Marcos Amaro, presidente da Amaro Participações, fundou o Instituto Brasis para fomentar a cultura e discutir os problemas sociais (.)
Da Redação
Publicado em 6 de julho de 2010 às 13h00.
São Paulo - Mesmo tendo trabalhado com o mercado de luxo, o presidente da Amaro Participações, Marcos Amaro, sempre teve vontade de investir em negócios de cunho social. Esse desejo começou a virar realidade em novembro do ano passado, quando conseguiu mais tempo livre entre os vários empreendimentos que administra, dentre elas, a rede Óticas Carol e a butique OpArt.
Com o objetivo de discutir e propor soluções para os problemas sociais, Marcos Amaro criou o Instituto Brasis - Estudos e Ações, em parceria com os amigos Rafael Queiroz, Bernardino Tranchesi, Bruno Rizzo e Ricardo Mellão. O Brasis já tem 25 mantenedores, entre empresas e pessoas físicas que vão dar suporte aos projetos desenvolvidos pelo instituto. Entre eles, estão a incorporadora GR Properties, o leiloeiro de arte James Lisboa e a Perfin Investimentos, de José Roberto Ermírio de Moraes Filho.
Inauguração
O primeiro projeto desenvolvido é o Trecho 2.8, uma oficina de pesquisa e prática de fotografia com dez moradores de rua de São Paulo. O nome foi escolhido a dedo. "A palavra 'trecho' é porque os moradores se chamam de 'trecheiros', buscando oportunidades pelos caminhos, e o número 2.8 é a lente fotográfica ideal", explica Marcos Amaro. A meta é promover a reinserção social dos participantes, tirando-os das ruas e dando a oportunidade de aprender um novo ofício.
Desde abril, os moradores de rua se reúnem toda segunda e quarta-feira para ter aulas e fotografar a cidade, sob um olhar mais subjetivo da arquitetura e de outros aspectos da vida urbana de São Paulo. Sob responsabilidade da OpArt e investimento de 300.000 reais, entre materiais, contratação de serviços e ajuda de custo, o curso tem dez meses de duração. Neste período, cada morador recebe meio salário mínimo por mês. Nove dos dez participantes já saíram das ruas e Amaro quer assegurar que a situação deles não volte a ser o que era.
"Nós queremos que essas pessoas realmente sejam reinseridas na sociedade e que elas não voltem para as ruas. Mas não queremos que esse seja um projeto assistencialista. Queremos que, depois do curso, eles consigam andar com as próprias pernas", diz. Para isso, o empresário quer deixar o terreno preparado.
Resultados
No final de agosto, o Brasis vai promover um leilão beneficente, com curadoria de fotógrafos famosos, no qual as fotos tiradas no projeto vão ser expostas e vendidas. O rendimento vai ser devolvido aos fotógrafos. Além da galeria, as fotos vão ficar disponíveis para venda na OpArt da rua Oscar Freire, em São Paulo.
E os resultados esperados não param por aí. A partir do Trecho 2.8, Amaro planeja incentivar os participantes a criarem uma cooperativa, para que mais pessoas possam ter condições de sair das ruas. Além de vender fotografias, a cooperativa poderia aplicar as imagens em camisetas, livros de final de ano em empresas e outros produtos mais rentáveis. Todo o trabalho está sendo filmado e será registrado em forma de um documentário de 50 minutos, que ainda não tem data de lançamento.