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Keppel para de trabalhar para Sete Brasil

A Keppel, maior construtora de plataformas de petróleo do mundo, disse que parou de trabalhar no quarto trimestre em projetos para a Sete Brasil


	Keppel: Keppel teve baixa contábil de 230 milhões de dólares de Singapura referentes aos projetos inadimplentes
 (Keppel Land)

Keppel: Keppel teve baixa contábil de 230 milhões de dólares de Singapura referentes aos projetos inadimplentes (Keppel Land)

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Da Redação

Publicado em 21 de janeiro de 2016 às 21h13.

A Keppel, maior construtora de plataformas de petróleo do mundo, disse que parou de trabalhar no quarto trimestre em projetos para a Sete Brasil que está com as contas atrasadas há mais de um ano.

A Keppel teve baixa contábil de 230 milhões de dólares de Cingapura (US$ 160 milhões) referentes aos projetos inadimplentes.

A Sete Brasil, cliente brasileira da Keppel, discutirá se a empresa deve entrar com pedido de recuperação judicial depois que a queda dos preços do petróleo reduziu a demanda por seus equipamentos de perfuração.

O trabalho de construção de quatro semissubmersíveis encomendados pela Sete Brasil, que também está envolvida em uma investigação de corrupção, avançou menos de 4 por cento por trimestre no ano passado, disse a Keppel, que tem sede em Cingapura, em um comunicado na quinta-feira.

“A Keppel, uma das primeiras empresas de Cingapura a entrar no mercado brasileiro, não foi poupada dessa tempestade”, disse o CEO Loh Chin Hua. “Tivemos que adotar medidas para mitigar nossa exposição diminuindo o ritmo de construção das plataformas da Sete depois que os pagamentos da nossa cliente foram interrompidos há mais de um ano”.

A Keppel informou na quinta-feira que o lucro do quarto trimestre caiu de 726 milhões de dólares de Cingapura para 405 milhões de dólares de Cingapura e que vários projetos com entregas programadas para 2015 foram adiados para este ano. Ainda assim, o resultado superou a projeção média de lucro de 392 milhões de dólares de Cingapura em uma pesquisa da Bloomberg com cinco analistas. O lucro anual de 1,53 bilhão de dólares de Cingapura, foi o mais baixo da empresa em cinco anos.

A Keppel e sua concorrente Sembcorp Marine enfrentam o risco de os clientes pedirem mais adiamentos e cancelamentos de entregas e de que as novas encomendas desapareçam depois que os preços do barril do petróleo caíram para menos de US$ 30 pela primeira vez em mais de uma década.

Problemas brasileiros

As ações da Keppel caíram 0,6 por cento para 4,80 dólares de Cingapura antes do anúncio do lucro, na quinta-feira. A ação caiu 26 por cento desde o início do ano, dando à empresa o terceiro pior desempenho do índice Straits Times, que registrou um declínio de 12 por cento. As ações da Sembcorp Marine subiram 1 por cento na quinta-feira para 1,50 dólares de Cingapura e caíram 14 por cento no ano.

A Sete Brasil não paga a Keppel e a Sembcorp Marine desde novembro de 2014, colocando em risco US$ 10,5 bilhões em encomendas pedidas às duas empresas. A empresa brasileira encomendou seis semissubmersíveis à Keppel e sete navios-sonda à Sembcorp Marine em 2011 e 2012, cerca de 40 por cento da carteira de encomendas das duas empresas, segundo a Nomura e a DBS Vickers Securities.

A Sete Brasil entrou em dificuldades financeiras depois de não conseguir um financiamento de longo prazo em meio a acusações de pagamentos de propinas à sua única cliente, a Petrobras. Os credores rolaram os empréstimos da Sete Brasil várias vezes desde outubro de 2014 para ajudar a manter a empresa funcionando, segundo pessoas informadas sobre o assunto.

A Keppel já contabilizou cerca de US$ 1,3 bilhão em receitas com as encomendas, disse Loh na quinta-feira e a DBS Vickers disse em um relatório, em 11 de janeiro, que a Sembcorp Marine registrou cerca de 2,5 bilhões de dólares de Cingapura. Se a Sete Brasil pedir recuperação judicial, as construtoras de plataformas de Cingapura provavelmente precisarão revisar suas receitas e realizar impairment, disse a DBS Vickers.

Loh disse que a Keppel havia diminuído drasticamente o ritmo dos projetos da Sete em 2015 e que os interrompeu completamente no fim do ano.

“Entendemos que o conselho da Sete se reunirá em breve para discutir planos futuros para a empresa”, disse Loh. “Não está claro quando será tomada uma decisão final. Até recebermos informações da Sete oficialmente e a situação e as opções disponíveis se tornarem mais claras para nós, as medidas acima, na nossa opinião, são sólidas e adequadas”.

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