Negócios

Lava Jato trava apoio a fornecedores da Petrobras

A crise causada pela operação praticamente paralisou o programa da estatal para agilizar e ampliar oferta de serviços e reduzir custos a fornecedores


	Logotipo da Petrobras: por meio desse programa, empresas da cadeia de suprimentos da Petrobras podem obter empréstimos junto a bancos parceiros
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Logotipo da Petrobras: por meio desse programa, empresas da cadeia de suprimentos da Petrobras podem obter empréstimos junto a bancos parceiros (Paulo Whitaker/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de maio de 2015 às 17h25.

Rio de Janeiro - A crise desencadeada pela Operação Lava Jato praticamente paralisou o Progredir, um programa da Petrobras para agilizar e ampliar a oferta de serviços e reduzir o custo de financiamentos de capital para fornecedores, de acordo com dados obtidos pela Reuters com uma fonte da empresa e avaliações de especialistas.

Por meio do programa, empresas da cadeia de suprimentos da Petrobras podem obter empréstimos junto a bancos parceiros, tendo como garantia os contratos de fornecimento de bens e serviços assinados com a companhia.

Neste ano até abril, o programa realizou apenas 33 operações de financiamento, somando 150 milhões de reais, montante ínfimo quando comparado com anos anteriores, segundo a fonte da empresa. Criado em junho de 2011, o Progredir havia possibilitado até dezembro do ano passado quase 2 mil operações, com um total de 9,39 bilhões de reais em financiamentos, segundo a fonte, que forneceu as informações na condição de anonimato.

"Hoje, enquanto a Petrobras não se ajustar, não é uma boa garantia, porque muitos contratos com a Petrobras foram cancelados, quem entrou lá atrás com o contrato como garantia, perdeu", comentou o ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e diretor da consultoria DZ Negócios com Energia, David Zylbersztajn, ao ser consultado pela Reuters.

"Enquanto não houver segurança de performance dos contratos, dificilmente um contrato com a Petrobras vai servir como garantia", completou.

O Progredir era motivo de orgulho para a Petrobras, que periodicamente divulgava resultados alcançados. Atualmente, a empresa tem evitado falar sobre o tema com a imprensa.

Em um comunicado de junho de 2013, antes da eclosão do escândalo de corrupção de desvio de dinheiro em contratos de fornecedores com a Petrobras, a empresa anunciou que por meio do Progredir a redução do custo dos empréstimos para os fornecedores da Petrobras variava de 20 a 50 por cento. Naquela época, a cada cem empresas que solicitavam recursos, 85 conseguiam fechar a operação, de acordo com a empresa.

Procurada pela Reuters, a assessoria de imprensa da Petrobras informou que não forneceria informações atualizadas. Ao todo, 11 bancos, dentre eles os maiores do país, como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú-Unibanco, Bradesco, Santander e HSBC, são financiadores de fornecedores da Petrobras por meio do Progredir.

PERSPECTIVAS DE RECUPERAÇÃO

Entretanto, a expectativa na empresa é que o Progredir volte a crescer num ritmo mais acelerado, devido à perspectiva de retomada da economia a partir do segundo semestre e de contratações para fazer frente ao novo Plano de Negócios da estatal 2015-2019, cuja publicação está prevista para acontecer em junho, segundo a fonte.

"Nossa perspectiva é ascendente", disse a fonte.

Para o ano, a meta da Petrobras é superar 10 bilhões de reais em operações acumuladas desde 2011. Ou seja, a expectativa é de que se realizem mais cerca de 500 milhões de reais em transações este ano, além dos 150 milhões já fechados até abril.

"O ano para nós começou agora, com três ou quatro meses de atraso. Conseguimos divulgar nosso balanço, vem aí o Planejamento Estratégico e esperamos melhorar o programa", declarou a fonte.

O consultor e ex-integrante da diretoria da ANP John Forman concorda que o programa e o cenário para novos financiamentos para o setor de petróleo deverá ter uma melhora. Para ele, a paralisia do Progredir aconteceu devido a ausência de novos contratos com a Petrobras e não porque a empresa deixou de ser uma boa garantia para os bancos.

"Os contratos com a Petrobras nunca foram questionados", afirmou Forman. "A contratação de novos projetos foi reprimida. Na medida em que você tiver o programa estratégico aprovado e divulgado, aí você retoma sua fase de contratos."

Em uma outra modalidade de apoio a fornecedores, o Progredir Antecipação de Faturas, o montante de empréstimos concedidos também avançou lentamente. Nessa modalidade, equivalente ao adiantamento de recebíveis de contratos de empresas com a estatal, foram 1.902 operações neste ano até agora, somando um total de 550 milhões de reais, ante 17.498 transações, ou 4,78 bilhões de reais, de 2013, quando começou a operar, até o fim do mês passado.

Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasCorrupçãoEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEscândalosEstatais brasileirasFraudesGás e combustíveisIndústria do petróleoOperação Lava JatoPetrobrasPetróleo

Mais de Negócios

'E-commerce' ao vivo? Loja física aplica modelo do TikTok e fatura alto nos EUA

Catarinense mira R$ 32 milhões na Black Friday com cadeiras que aliviam suas dores

Startups no Brasil: menos glamour e mais trabalho na era da inteligência artificial

Um erro quase levou essa marca de camisetas à falência – mas agora ela deve faturar US$ 250 milhões