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Lava Jato pode levar Alumini a recuperação judicial

A empresa não tem conseguido pagar salários, fornecedores e dívidas de curto prazo


	Energia: a companhia, no entanto, nega a informação
 (Marcelo Casal Jr/Agência Brasil)

Energia: a companhia, no entanto, nega a informação (Marcelo Casal Jr/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 15 de janeiro de 2015 às 10h33.

São Paulo - A crise que se abateu no setor de construção depois da operação Lava Jato, que investiga corrupção em contratos da Petrobrás, poderá levar a Alumini Engenharia, ex-Alusa, à recuperação judicial.

Com caixa debilitado e a conta bloqueada por uma decisão judicial desde o fim do ano passado, a empresa não tem conseguido pagar salários, fornecedores e dívidas de curto prazo.

Segundo fontes ouvidas pelo jornal O Estado de S. Paulo e que preferem não se identificar, a companhia não tem outra saída diante da atual situação e está prestes a entrar com o pedido de recuperação judicial.

A companhia, no entanto, nega a informação. Mas confirma que está sofrendo os reflexos do bloqueio de sua conta e da falta de pagamento da Petrobrás, que não reconhece aditivos de serviços prestados no valor de R$ 1,2 bilhão.

No fim do ano passado, a empresa descumpriu um acordo com o Sindicato dos Trabalhadores na Construção Pesada (Sintepav) e não pagou partes das dívidas trabalhistas de ex-funcionários da obra da Refinaria Abreu e Lima (Rnest).

Na época, 4.300 funcionários foram demitidos. Para preservar os direitos dos trabalhadores, o Sintepav entrou na Justiça e um juiz de Ipojuca (PE) decidiu bloquear a conta da empresa.

Com a medida, a situação que já era ruim ficou pior. Além dos salários dos cerca de 2.500 funcionários do Comperj, a última das três parcelas da rescisão dos 400 funcionários demitidos no complexo não foi paga. Para completar o quadro, a empresa tem dívidas de curto prazo vencendo.

De acordo com o último balanço divulgado em 31 de dezembro de 2013, a Alusa Engenharia tinha quase R$ 1 bilhão a pagar entre 2014 e 2015 em empréstimos, financiamentos, debêntures e fornecedores.

Nas notas explicativas das demonstrações financeiras, a empresa afirma que seu capital de giro é financiado com "dívidas de curto prazo, normalmente relacionada ao fluxo comercial".

No relatório de auditoria do balanço, feito pela KPMG, a consultoria afirma que a empresa não cumpriu os índices financeiros mínimos estabelecidos pelas cláusulas dos chamados "covenants", que dá ao credor direito de antecipar os vencimentos do título, no caso debêntures no valor de R$ 99,7 milhões.

Na ocasião, a empresa entrou em acordo com os credores, mas voltou a descumprir um dos itens estabelecidos nos contratos: o índice financeiro de endividamento, equivalente a 4,1 vezes o Ebtida, ficou bem acima do estabelecido que deveria ser de 2,5 vezes.

Segundo uma fonte, próxima da empresa, não é de agora que a situação da companhia está complicada. A operação Lava Jato apenas intensificou os problemas.

No último dia do ano passado, a Petrobrás anunciou uma lista de 23 empresas proibidas de participar de novas licitações da estatal e a Alumini estava entre elas. Na ocasião, a companhia afirmou que se trata de um lamentável prejulgamento.

De olho na piora do quadro da empresa, alguns fornecedores estão tentando se precaver. No mês passado, uma companhia chamada Repume entrou com um pedido de falência da Alumini.

Outras construtoras envolvidas na Lava Jato também estão passando pela mesma situação, caso da Engevix, que teve um pedido de falência requerido.

Em recente relatório divulgado pela Fitch Rating, a agência de classificação de risco afirma que "um número maior de construtoras brasileiras deverá se tornar inadimplente nos próximos meses e, provavelmente, deverão ocorrer inúmeros rebaixamentos" das notas.

A OAS foi a primeira a deixar de honrar suas obrigações. Outras seguem o mesmo caminho por causa da dificuldade de crédito e atraso no pagamento de outras obras, além da Petrobrás. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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