Lazari: "O relacionamento de um cliente com um banco não é de marketplace. É um relacionamento perene" (Paulo Whitaker/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 5 de fevereiro de 2018 às 18h13.
Última atualização em 19 de fevereiro de 2018 às 15h40.
São Paulo - O futuro presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Júnior, afirmou que o primeiro desafio de sua gestão é continuar os legados anteriores e renová-los. "Os legados precisam ser mantidos porque o Bradesco, em seus 75 anos, foi um vitorioso do sistema e não um sobrevivente", destacou ele, em coletiva de imprensa, no período da tarde desta segunda-feira, 5.
De acordo com ele, o Bradesco tem muitos desafios em termos de tecnologia e atendimento a quatro gerações diferentes. O banco, segundo o executivo, foi sábio ao criar o Next com foco nos clientes mais jovens e ainda manter um atendimento digital para os demais correntista, priorizando as necessidades de cada.
"O relacionamento de um cliente com um banco não é de marketplace. É um relacionamento perene. O Bradesco entendeu que ao abrir as portas das suas mais de cinco mil agências tem quatro gerações diferentes para atender", detalhou Lazari, em conversa com jornalistas.
Ele afirmou que recebe o Bradesco como um banco do futuro com os "pés fincados" no presente. O desafio, conforme Lazari, é entender como gerar valor para os consumidores do futuro.
O executivo disse ainda que há um desafio grande em termos de melhora de rentabilidade. "Com a queda dos juros, os spreads vão ser achatados. Para manter crescimento, teremos de ganhar escala", destacou ele.
Sobre o HSBC, o futuro presidente do Bradesco afirmou que o banco já obteve os ganhos em termos de corte de despesas e que agora o foco é aumento de receitas. "Temos de trabalhar o outro lado da moeda com HSBC que é o aumento de receitas", afirmou Lazari.
Ele disse ainda que o objetivo é incrementar e ganhar escala no banco. Segundo o executivo, não existe uma "bala de prata" em ganho de escala. O Bradesco, conforme o executivo, vai avaliar os segmentos em que não tem a liderança e tentar diminuir o espaço frente aos concorrentes.
O novo presidente do Bradesco afirmou que não há alternativa a não ser fazer a reforma da Previdência. "Temos de começar a reforma da Previdência. Precisamos, ao menos, dar o primeiro passo. Independentemente do candidato, temos de fazer as reformas da Previdência e fiscal. A agenda do País está dada", disse o executivo, para quem algum avanço na reforma da Previdência ocorrerá neste ano.
O atual presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, afirmou que nas viagens que fez no início deste ano, incluindo a Davos, confirmou a questão de que todos os países discutem a reforma da Previdência. A diferença, segundo ele, é de que o motivador para a reforma no Brasil não é a transição demográfica nem o aumento da longevidade, mas a questão fiscal.
"Independentemente do trânsito no legislativo, tivemos um avanço na questão previdenciária que não podemos perder", destacou Trabuco, lembrando que o País vive agora com um nível de confiança melhor passado o período recessivo.
O futuro presidente do Bradesco afirmou que o foco do Banco é o Brasil, onde há muitas oportunidades para a instituição crescer. "A escala do banco é uma vantagem competitiva para crescermos no Brasil", disse ele.
O executivo afirmou ainda que não há aquisições no radar e a última oportunidade foi o HSBC. "Temos de deglutir e aproveitar a eficiência e oportunidades do HSBC", reforçou ele.
Do lado do crédito, o novo presidente do Bradesco destacou que o volume de empréstimos já está melhor em meio à retomada das pessoas físicas. No caso das empresas, de acordo com ele, a demanda também voltará diante do cenário econômico atual, bem melhor que os últimos anos. O crescimento do crédito virá, conforme o executivo, em todas linhas e no território nacional em geral. "Já estamos vendo reaquecimento no segmento imobiliário", exemplificou.
Lazari disse ainda que não esperava ser presidente do banco e que seu sentimento poderia ser resumido na palavra "gratidão". Ele assumirá o comando do segundo maior banco privado após a assembleia geral ordinária (AGO), prevista para ocorrer em 12 de março.