foi vendida em abril deste ano e o negócio foi aprovado no Conselho de Administrativo de Defesa Econômica (Cade) no fim de julho. A venda da varejista, afundada em dívidas, chamou atenção ao ser feita pelo valor simbólico de R$ 1.

Peixoto explica que a estratégia foi iniciar todo o trâmite sentando com cada um dos fornecedores para apresentar e debater o plano. "Percebemos que havia abertura para as negociações com os credores. Não houve discriminação dos valores das dívidas", diz o executivo.

Com as conversas travadas, a Leader conseguiu, além da anuência ao plano por grande parte dos fornecedores, recompor seu estoque e se preparar para o Natal, data preciosa para o varejo. "As negociações permitiram aproximação com os fornecedores. Estávamos com dificuldade de abastecer e entramos em dezembro com a empresa muito mais redonda", afirma o presidente da rede.

O plano de recuperação extrajudicial tem a adesão de mais de 170 fornecedores, somando uma dívida de R$ 220 milhões. Os termos previstos no acordo preveem pagamentos em 84 parcelas mensais, sem descontos.

As dívidas bancárias, que têm garantias, estão de fora desse processo e sendo negociadas bilateralmente. Grande parte dos acordos com esses credores já foi fechada e há apenas mais dois bancos para concluir as negociações, conta Peixoto.

Os trâmites com esses dois bancos, que o executivo preferiu não revelar os nomes, caminha bem e a conclusão dos acordos é esperada para a primeira quinzena de janeiro. "Os termos dessas negociações estão bem próximos dos da recuperação extrajudicial com os fornecedores", garante Peixoto. Segundo ele, até o momento, 80% da dívida já está equacionada, isso contando os credores inclusos na recuperação extrajudicial.

Sem traumas

Apesar de uma recuperação judicial ter sido uma possibilidade real para a Leader desde o começo da crise financeira vivida pela empresa, a nova gestão, que assumiu a companhia em agosto, trabalhou para evitar essa alternativa, que só seria utilizada em última hipótese.

Segundo o presidente da Leader, o processo de recuperação judicial traria abalos reputacionais. "Isso seria desastroso para o abastecimento da empresa", explicou. Esse caminho afetaria negativamente ainda o crédito futuro para a empresa, além de ser mais custoso, conclui.

O plano que alonga o pagamento das dívidas para sete anos tem um viés conservador, pondera Peixoto. Evidência disso, aponta, é a projeção para crescimento em 2017, de 0% em relação a 2015. "Estamos muito otimistas. A maior ameaça é o Brasil não engrenar", diz.

A despeito da entrada do pedido, estão descartados novos ajustes na rede, que já está mais enxuta. Neste ano, o corte de custos foi da ordem de 40%, sendo que nesse movimento 40 lojas fecharam as portas. Hoje, a rede tem 128 lojas e mais de quatro mil funcionários.

Os números fechados de 2016 devem ficar no vermelho, desempenho influenciado ainda pelo custos de desligamentos, por exemplo, mas o lucro já apareceu nos dois últimos meses do ano no azul, revela o presidente da companhia. "Em 2017, os números serão bons e com geração de caixa. Vimos que a empresa tem muita capacidade de reagir a estímulos."

Ao contrário de estratégia já adotada no passado, a nova Leader não tem planos de expansão agressiva. "Queremos ocupar regiões já exploradas pela Leader e crescer de forma orgânica", diz.

Uma das atenções, afirma Peixoto, será na Seller, rede que foi comprada pela Leader em 2013, que atua no interior de São Paulo, como em Campinas, e possui lojas ainda em Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Um dos focos será adequar o sortimento da loja ao seu público. Já a bandeira Leader tem atuação no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte e Sergipe.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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