Petrobras: Marcio Andrade Weber será o novo presidente do Conselho de Administração e o Sr. José Mauro Ferreira Coelho para o exercício da Presidência da Empresa (Valter Campanato/Agência Brasil)
Agência O Globo
Publicado em 6 de abril de 2022 às 19h22.
Última atualização em 6 de abril de 2022 às 19h56.
José Mauro Ferreira Coelho foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir a presidência da Petrobras, informou nesta quarta-feira o Ministério de Minas e Energia.
José Mauro é presidente do Conselho de Administração da PPSA. Foi ex-secretário de Petróleo e Gás do MME.
Marcio Andrade Weber será o novo presidente do Conselho de Administração e o Sr. José Mauro Ferreira Coelho para o exercício da Presidência da Empresa.
O Governo renova o seu compromisso de respeito a sólida governança da Petrobras, mantendo a observância dos preceitos normativos e legais que regem a Empresa.
O martelo da indicação foi batido em reunião na tarde desta terça-feria no Palácio do Planalto, entre o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e Bolsonaro.
A nova indicação ocorre após o consultor Adriano Pires renunciar ao convite para assumir a companhia em razão de conflito de interesses. O atual presidente da estatal, Joaquim Silva e Luna, foi demitido do cargo na semana passada por insatisfação de Bolsonaro com o preço dos combustíveis.
O novo nome precisará ser aprovado em assembleia de acionistas da Petrobras no dia 13. O governo tem maioria das ações com direito a voto. O governo chegou a convidar o ex-diretor geral da ANP Décio Oddone para o cargo, mas ele recusou.
José Mauro, ex-secretário de Petróleo, Gás e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, também já atuou como diretor de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis da EPE.
Ele é bacharel em química industrial, mestre em Engenharia dos Materiais pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e doutor em Planejamento Energético pelo Programa de Planejamento Energético (PPE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Pires desistiu nesta segunda-feira, um dia depois de Rodolfo Landim, indicado para a presidência do Conselho de Administração, também desistir do cargo.
Adriano Pires justificou a decisão por dificuldades para encerrar sua consultoria, que existe há 20 anos e cujo sócio é seu filho, “a tempo” de assumir a Petrobras. No trabalho como consultor, Pires manteria ligação forte com companhias que, muitas vezes, têm interesses contrários aos da estatal.
Entre os clientes de Pires está o empresário e sócio de distribuidoras de gás Carlos Suarez, que é também amigo de Landim. Outros clientes do consultor incluem a Abegás, associação do setor, e a Compass, concessionária de gás do empresário Rubens Ometto e diversas outras empresas de óleo e gás.
A saída de cena de Pires colocou o governo diante de uma corrida contra o tempo para encontrar novos nomes para os dois postos mais importantes da estatal. O nome foi fechado em reunião nesta terça-feira entre Albuquerque e Bolsonaro, no Palácio do Planalto.
“Ficou claro para mim que não poderia conciliar meu trabalho de consultor com o exercício da presidência da Petrobras. Iniciei imediatamente os procedimentos para me desligar do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), consultoria que fundei há mais de 20 anos e hoje dirijo em sociedade com meu filho. Ao longo do processo, porém, percebi que infelizmente não tenho condições de fazê-lo em tão pouco tempo”, afirmou Pires em carta ao Ministério de Minas e Energia, na noite de segunda-feira.
Em conversas com auxiliares no domingo e ontem, Bolsonaro atribuiu a supostos “inimigos” na Petrobras os obstáculos criados para Pires assumir o cargo. Esses obstáculos deixaram Bolsonaro irritado, e o presidente não queria dar o braço a torcer. Ele reclamou que teria, na sua avaliação, o direito de escolher o presidente da Petrobras.
Ainda assim, o presidente não conseguiu emplacar o nome de sua escolha na Petrobras, um movimento que ele começou a arquitetar há mais de um mês, em paralelo com as críticas à política de preços da estatal — que repassa ao valor cobrado na refinaria a flutuação nas cotações do dólar e do petróleo.
A preocupação com o preço na bomba para o consumidor é especialmente maior em ano eleitoral, com a inflação acumulada em 12 meses em dois dígitos.