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Kroton admite que pode perder alunos por causa do Fies

A expectativa do grupo é que o número de novos estudantes matriculados neste semestre seja igual ou até 5% menor na comparação com 2014


	Aula da Kroton: com queda de 6,36% na quinta-feira, a ação da Kroton registrou a maior perda do Ibovespa
 (Germano Lüders/Site Exame)

Aula da Kroton: com queda de 6,36% na quinta-feira, a ação da Kroton registrou a maior perda do Ibovespa (Germano Lüders/Site Exame)

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Da Redação

Publicado em 20 de março de 2015 às 09h55.

São Paulo - A Kroton, maior grupo privado de educação superior do País, admitiu na quinta-feira, 19, que pode perder alunos diante das mudanças feitas pelo governo este ano no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

O diretor-presidente da empresa, Rodrigo Galindo, disse ontem em teleconferência com investidores que a expectativa da Kroton é que o número de novos estudantes matriculados neste semestre seja igual ou até 5% menor na comparação com 2014.

O mercado reagiu mal às afirmações do executivo e as ações despencaram após a teleconferência.

Com queda de 6,36% na quinta-feira, a ação da Kroton registrou a maior perda do Ibovespa, seguida pela da concorrente Estácio, que caiu 5,33%.

Desde o início do ano, Kroton e Estácio perderam cerca de 33% do valor de mercado.

"A Kroton apresentou um resultado trimestral muito bom. O que desanimou o mercado foram as expectativas de captação de alunos divulgadas na teleconferência", disse o analista de Educação da Fator Corretora, Guilherme Moura Brasil.

Além da possibilidade de perder alunos, Galindo disse ainda que a alteração no Fies pode levar a uma queda no tíquete médio da companhia.

Segundo ele, o motivo é que, com a carência para pagar o empréstimo, o Fies reduziu a sensibilidade dos estudantes a preço, elevando a demanda por cursos de graduação mais caros, como os da área de saúde e engenharia.

"Acreditamos que uma parte do poder de preço que temos, nós devemos perder, mas a estratégia de aumentar a percepção de qualidade vai continuar", disse.

A Estácio divulgou que espera um crescimento entre 8% e 13% na sua captação de novos alunos na graduação presencial, mesmo após a mudança do Fies.

No relatório, a companhia ressaltou ainda que a Estácio já vinha mantendo sua exposição ao Fies abaixo da média do mercado. 

"Jamais nos permitimos criar uma dependência do Fies, de modo que podemos seguir firmes com a nossa capacidade de crescer pelas próprias pernas."

A Estácio informou que 3 mil alunos já se inscreveram para buscar empréstimos na linha de crédito subsidiado anunciada na semana passada pela empresa.

Financiamento

O presidente da Kroton também afirmou que a empresa está estruturando um programa de financiamento estudantil de longo prazo para seus alunos.

O modelo ainda está em estudos, mas a intenção da companhia é implementá-lo no primeiro semestre do ano que vem.

O programa da Kroton poderá operar com recursos próprios ou de terceiros. Haverá cobrança de juros e a amortização da dívida irá além do período de duração do curso.

"A Kroton é uma das poucas empresas que poderá oferecer crédito aos alunos com recursos próprios. A maioria das companhias não tem capital para isso", disse o analista da Fator Corretora.

Para reduzir o impacto das mudanças no Fies este ano, a Kroton passou a ofertar um programa de empréstimo ponte, de curto prazo.

Os alunos que não conseguirem contratos no programa de financiamento do governo poderão parcelar o pagamento das mensalidades deste ano sem juros.

A estimativa da companhia é de que 15 mil alunos recebam o empréstimo no primeiro semestre deste ano.

Nas últimas semanas, Estácio, Anima e Ser Educacional anunciaram novas linhas de crédito para seus alunos com a financeira Ideal Invest.

Pela fórmula adotada por essas empresas, parte do juro cobrado pela financeira será subsidiada pelos grupos de educação.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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