São Paulo - O Grupo Lala SAB, o maior produtor de leite do México, é um dos ofertantes para o negócio de laticínios da BRF SA no Brasil, disseram fontes do setor.
Os produtores franceses de alimentos Danone e Groupe Lactalis SA também expressaram interesse pela unidade, disse uma das fontes, que solicitou não ser identificada divulgando informação privada. A Lala está trabalhando com o Grupo BTG Pactual na sua oferta, disse uma fonte.
A BRF gerou cerca de R$ 2,8 bilhões (US$ 1,3 bilhões) com vendas de produtos lácteos no ano passado, conforme seu relatório anual.
Com base na mediana de múltiplos entre preços e vendas de 1,89 paga pelos produtores de laticínios de mercados emergentes nos últimos cinco anos, a unidade poderia conseguir R$ 5,3 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg.
A BRF, cujo valor de mercado é de cerca de R$ 46 bilhões, opera no mercado acionário brasileiro a cerca de 1,5 vezes suas vendas.
A maior produtora de alimentos do Brasil leiloará sua unidade de laticínios para focar-se no seu negócio de carne, disse o CEO Claudio Galeazzi em entrevista em 11 de junho. O negócio controla cerca de 15 por cento das vendas de leite no Brasil, segundo dados compilados pela Euromonitor International.
Galeazzi disse que a divisão forneceria a compradores internacionais uma escala instantânea em um mercado com fortes barreiras à entrada.
A posição de mercado da BRF foi ajudada pela popularidade das suas marcas Batavo e Elege entre os consumidores, segundo a Euromonitor.
Projeta-se que o consumo de produtos lácteos no mercado registre uma taxa de crescimento anual composto de 6 por cento por ano até 2018, mostra o relatório.
Mercado do leite
A Lala está procurando oportunidades de crescimento no exterior após arrecadar 14,1 bilhões de pesos mexicanos (US$ 1,08 bilhões) em uma abertura de capital em outubro, disse o presidente Eduardo Tricio em uma entrevista no ano passado.
Fundada como empresa cooperativa de laticínios em 1949, a Lala empregou fusões e aquisições no México para levar a receita anual para 43,2 bilhões de pesos em 2013.
Atualmente, a empresa controla mais de metade do mercado do leite no México, segundo relatórios da companhia que citam pesquisas da A.C. Nielsen.
Um assessor de imprensa da Lala não quis comentar sobre a unidade de laticínios da BRF, dizendo que a empresa está avaliando constantemente oportunidades no México e no exterior.
Porta-vozes da Lactalis e da BTG não quiseram fazer comentários, e representantes da Danone e da BRF não responderam imediatamente a pedidos de comentários.
Galeazzi, nomeado CEO em agosto, venderá os ativos de laticínios como parte da sua ordem de aumentar a produtividade nas operações existentes e expandir-se no exterior.
Ele disse que houve uns 10 ou 11 acordos de sigilo assinados na fase inicial do leilão, e que desde então o processo avançou para uma segunda fase. O Banco Itaú BBA SA está gerenciando a venda para a BRF, com sede em São Paulo, disse ele.
As partes interessadas são “empresas muito fortes que querem vir ao Brasil”, disse Galeazzi. “A nossa expectativa é vendê-la, pois todos os investidores estratégicos fora do Brasil têm uma barreira natural à entrada”.
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1. A opinião de 10 analistas para as ações da Brasil Foods
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1/11 (Germano Lüders/EXAME.com)
São Paulo – As ações da Brasil Foods (
BRFS3) tombaram 9,3% em apenas dois dias com as incertezas sobre a concretização da fusão entre a Sadia e a Perdigão. A relatoria do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) pediu ontem a reprovação total da operação. O relator do caso, Carlos Ragazzo,
se mostrou contra a operação apontando diversos fatores negativos da união das duas companhias. Entre eles, o aumento dos preços dos produtos e a concentração excessiva em alguns segmentos, como o de margarina e carne In natura. A notícia pegou de surpresa o mercado, que ainda não precificava tal cenário nos papéis. A ação ordinária foi a segunda mais negociada da bolsa brasileira na quinta-feira, com 13.979 operações. O volume financeiro alcançou 463, 83 milhões de reais. Assim como os investidores, os analistas foram desafiados a projetar cenários para quem possui os papéis e
aguarda a retomada do julgamento no próximo dia 15 de junho, já que um dos conselheiros pediu mais tempo para ler o relatório de Ragazzo. EXAME.com colheu as opiniões de 10 analistas, cujas recomendações variam desde a indicação de venda dos papéis, até para quem sugira a compra das ações após a recente forte desvalorização. Confira as análises nas próximas páginas:
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2. Renato Prado, analista da Fator Corretora
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2/11 (EXAME TV)
Para o analista da Fator, Renato Prado, o atual patamar das ações da Brasil Foods sugere que o mercado já considera a pior das hipóteses para a empresa, “com a venda dos ativos de Sadia e ainda avalia os ativos remanescentes de forma muito conservadora, além de não considerar qualquer tipo de sinergia”, explica. Segundo ele, até que ocorra uma decisão final do Cade, a recomendação de compra está mantida, com um preço-alvo de 33,60 reais para dezembro de 2011. Prado analisa que, considerado um modelo de avaliação bastante conservador ”que se refira somente às operações de Perdigão”, o valor justo da Brasil Foods (R$8,4 bilhões de Sadia mais R$18,9 bilhões referente somente às operações de Perdigão) “está muito próximo ao valor de empresa atualmente negociado”, afirma. “Acho que a ação está até barata porque precisa dar tudo errado. Já vale entrar no papel”, disse em entrevista para EXAME.com.
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3. Juliana Rozenbaum, analista do Itaú BBA
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3/11 (Wikimedia Commons)
O Itaú BBA manteve a recomendação de desempenho acima da média e um preço-alvo de 29,7 reais para a empresa. Apesar disso, afirma que a ação não estava precificando tal cenário e, portanto, ainda há potencial de uma nova queda até que a “visibilidade seja resgatada”, explica Juliana Rozenbaum. “Mesmo com a nossa leitura negativa, continuamos a acreditar que o acordo tem chance de ser aprovado, mas com restrições significantes que incluem a venda de marcas (exceto a Sadia e a Perdigão), venda/locação de capacidades e a abertura da rede de distribuição e logística para os concorrentes”, analisa.
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4. Gabriel Vaz de Lima e Luis Miranda, analistas do Santander
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4/11 (EXAME.com)
O banco Santander colocou o preço-alvo e a recomendação para os papéis da empresa em revisão, mostra relatório publicado hoje. “Considerando que o anúncio de ontem recomenda a desintegração total da Sadia com a Perdigão, envolvendo as marcas, assim como exportações. Neste cenário, não há sinergias entre a Sadia e a Perdigão, pois as duas companhias seriam mantidas separadas”, mostra relatório assinado por Gabriel Vaz de Lima e Luis Miranda Os analista lembram, contudo, que ainda existem outras saídas. “A Brasil Foods pode ainda negociar com outros membros do Cade e propor uma nova solução e a pode apelar para as cortes federais. Até agora, o advogado geral federal ainda não definiu uma decisão sobre o caso”, afirmam
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5. Rodolfo Amstalden, analista da Empiricus
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5/11 (EXAME TV)
A Empiricus não recomendava a compra da Brasil Foods porque considerava que o mercado subestimava o risco de o Cade não aprovar a fusão. Agora, apesar da queda recente, ainda não vê uma oportunidade de compra dos papéis. “Ainda é hora de pressão porque é um fogo cruzado até o dia 15, com muitos ruídos atuando sobre o papel e, por isso, não é a hora de entrar porque pode cair um pouco mais”, afirma Rodolfo Amstalden, analista da Empiricus Research. Ele projeta três cenários: o de grande probabilidade é de aprovação com restrições, mas não muito grandes. Seria o melhor dos mundos da empresa. A segunda possibilidade é levar para a Justiça e ficar sempre em um impasse. Isso seria bom porque a empresa já está integrada, mas sem algumas sinergias. O terceiro cenário é o caso de vender uma das marcas grandes. E isso vai depender dos termos da venda, o que pode ser bom ou ruim. Se for muito rápida, pode ser negativa. Mas se for um pedido de venda com um tempo prolongado pode ser interessante.
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6. Henrique Ribas, analista da Planner Corretora
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6/11 (EXAME)
Para Ribas, a sinalização de que a operação deve ser vetada pelo Cade é bastante prejudicial para a Brasil Foods. Segundo ele, o relator precisaria considerar que caso a Sadia não tivesse sido resgatada pela Perdigão, entraria em estado de insolvência. “Quanto ao mercado doméstico discordamos da possibilidade de que haja ausência de concorrentes no futuro dada a atratividade do mercado”, afirma. Mesmo assim, apesar de ter uma visão contrária à do Cade, “neste momento é grande a chance de ser vetada a fusão de Perdigão e Sadia e caso seja oficializada a desaprovação teremos que realizar uma reavaliação do negócio para definir um novo preço alvo”, ressalta.
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7. Carlos Albano, analista do Citi
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7/11 (Justin Sullivan/Getty Images)
Para o Citi, o relator acredita que seria muito difícil a entrada de um terceiro participante em alguns segmentos de negócio como produtos refrigerados e congelados de carne. “Acreditamos que ele sustentou os argumentos baseado nos estudos da SEAE (Secretaria de Acompanhamento Econômico) e suportando os argumentos com o que parecem ser dados muito bem fundamentados”, afirma Albano. “A análise do Sr. Ragazzo parece bastante negativa para a criação da Brasil Foods”, explica. O relatório do Citi foi produzido durante o julgamento. A recomendação é de manutenção, com um preço-alvo de 32 reais.
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8. Cauê Pinheiro, analista da SLW Corretora.
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8/11 (ERNESTO RODRIGUES)
O analista da SLW Corretora acredita que o teor das declarações do relator do caso, Carlos Ragazzo, foi bastante negativo, o que indica a possibilidade de uma reprovação total do negócio. “Caso isso ocorra, a Cia deve recorrer à justiça e as ações podem mudar de patamar de negociação. Portanto, estamos recomendando ficar de fora do papel enquanto não conhecermos a decisão final do Cade”, diz. A recomendação é de venda das ações. O preço-alvo está em revisão.
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9. Marcel Moraes e Antonio Gonzalez, analistas do Credit Suisse
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9/11 (Wikimedia Commons)
Para o Credit Suisse, as declarações do relator deterioram as expectativas do mercado em relação à uma aprovação do acordo, com uma alta probabilidade de a Brasil Foods ser forçada a levar o assunto para a Justiça, “o que em nossa visão deve pesar sobre as ações no curto prazo”. A recomendação foi mantida em neutra, com um preço-alvo de 34 reais. Os analistas ainda consideram o cenário base, com uma probabilidade de 40% para a aprovação da fusão, porém com restrições. “Entretanto, acreditamos que o mercado não precifica adequadamente os preços na balança de risco/retorno sobre as possíveis conclusões. Também atribuímos 30% de probabilidade de o assunto ser levado à Justiça”, dizem.
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10. Rafael Cintra, analista da Link Investimentos
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10/11 (Roberto Chacur)
Para o analista da Link Investimentos, o fato de o julgamento ter sido adiado por uma semana pode ser favorável para a Brasil Foods, “uma vez que, com um pouco mais de tempo para análise, os conselheiros podem formar opiniões diferentes da do relator”, explica Rafael Cintra. “De qualquer forma, o cenário de aprovação sem restrição, que era esperado até algum tempo atrás, já não existe mais. Ainda existe chance de a fusão ser aprovada, mas as restrições impostas deverão ser significativas. E até o próximo julgamento, que deverá ocorrer no dia 15/06, as ações da empresa devem ser pressionadas”, afrima. A recomendação de desempenho em linha com a média está mantido.
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11. Fernando Ferreira e Isabella Simonato, analistas do Bank of America Merrill Lynch
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11/11 (Mario Tama/Getty Images)
Para o banco, é razoável assumir que a empresa continue a operar como hoje nos próximos anos, caso decida recorrer da decisão do Cade na Justiça. Segundo eles, contudo, a decisão de separação das operações da Sadia com a Perdigão pode levar os papéis para o patamar de 22,50 reais. A recomendação foi reduzida de compra para neutra. O preço-alvo caiu de R$ 36,00 para R$ 29,00.