Por enquanto, companhia resultante da associação entre Kroton e Anhanguera quer concentrar esforços no acesso à educação universitária no Brasil (Adam Berry/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 30 de abril de 2013 às 09h22.
São Paulo - Anunciada hoje, a associação entre a Kroton e a Anhanguera criará a maior companhia de educação do mundo, caso o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) dê sinal verde para o negócio. Juntas, as duas companhias são avaliadas em 5,9 bilhões de dólares, algo como 12 bilhões de reais.
Bem à frente da segunda colocada do ranking - a chinesa New Oriental, com 2,9 bilhões de dólares em valor de mercado - a companhia resultante da associação deverá integrar, com esse tamanho, o índice das empresas mais representativas da bolsa, o Ibovespa.
Mas essa não é única medida da sua grandeza. Unidas, Anhanguera e Kroton possuem:
1 milhão de alunos
123 campi de ensino presencial
647 polos de ensino a distância
Unidades em 80 cidades do país
Mais de 2.000 cursos de graduação, mestrado e doutorado
Considerando os resultados apresentados no ano passado, as companhias reportaram juntas:
Receita bruta de 4,3 bilhões de reais
Receita líquida de 3 bilhões de reais
Ebtida (juros, impostos, depreciação e amortização) de 709 milhões de reais
Lucro líquido de 420 milhões de reais
Embora a fusão entre Anhanguera e Kroton dê musculatura global ao negócio, a ideia, pelo menos por enquanto, é crescer no Brasil. No que se refere ao ensino universitário, a taxa de penetração média é de 14,6% no país. O governo quer elevar o percentual para 33% até 2020. Junto com a Anhanguera, a Kroton acredita estar bem posicionada para participar dessa mudança de cenário.
Em coletiva de imprensa, Rodrigo Galindo, CEO da Kroton e futuro diretor presidente da nova companhia, apontou que uma das principais ferramentas para incrementar o número de estudantes matriculados nas universidades será o aumento de adesão ao FIES, o Fundo de Financiamento Estudantil.
"Nós somos o maior parceiro do Ministério da Educação, com 120.000 alunos do FIES nas duas instituições combinadas", completou. A ideia, daqui para frente, é ampliar o percentual de alunos inscritos no programa. Hoje, a Anhanguera tem 20% de seus alunos presenciais no FIES. Na Kroton, o percentual já é de 45%.
Passos
Em 10 dias, as companhias deverão concluir a documentação entregue ao Cade. Embora a autarquia tenha, pela nova lei, prerrogativa para barrar a megatransação, os executivos da companhias não acreditam que isso deve acontecer.
A sobreposição das atividades no ensino presencial acontece em apenas em Cuiabá (MS), Belo Horizonte (MG), Jundiaí (SP) e Rondonópolis (MT) - quatro cidades das 80 onde as companhias atuam.
As companhias têm aproximadamente 900.000 alunos na graduação. Embora o governo não tenha divulgado dados de 2012, o censo de 2011 aponta a existência de 6,5 milhões de estudantes universitários no país. Considerando esse número, a participação de mercado de Kroton e Anhanguera seria de cerca de 14%.
"Tanto no ensino presencial quanto no ensino a distância, esse número tende a ser abaixo ou igual a 20%", disse Rodrigo Galindo. "No ensino presencial, (o market share) é ainda menor", finalizou.
Múltiplas marcas
Até a conclusão da operação, as duas empresas continuarão atuando de maneira independente. Após o parecer do Cade, o nome Kroton responderá pela atividade da nova companhia na bolsa. Além disso, estudos de branding serão encomendados para determinar a permanência ou não de todas as marcas no portfólio.
A Kroton é dona da Faculdade Pitágoras, Unopar (Universidade Norte do Paraná), Uniasselvi, UNIC (Universidade de Cuiabá), UNIME (União Metropolitana de Educação e Cultura), Unirondon, Faculdade União, Faculdade Atenas Maranhense e Faculdade de Macapá.
Já as principais marcas que estão sob o controle da Anhanguera são a Unipli (Centro Universitário Plínio Leite), Uniban (Univerdade Bandeirante de São Paulo) e UniABC.