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Lava Jato pode empurrar Cimento Tupi para "default"

As investigações já levaram duas empresas a pedirem recuperação judicial, e negociações com títulos de dívida colocam a Cimentos Tupi no mesmo caminho


	Cimento: caso da Tupi é um símbolo do dano indireto causado pela investigação
 (Divulgação)

Cimento: caso da Tupi é um símbolo do dano indireto causado pela investigação (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 27 de abril de 2015 às 20h08.

São Paulo - As investigações da Operação Lava Jato já levaram duas empresas a pedirem recuperação judicial.

Agora, as negociações com os títulos de dívida da Cimento Tupi AS no exterior mostram o risco de que ela seja a próxima a seguir no mesmo caminho.

Os títulos em dólar da empresa que somam US$ 185 milhões e 2018 tiveram queda no seu valor de 70 por cento neste ano, puxados principalmente pela contaminação indireta de acusações de pagamento de propina em troca de contratos de construtoras com a Petrobras.

A 27 centavos de dólar, o valor dos papéis indica que credores estão se preparando para um eventual default da Tupi no pagamento de juros previsto para o dia 11 de maio, de acordo com a Galloway Gestora de Recursos e a Bulltick LLC.

O caso da Tupi é um símbolo do dano indireto causado pela investigação em um momento em que a economia do Brasil passa por dificuldades.

Após o início da Operação Lava Jato, a Galvão Engenharia SA e a OAS SA deixaram de pagar juros de títulos de dívida e entraram com pedido de recuperação judicial por alegada dificuldade de acesso a crédito.

“Podemos definitivamente ver um cenário de contágio no Brasil quando se trata de empresas de construção civil e segmentos relacionados a ela”, disse Patrik Kauffman, gerente de recursos da Solitaire Aquila Ltd., Zurique.

Cesar Lage, diretor financeiro da Tupi, não respondeu a mensagem telefônica e a e-mail pedindo comentários sobre a queda no preço dos títulos e sobre o pagamento previsto para os cupom da dívida.

‘Tempestade perfeita’

A Tupi, que tem sede no Rio de Janeiro, tinha R$ 9,4 milhões (US$ 3,18 milhões) em caixa e equivalentes de caixa em dezembro, segundo dados da empresa.

A Fitch Ratings reduziu o rating da Tupi para CCC, oito níveis abaixo de junk (grau especulativo), no dia 20 de março, mencionando os baixos níveis de caixa da companhia.

“Houve uma tempestade perfeita no cenário do crédito no Brasil após” a investigação da Petrobras, disse Jay Djemal, analista da Fitch, de Chicago. “Elas têm uma grande restrição da capacidade de refinanciamento por meio de um número diversificado de fontes”.

Empréstimos para o setor da construção em geral secaram depois que a Petrobras proibiu 27 empreiteiras citadas na Lava Jato de apresentarem ofertas para novos contratos.

No início deste mês, o Grupo Schahin, que tem operações nos setores de construção, engenharia e petróleo e gás, também procurou proteção contra credores para 28 de suas empresas no Brasil.

Os US$ 651 milhões em bonds com vencimento em 2022 e emitidos por uma de suas unidades financeiras despencaram cerca de 45 por cento neste ano, para 44,5 centavos de dólar.

Perspectiva de crescimento

A Schahin, a Galvão Engenharia e a OAS negaram as acusações contra elas.

Os bonds da Tupi agora têm um yield 60,55 pontos porcentuais maior do que os títulos do Tesouro dos EUA -- bastante acima do limite dos títulos considerados na faixa “distressed”, segundo dados compilados pela Bloomberg.

“O mercado já está dizendo à empresa o que fazer”, que é reestruturar, disse Ulisses de Oliveira, gestor de portfólio da Galloway Gestora de Recursos em São Paulo, por e-mail.

O que agrava ainda mais a falta de financiamento de empresas como a Tupi é a contração esperada para a economia do Brasil, que deverá ser a maior em 25 anos.

“Essa empresa definitivamente pode ser vista como outra vítima dos principais problemas pelos quais o Brasil está passando”, disse Klaus Spielkamp, chefe de vendas de renda fixa da Bulltick LLC, de Miami.

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