Negócios

Justiça processa Grupo Líder por danos a empregados no Pará

Funcionários realizaram uma série de denúncias contra a varejista relatando casos de desvio de função de trabalhadores e ausência de descanso semanal


	A direção do Grupo Líder, dono de 16 supermercados, recusou-se a entrar em acordo com o Ministério Público
 (Marcos Santos/USP Imagens)

A direção do Grupo Líder, dono de 16 supermercados, recusou-se a entrar em acordo com o Ministério Público (Marcos Santos/USP Imagens)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de janeiro de 2013 às 21h09.

Belém - O Ministério Público do Trabalho (MPT) abriu uma ação civil pública por dano moral coletivo, no valor de R$ 3 milhões, contra o Grupo Líder, uma das principais redes de supermercados do Pará - e uma das 20 maiores do Brasil - devido a uma série de denúncias feitas por trabalhadores contra o grupo desde 2008. A empresa é dona de um shopping em Belém, 16 lojas de supermercados, 15 farmácias e 10 magazines.

As denúncias, comprovadas em fiscalização pelo MPT e apontadas na ação como "estarrecedoras", eram principalmente sobre a prática de desvio de função e ausência de descanso semanal remunerado, além de problemas na potabilidade da água fornecida, desrespeito às convenções e acordos coletivos, e jornada de quatro domingos consecutivos por mês, dentre outras reclamações.

Foi tentada uma solução extrajudicial e a assinatura de um termo de ajustamento de conduta para sanar as irregularidades, mas a direção do Grupo Líder recusou o acordo. "O empregador se mostrou insensível ao apelo dos agentes públicos, incluindo o Ministério Público", diz na ação o procurador do Trabalho, José Carlos Souza de Azevedo. Desse modo, não restou alternativa ao MPT, senão o ajuizamento de ação, requerendo reparação das "lesões ao tecido social".

As diligências atestaram que o grupo efetuava pagamentos diferenciados a empregados que exerciam mesma função, exigia o uso de uniformes completos porém não os fornecia e que o limite de peso fixado para o transporte manual no setor de portaria de carga estaria prejudicando a saúde dos trabalhadores. A audiência inaugural entre as partes foi marcada para o próximo dia 31.

Segundo o MPT, restou caracterizada a prática de dumping social, que consiste na redução dos custos de um negócio com base na eliminação de direitos trabalhistas, resultando em prejuízos tanto à concorrência, quanto à sociedade como um todo.

O diretor da empresa, Oscar Rodrigues, declarou à reportagem ter ficado "surpreso" com o processo, afirmando que as acusações contidas na ação do MPF seriam "totalmente improcedentes". Ele não quis comentar a respeito das tentativas de acordo extrajudicial para evitar o processo, adiantando apenas que os advogados do grupo estão prontos para contestar em juízo os argumentos da procuradoria do Trabalho. "Eu confio na Justiça", resumiu o empresário.

Acompanhe tudo sobre:ComércioConsumoJustiçaVarejo

Mais de Negócios

Como a Nestlé usa IA para 'rastrear' 700 mil cápsulas de café por dia no Brasil 

Veja os dois erros que podem afundar sua ideia de negócio, segundo professora de Harvard

Herdeira do Walmart e mulher mais rica do mundo inaugura faculdade de medicina nos EUA

Startup fundada por dois ex-MIT atinge US$ 300 milhões em valuation com apenas dois anos de vida