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Kibon quer ter o melhor verão da história. Para isso, faz até "sorvetaço"

Empresa faz seu maior investimento em uma década para ampliar presença nos canais e seguir liderando o verão

Teo Figueiredo, diretor da The Magnum Ice Cream Company no Brasil: "Temos expectativa de fazer o maior verão de todos os tempos" (The Magnum IceCream Company/Divulgação)

Teo Figueiredo, diretor da The Magnum Ice Cream Company no Brasil: "Temos expectativa de fazer o maior verão de todos os tempos" (The Magnum IceCream Company/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 1 de novembro de 2025 às 08h00.

Mesmo no calor do Brasil, vender sorvete ainda é um desafio.

Só metade da população consome o produto pelo menos uma vez por ano. Para a Kibon, líder do setor no país, essa realidade representa um obstáculo — mas também uma oportunidade. E a empresa está disposta a enfrentá-la com força total neste verão.

A marca brasileira com 84 anos de história é hoje o principal nome da The Magnum Ice Cream Company. A marca é o novo braço de sorvetes da Unilever, criada em 2025.

Com 8 bilhões de euros de faturamento e 3 milhões de freezers espalhados pelo mundo, a nova empresa quer transformar a estação mais quente do ano em um motor de crescimento.

A estratégia da Kibon começa no básico: mais produtos, mais pontos de venda e mais ativações promocionais. Mas vai além disso.

A companhia aposta em novas ocasiões de consumo, reforça sua presença em categorias premium e investe pesado em inovação. Para marcar esse novo ciclo, criou até o "sorvetaço" — evento em que distribuiu 5.000 picolés em menos de uma hora como símbolo do que está por vir.

“Temos expectativa de fazer o maior verão de todos os tempos. É ousado, mas temos intenção de demonstrar isso dentro da companhia. É o maior investimento dos últimos 10 anos”, afirma Teo Figueiredo, diretor-geral da empresa no Brasil.

Agora, o foco da empresa é aproveitar o verão como alavanca para ampliar a penetração dos seus produtos — e, principalmente, mudar a frequência do consumo de sorvetes no país.

Inovação para criar novos momentos de consumo

O carro-chefe da estratégia da Kibon para este verão é a inovação.

A empresa anunciou o lançamento de sete novos produtos e prepara a chegada de outros ao longo da temporada, totalizando 51 itens no portfólio. A proposta vai da nostalgia ao premium, passando por formatos voltados ao público infantil e embalagens pensadas para conveniência.

Entre os lançamentos estão o Cornetto Choco Mix, de volta em edição limitada, o Fruttare Tangerina — com três nomes diferentes na mesma embalagem, em referência à diversidade cultural do país (vai aparecer bergamota e mexerica também)  — e o Frutilly Chiclete Pinta-Língua, que resgata o sabor de infância e promete pintar a língua de azul.

Além disso, a Kibon amplia a linha de indulgência com os bombons Magnum Pistache e Cookies & Cream, e duas novas versões em pote.

“A gente quer criar novas ocasiões de consumo. O Magnum Bombom, por exemplo, é um snack indulgente, congelado e que pode ser compartilhado. Fomos pioneiros nessa categoria e seguimos líderes absolutos nesse segmento”, diz Teo.

Esse movimento atende a uma meta clara: fazer com que os brasileiros tomem mais sorvetes, mais vezes por ano.

Segundo o executivo, o desafio vai além da temperatura. Envolve entender os hábitos de consumo e reposicionar o sorvete como parte do cotidiano, e não apenas como um produto sazonal.

Para isso, a Kibon aposta em formatos flexíveis, que se encaixem em diferentes canais. Desde o picolé vendido em padarias de bairro até o pote familiar no supermercado. “Temos que estar onde o consumidor está. E cada canal pede um tipo diferente de produto”, diz o executivo.

Uma operação gelada em um país continental

Para que toda essa inovação chegue de forma eficiente aos consumidores, a Kibon se apoia em uma estrutura robusta.

No Brasil, a empresa tem uma fábrica em Valinhos, em São Paulo, onde é produzido todo o volume nacional. São mais de 120.000 freezers espalhados pelo país, atendendo 84.000 pontos de venda com apoio de distribuidores e venda direta.

Mas operar uma cadeia congelada em um território como o Brasil é uma missão logística complexa.

“A distância do leste ao oeste do Brasil é maior do que a da costa do Brasil até a África. E de norte a sul, nem se fala. Isso cria uma complexidade enorme de operação”, afirma Teo.

A temporada de verão também coincide com o período de férias coletivas no varejo, entre o Natal e o Ano Novo — o que exige ainda mais atenção ao abastecimento e ao suporte nos pontos de venda.

A Kibon acompanha de perto essa dinâmica e intensifica as ativações promocionais nas regiões litorâneas e nas capitais, com foco em visibilidade e giro de estoque.

Entre as ações, está o retorno do palito premiado, campanha clássica que voltou a circular no litoral paulista em 2024. E para 2025, a empresa promete ampliar o alcance da campanha “Loucos por Kibon”, com ativações em diferentes regiões do país e forte presença nos canais digitais.

“Esse tipo de ativação gera engajamento e ajuda a transformar o consumo em algo emocional. O sorvetaço foi só o começo”, diz o executivo.

O verão como laboratório de expansão

Mais do que uma alta estação, o verão virou um campo de prova para a nova fase da Kibon como parte da The Magnum Ice Cream Company. A separação da Unilever criou uma companhia global dedicada exclusivamente ao segmento de sorvetes — e com autonomia para explorar novas estratégias, produtos e mercados.

No Brasil, o foco é ganhar espaço. Seja conquistando novos consumidores, aumentando a frequência de consumo ou expandindo a presença física nos pontos de venda. A expectativa é usar os próximos seis meses para consolidar esse novo momento da marca.

“A missão é simples: fazer a vida ficar mais gostosa com sorvete. E quanto mais gente tomar, mais a gente cumpre essa missão”, diz Teo.

O desafio é grande. A concorrência é pulverizada, com mais de 11.000 fabricantes de sorvetes no país, muitos deles atuando em nichos ou canais específicos. Mas a Kibon aposta em escala, distribuição e inovação como diferenciais competitivos.

Se depender do planejamento, da operação e do apetite por expansão, o “maior verão de todos os tempos” tem tudo para sair do papel.

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