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Lanterna de startup colombiana transforma água do mar em luz

Usando uma fonte limpa e renovável de energia, a WaterLight foi projetada para auxiliar comunidades costeiras remotas, sem acesso à eletricidade

Lanternas da startup colombiana E-Dina (E-Dina/Divulgação)

Lanternas da startup colombiana E-Dina (E-Dina/Divulgação)

EXAME Solutions
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Publicado em 23 de novembro de 2023 às 08h00.

Pelo menos 675 milhões de pessoas não têm acesso à eletricidade, segundo o Relatório do Progresso Energético de 2023, elaborado por agências das ONU. Essa condição dificulta que essas famílias realizem atividades essenciais, trabalhem e estudem fora do período diurno e se mantenham conectadas com o restante do mundo. 

Esse cenário motivou a startup colombiana de energia renovável E-Dina e a agência criativa Wunderman Thompson a desenvolverem a WaterLight, um dispositivo revolucionário, capaz de transformar apenas meio litro de água salgada em energia elétrica por até 45 dias. 

A pequena lanterna, com vida útil estimada de 5.600 horas, funciona por meio de ionização: os eletrólitos da água salgada reagem com o magnésio dentro do aparelho e geram a eletricidade. 

Além de uma fonte de luz portátil, 24h por dia, ela também serve para carregar outros dispositivos por uma porta USB, como celulares. Quando precisa de outra carga, basta ser reabastecida com água salgada – e em situações de emergência pode ser alimentada com urina! 

Por produzir energia elétrica a partir de um recurso natural e renovável, a solução não só pode melhorar a qualidade de vida de comunidades sem acesso a esse recurso vital, levando uma alternativa energética simples, mas também preserva o meio ambiente, evitando lamparinas a querosene, um derivado do petróleo, poluente e não renovável.

Meio litro de água salgada gera até 45 dias de energia (E-Dina/Divulgação)

A inspiração por trás da invenção

A criação da WaterLight foi inspirada nos Wayúu, uma comunidade indígena da península de La Guajira, na fronteira entre a Colômbia e a Venezuela, uma região remota e pobre. O local tem uma paisagem desértica e acesso limitado à eletricidade, mas é cercado pelo que se mostrou ser uma poderosa bateria: o mar. 

Foram eles os primeiros a testar a inovadora lanterna, desenvolvida há dois anos. O objetivo é que ela ajude a comunidade colombiana a abastecer sua rotina de modo sustentável, sem precisar viajar quilômetros para encontrar energia, gerando um sentimento de conexão dentro do grupo e com o mundo em geral. 

Um dos usos pretendidos é na pesca noturna, por exemplo. Também será bem aproveitado pelas artesãs, que podem trabalhar depois que o sol se põe, ou pelas crianças, que conseguem fazer suas tarefas escolares à noite. 

Inclusive o design de WaterLight foi baseado na comunidade Wayúu e na sua ligação ancestral com o mar. A correia é tecida artesanalmente com figuras de Kanas, antigo artesanato local, e a superfície de madeira é decorada com símbolos e padrões tradicionais da região. O aparelho é ainda à prova d'água e feito de material reciclável.

Equipamento pode ser solução prática para comunidades onde a infraestrutura de energia não está consolidada

Um potencial revolucionário

O dispositivo inovador pode mudar a vida de milhões de pessoas. Moçambique, por exemplo, tem 22 milhões de indivíduos sem eletricidade e Angola, 18 milhões, os dois países com maior déficit de energia no mundo segundo a ONU. Mas são banhados pelo mar e poderiam usar a solução nas comunidades costeiras. 

Com o agravamento da crise global dos refugiados, pode ser também uma opção tecnológica sustentável para oferecer ajuda a instituições que ajudam os migrantes em suas necessidades essenciais. 

Esse potencial revolucionário rendeu aos criadores uma série de prêmios no mundo todo, em diferentes categorias, como design de produto, inovação, negócio de impacto e sustentabilidade. Só no Cannes Lions, o maior festival de comunicação do planeta, WaterLight foi reconhecida com três leões em 2021. 

O produto não é vendido em lojas físicas ou online para consumidores em geral. Está disponível apenas para compra por ONGs, governos e entidades sociais privadas. 

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