Murilo Menezes, gerente geral da Juvo no Brasil: juros para empréstimo pessoal é a partir de 1,99% ao mês (Juvo/Divulgação)
Repórter
Publicado em 28 de julho de 2025 às 05h58.
Última atualização em 28 de julho de 2025 às 10h04.
A Juvo, fintech brasileira especializada em microcrédito, acaba de levantar R$ 140 milhões em sua terceira rodada de captação via Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC). O objetivo é expandir a oferta de empréstimos de até R$ 4.500, com o celular como garantia, um modelo que já permitiu à fintech liberar R$ 1,6 bilhão em crédito.
Além da nova série FIDC, a Juvo também concluiu uma captação de capital equity de cerca de R$ 65 milhões. Ao todo, a empresa chega a R$ 750 milhões em investimentos totais.
De origem americana, mas com ascensão global, a Juvo chegou oficialmente ao Brasil em 2017 oferecendo adiantamento de recarga de celular, um microcrédito que permite que o consumidor recarregue o celular, mesmo sem ter o valor disponível.
O modelo de negócio fez sentido imediato no Brasil, onde a base da população possui celular pré-pago, mas não necessariamente acesso a crédito convencional. Hoje, são mais de 100 mil brasileiros usando o produto diariamente.
Esse cenário fez com que a Juvo brasileira criasse as próprias pernas por aqui.
Cinco anos depois, a fintech decidiu apostar no empréstimo pessoal, usando o celular como garantia. O produto é exclusivo do Brasil. "Hoje, ele é responsável por grande parte da nossa receita, mas a base da nossa tecnologia permanece a mesma", afirma Murilo Menezes, gerente geral da Juvo no Brasil.
O principal produto da Juvo no Brasil é o empréstimo pessoal com garantia de celular, oferecendo valores entre R$ 700 e R$ 4.500. As características principais incluem:
O processo funciona através de alienação fiduciária, onde o cliente mantém a posse do aparelho durante o período do empréstimo, mas em caso de inadimplência, aplicativos "não essenciais" são temporariamente desativados. Ainda é possível se comunicar com outras pessoas.
A parceria com as três principais operadoras de telecomunicação no Brasil foi fundamental para a criação de um score de crédito alternativo, que hoje é o diferencial da fintech.
As operadoras fornecem informações detalhadas sobre como e quando os clientes fazem recargas em seus aparelhos, um comportamento que, de acordo com a Juvo, reflete diretamente na capacidade financeira do usuário.
Com essa coleta de dados, a fintech consegue analisar o padrão de consumo e pagamento, e, a partir disso, criar um score de crédito que leva em consideração o uso contínuo do celular e o comportamento de recarga, ao invés de depender de informações bancárias ou histórico de crédito.
A Juvo foi fundada por Steve Polsky, um americano que, ao se deparar com um dado alarmante do Banco Mundial, decidiu criar uma solução para um problema global: 68% da população mundial estava mal representada nos birôs de crédito.
Steve identificou que o problema não estava no comportamento financeiro das pessoas, mas na falta de dados para avaliá-las. A partir disso, ele fundou a Juvo nos Estados Unidos para criar uma plataforma que usasse dados alternativos, como o comportamento de recarga de celular, para calcular o crédito das pessoas.
De lá para cá, a fintech se espalhou por 27 países pela América Latina, Ásia e Europa, mas foi no Brasil que ela encontrou sua verdadeira casa. "Quando entrei, éramos uma pequena equipe. Hoje, somos mais de 100 pessoas", diz Menezes.
A estruturação desta nova série do FIDC teve a SRM como coordenadora líder e distribuidora. O fundo, que conta com a SRM como gestora e a QITech como administradora, recebeu aportes de investidores como Itaú Asset Management, Augme Capital, EQI Asset e Credit Saison.